Juros no Brasil e nos EUA, remarcações de preços na Argentina e o que importa no mercado
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - BC corta Selic em 0,5 ponto e sinaliza manutenção de ritmo nas próximas reuniões, enquanto Fed indica fim do ciclo de alta nos EUA e anima mercados. Supermercados argentinos ficam sem etiquetas para remarcar preços com chegada de Milei e fim do controle sobre produtos e outras notícias do mercado nesta quinta-feira (14).
**SELIC CAI 0,5; BOLSA DISPARA APÓS FED**
O Banco Central voltou a reduzir a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 11,75% ao ano, e indicou que haverá cortes de mesmo tamanho pelo menos nas próximas duas reuniões.
Nos EUA, o Fed (Federal Reserve, BC americano) manteve as taxas paradas, indicou fim do ciclo de alta e animou os mercados.
Aqui, o BC prevê manter o ritmo de cortes em 0,5 ponto "nas próximas reuniões" ?ou seja, em mais de uma? apesar da pressão do governo Lula (PT) para uma redução maior.
O Copom (Comitê de Política Monetária) reconheceu melhora no ambiente externo e manteve o trecho do comunicado de reuniões anteriores sobre a importância de se perseguir os objetivos estabelecidos.
Lá, o Fed manteve as taxas na atual faixa de 5,25% a 5,50% e sinalizou que não haverá mais altas.
O comitê também passou a prever três cortes de 0,25 ponto cada um no ano que vem e animou os investidores, que perceberam um comunicado mais suave da autoridade monetária.
A Bolsa brasileira fechou em alta de 2,42%, aos 129.465 pontos, se aproximando da máxima nominal de 130.776 pontos, atingida em 7 de junho de 2021.
Mesmo que o Ibovespa ultrapasse essa marca nos próximos dias, ele ainda estaria longe do pico histórico em valores reais, que consideram a inflação.
O que muda com a nova Selic:
? Brasil passa a ser vice-líder no ranking de juros reais, mas taxas de crédito ao consumidor seguem nas alturas;
? Veja como ficam seus investimentos e quanto rendem R$ 1.000 na poupança e em outras opções de renda fixa com a queda da taxa.
**ETIQUETAS DE PREÇO EM FALTA**
Faltam etiquetas para remarcação de preços em supermercados da Argentina.
O fenômeno de atualização de valores já fazia parte da rotina dos moradores, que convivem com uma inflação de três dígitos, mas foi ampliado desde a chegada de Javier Milei à Presidência.
O que explica: o ultraliberal é contrário à regulação de preços, prática que vinha sendo adotada pelo seu antecessor, o peronista Alberto Fernández.
Ele tinha um acordo com fornecedores, supermercados e outros setores que previa um aumento de 8% em dezembro em uma lista de milhares de produtos.
Sob Milei, esses acertos foram ignorados e novas listas de preços passaram a ser enviadas, com a lógica de compensar os atrasos dos últimos meses.
Sem referências, os preços variam bastante a depender do produto e local.
O encarecimento dos produtos pode ficar ainda maior com a maxidesvalorização do peso informada pelo ministro da Economia, Luis Caputo. Ela faz parte do pacote econômico anunciado pelo governo para tentar aliviar a crise no país.
? Outras medidas comunicadas foram um forte corte de gastos, a suspensão de todas as obras públicas, a redução de subsídios de energia e transporte, a queda nos repasses às províncias, a liberação de importações e o aumento temporário de impostos.
? O governo também quer alterar a fórmula de cálculo das aposentadorias e pensões e reverter uma lei que isentou quase todos os trabalhadores do país de pagar imposto de renda desde setembro.
? O Banco Central, instituição que Milei havia prometido fechar, decidiu manter a taxa básica de juros em 133% ao ano, abaixo da inflação, e encarecer em 2% ao mês a cotação do dólar oficial.
Diante da expectativa pela desvalorização do peso, a cotação do dólar cobrada em compras internacionais também ficou sem referência. Muitos bancos adiaram o vencimento das faturas ou aumentaram o valor da moeda.
**NFL NO BRASIL**
A NFL (liga de futebol americano dos EUA) irá desembarcar no Brasil em 2024. Um jogo da temporada regular do campeonato será disputado na Neo Química Arena, estádio do Corinthians, anunciou o clube nesta quarta.
Ele deve acontecer no segundo semestre, mas as equipes e a data exata do confronto ainda serão definidas.
Expansão: promover um jogo no Brasil faz parte do plano da NFL de ampliar seu público de fãs e torcedores.
A liga já exportou jogos para o México, Inglaterra e Alemanha. O Brasil será o primeiro país do Hemisfério Sul a sediar uma partida.
Por que o Brasil? Há por aqui cerca de 38,3 milhões de pessoas que se declaram fãs da modalidade, segundo estimativas da liga. O país só fica atrás do México, com 39,6 milhões, e dos Estados Unidos.
Esse mercado atraiu a XP a ser uma das patrocinadoras da NFL. A corretora fez o anúncio no evento Expert, em que o ex-jogador de futebol americano Tom Brady foi um dos palestrantes.
Por que o estádio do Corinthians? Por apresentar as dimensões adequadas para a realização do jogo, segundo os organizadores.
Nesse aspecto, entram itens como mobilidade, hospitalidade, segurança e infraestrutura ?como espaço para eventos ao redor do estádio.
Nùmeros que mostram a força da NFL:
US$11,9 bilhões foi a receita da liga em 2022, um aumento de 7,8% em relação ao ano anterior;
US$ 6 milhões (R$ 29,7 milhões) a US$ 7 milhões (R$ 34,7 mi) foi a faixa de preço dos comerciais de 30 segundos durante a transmissão do Super Bowl, nome dado à final da competição;
56 milhões de pessoas assistiram ao jogo entre Kansas City Chiefs e Philadelphia Eagles, a final da temporada 2022/2023 da NFL.
**NY A LONDRES EM 90 MINS?**
A Nasa vai testar no começo do próximo ano nos EUA uma aeronave que voa mais rápido do que a velocidade do som.
Ela faz parte de um projeto da agência espacial americana para experimentos supersônicos, com aviões que voariam entre 2.470 km/h e 4.900 km/h e poderiam ligar Nova York a Londres em 90 minutos ?hoje o trajeto dura 6h30.
Por que importa: a Nasa quer convencer os reguladores americanos de que é possível construir aviões supersônicos silenciosos ?ou, pelo menos, não tão barulhentos.
Esse modelo está proibido nos EUA desde a década de 1970, quando a população reclamou de barulhos extremos e tremores em suas casas gerados por esses aviões.
A aeronave da Nasa, chamada de X-59, não transporta passageiros. Outra novidade é que ela não tem uma janela para o piloto, mas sim um monitor 4K em que ele pode ver o tráfego em sua trajetória de voo, além de outros recursos visuais.
A ideia é que ela seja um protótipo da tecnologia, que, caso dê certo, poderá ser adaptada em aviões comerciais.
Outro projeto que tenta retomar o avião supersônico é o da startup Boom Supersonic.
Ela promete usar combustíveis do tipo SAF (combustíveis de aviação sustentáveis, na sigla inglesa), cuja produção ainda é incipiente.