BC dá posse a diretores e troca comando administrativo em meio à ameaça de greve

Por NATHALIA GARCIA

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O Banco Central informou nesta sexta-feira (29) que Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira -indicados pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT)- tomarão posse como diretores da instituição no dia 2 de janeiro de 2024.

A autoridade monetária anunciou também a troca do comando administrativo do BC em meio à ameaça de greve dos servidores da Casa, que cruzarão os braços durante 24 horas no dia 11 de janeiro de 2024.

Teixeira assumirá a diretoria de Administração no lugar de Carolina de Assis Barros, que passará a chefiar a área de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta. Ela vai substituir o atual diretor Maurício Moura, cujo mandato termina no dia 31 de dezembro de 2023.

"A alteração, promovida em total consonância e com a concordância unânime de toda a diretoria colegiada, atende ao disposto no regimento interno do BC", disse a autarquia em nota.

Servidor de carreira do BC, Teixeira atuava como secretário especial adjunto de Análise Governamental na Casa Civil.

Ele também trabalhou como chefe de gabinete e vice-secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão da Prefeitura de São Paulo, entre 2013 e 2015 -período em que o ministro Fernando Haddad (Fazenda) era prefeito.

No ato do anúncio dos novos diretores do BC, em outubro, Haddad ressaltou a experiência de Teixeira na gestão da máquina pública.

"O Rodrigo é uma pessoa que me ajudou muito na Prefeitura de São Paulo com reestruturação de carreiras. Uma pessoa que vai poder junto ao Banco Central fazer uma mediação necessária com o governo federal nesse momento", disse.

Cabe ao diretor de Administração do BC dar diretrizes e acompanhar a execução dos processos internos de gestão de pessoas, de aprendizagem e de planejamento. Ele também é responsável, entre outras funções, por alterações de estimativas de receitas e fixação das despesas organizacionais e pelo acompanhamento da gestão patrimonial da instituição.

Durante sua sabatina na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado Federal, Teixeira defendeu a valorização da carreira dos servidores do BC e disse que se empenharia pessoalmente nessa questão.

"Precisamos dar solução urgente para a questão dos servidores. Vou me empenhar pessoalmente, caso seja aprovado, para conseguir a reestruturação da carreira e valorização dos servidores", disse.

Desde julho, os funcionários da autarquia fazem uma operação-padrão e agora prometem endurecer a mobilização.

O movimento tem gerado maior lentidão na prestação de serviços da autoridade monetária, atraso na divulgação de indicadores econômicos e paralisações parciais diárias.

Os servidores reivindicam a criação de um bônus de produtividade semelhante à gratificação que foi regulamentada para os auditores fiscais da Receita Federal. Eles reclamam da falta de isonomia entre as carreiras de Estado e cobram uma equiparação de tratamento.

A categoria pede também medidas de reestruturação de carreira, como a exigência de ensino superior para o cargo de técnico do BC (o que altera a qualificação necessária para ingressar nessa carreira) e alteração de nomenclatura do cargo de analista para auditor.

Na visão de um funcionário do BC, a diretora Carolina de Assis já estava completamente desgastada com a categoria. Ela também participou das negociações com os servidores durante os três meses de greve em 2022.

Picchetti, conforme previsto na nomeação feita por Lula, substituirá Fernanda Guardado (Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos), cujo mandato também termina em 31 de dezembro de 2021.

Ele é especialista em econometria, análise de ciclos econômicos e índices de preços. Hoje, é professor na Escola de Economia de São Paulo, ligada à FGV (Fundação Getulio Vargas).

Os mandatos dos novos diretores do BC se estenderão até 31 de dezembro de 2027, podendo ser renovados por mais quatro anos, como previsto na lei de autonomia.