Bolsa e dólar caem na véspera da primeira 'superquarta' do ano

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa fechou em queda de 0,86% nesta terça-feira (30), aos 127.402,88 pontos, em sinal de cautela às vésperas de decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos.

Também pesou o recuo nos preços das commodities, puxando a Vale?uma das empresas de maior influência no Ibovespa? para o sinal negativo.

Já o dólar, que operou em alta ao longo do dia, perdeu força e fechou em leve baixa de 0,08%, cotado a R$ 4,945.

O pregão foi marcado por uma cautela generalizada antes das decisões de juros do Brasil e dos Estados Unidos, que começaram a primeira reunião de política monetária do ano nesta terça e deverão anunciar amanhã, na "superquarta", a batida de martelo quanto às taxas de referência.

A expectativa é que o Brasil reduza a Selic em 0,5 ponto percentual, indo a 11,25%, enquanto os norte-americanos mantenham a taxa na faixa entre 5,25% e 5,5%.

O mercado está atento a possíveis sinalizações do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) sobre quando o ciclo de cortes de juros irá começar, previsto, pela maioria dos operadores, entre março e maio.

No radar, o Jolts, relatório de mercado de trabalho norte-americano, apontou nesta terça que o número de vagas em aberto atingiu 9 milhões em dezembro, acima da expectativa de 8,75 milhões de analistas consultados pela Reuters.

O dado é um dos termômetros do mercado de trabalho. A alta indica que a economia não está desacelerando conforme a expectativa do Fed, que pode manter a taxa de juros elevada por mais tempo.

Por aqui, o corte de 0,5 ponto percentual na Selic é consenso entre analistas de mercado.

Em nota, Sérgio Goldenstein, estrategista Warren Investimentos, afirma que o comunicado do BC deve repetir a mensagem de que os membros do Comitê anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões, avaliando que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.

"Desde a última reunião, não houve alterações relevantes da dinâmica inflacionária, das expectativas, das projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos que justifiquem uma sinalização divergente das anteriores."

Na cena corporativa, os papéis da Vale tiveram alta volatilidade e fecharam em queda de 0,56%, na esteira do recuo do preço do minério de ferro na Ásia.

Lá, as preocupações com o endividamento do setor imobiliário da China, em especial após a falência da incorporadora Evergrande, foram na contramão do otimismo visto na semana passada, quando a segunda maior economia do mundo reafirmou esforços para conter o agravamento da crise e reforçar a confiança no mercado.

O contrato de maio, o mais negociado na Bolsa de Dalian, encerrou as negociações com queda de 1,76%, a US$ 136,46 por tonelada.

Também foi destaque a Gol, que teve nesta terça o último pregão regular na B3 ?um movimento comum a empresas listadas que entram em recuperação judicial. Os papéis da companhia aérea entraram em queda livre e estenderam as fortes perdas da véspera, desabando 26,97%.

As ações preferenciais da companhia passarão a ser negociadas sob o título de "outras condições" a partir de quarta-feira.

A Petrobras, também em dia volátil, fechou em queda de 0,45%, apesar da alta dos preços do petróleo tipo Brent no exterior.

Da outra ponta, as ações da Suzano lideraram os ganhos, a 2,56%, em resposta à promessa de entrega de uma linha completa de papel tissue da filandesa Valment à empresa brasileira. Também subiram Atacadão (2,51%) e Embraer (2,46%).

Os operadores ainda monitoraram de perto Wall Street, devido ao início da bateria de balanços de grandes empresas de tecnologia. Por lá, a Nasdaq, que reúne as chamadas "Big Techs", fechou em queda de 0,76%, antes dos anúncios da Alphabet, controladora do Google, e Microsoft. Dow Jones subiu 0,35% e S&P 500 fechou estável, com queda de 0,06%.

Além dos juros, a semana também será marcada por outros dados econômicos do Brasil e dos Estados Unidos. Por aqui, destaque para Pnad e Caged, apresentando números sobre desemprego e criação de vagas formais, além da produção industrial do país em dezembro.

O Caged, divulgado nesta tarde, apontou que o mercado de trabalho brasileiro registrou abertura de 1.438.598 vagas com carteira assinada em 2023, abaixo das 1,538 milhão esperadas pelo mercado. E, em dezembro, o país fechou 430.159 postos, ante expectativa de 371 mil desligamentos.

"Retrato segue de um mercado de trabalho apertado e o dado de hoje não muda a nossa expectativa de desaceleração gradual da atividade ao longo do ano. Melhor momento do emprego formal ficou para trás, mas ainda estamos longe de ver um mercado de trabalho fraco esse ano", analisa João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital.

Já nos EUA, atenções se voltam para a divulgação do pay-roll na sexta-feira.

Na segunda-feira (29), o dólar fechou em alta de 0,79%, aos R$ 4,949. Já a Bolsa registrou queda de 0,36%, aos 128.502,69 pontos.