Lula critica apostas online e compara bets a cassino e jogo do bicho
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou os jogos online de apostas e os comparou a cassinos e ao jogo do bicho. Embora ele mesmo tenha sancionado, neste ano, a lei que regulamenta as apostas virtuais, o chefe do Planalto disse na noite desta sexta-feira (23) que não há limite para as chamadas bets.
"Pior do que o jogo do bicho hoje é que, 24 horas por dia, é jogo na televisão, o jogo digital", disse Lula, fazendo referência às apostas online, cujas empresas fazem propaganda na TV e patrocinam de programas televisivos a até mesmo o Carnaval no Rio.
O presidente continuou: "Isso porque cassino é proibido aqui. Porque cassino é jogo do azar, jogo do bicho é jogo de não sei das quantas. Mas no jogo eletrônico, agora pode jogar criança de 5 anos de idade à pessoa de 90 anos. Não tem limite. A ordem é jogar."
A regulamentação das apostas virtuais foi um projeto defendido pelo governo Lula, mirando a taxação das empresas para aumentar a arrecadação. Em janeiro, o presidente sancionou a lei que prevê uma alíquota de 12% sobre a arrecadação das casas de apostas descontado o pagamento dos prêmios.
O processo de regulamentação, no entanto, ainda está em andamento. Quem fica responsável por essa parte é a Secretaria de Prêmios e Apostas. O órgão, vinculado ao Ministério da Fazenda, foi criado no fim do mês passado.
No discurso desta noite, Lula acabou se confundindo e disse que a lei que taxa as apostas online não foi aprovada --o que, na verdade, foi feito ao fim do ano legislativo passado.
"Como as empresas não pagam imposto ainda, porque a lei não foi aprovada, eles estão ganhando muito e pagando pouco", disse.
Na crítica feita às bets, Lula falou que as famílias "estão gastando hoje 14% do que elas ganham no jogo eletrônico".
DEFESA DA PETROBRAS
As declarações de Lula foram dadas durante o evento da Petrobras de incentivo à cultura e à economia criativa. A cerimônia ocorreu no MAM (Museu de Arte Moderna), no Aterro do Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro.
O presidente aproveitou a ocasião para defender a empresa estatal, que, segundo ele, foi alvo de calúnias e tentativas de privatização ao longo dos anos.
Sem citar os escândalos revelados pela Operação Lava Jato, Lula afirmou que a Petrobras foi, nos últimos anos, associada à "corrupção" e "malversação de patrimônio".
"Mais recentemente, houve outra tentativa de abordar nossa Petrobras. E se criou no entorno da Petrobras um cem número de calúnias. Eu estava vendo o orgulho dos meninos de camisa cor de abóbora, cor de laranja [uniforme dos funcionários]. Durante muito tempo eram ofendidos porque usavam essa camisa na rua do Rio de Janeiro", disse Lula.
"Ser da Petrobras era ser confundido com corrupção, com malversação de patrimônio", afirmou o presidente.
A Petrobras é uma empresa de capital misto na qual o governo federal é o acionista majoritário. "Tentaram privatizar tantas vezes [a Petrobras]. E que, ao não conseguirem privatizar, porque tinha que passar pelo Congresso Nacional, resolveram fatiar e vender parcelas da Petrobras", disse.
A Petrobras anunciou, na noite desta sexta, que vai investir R$ 250 milhões em projetos culturais em todo o Brasil, por meio das leis de incentivo Rouanet e do Audiovisual.
"Cultura pode não interessar a um ditador, a um negacionista. Mas a cultura interessa ao povo tanto quanto um prato de comida", disse Lula.