Galípolo diz que BC não pode reagir de forma emocional aos dados econômicos

Por STÉFANIE RIGAMONTI

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse na noite desta terça-feira (5) que a autarquia está cautelosa com relação aos dados econômicos para não reagir de forma emocional aos chacoalhos macroeconômicos.

Ao comentar a inflação de serviços, que tem se mostrado resiliente e é um ponto de atenção para o Copom (Comitê de Política Monetária), Galípolo afirmou que ainda há dúvidas com relação à influência que o mercado de trabalho aquecido, com alta na massa salarial, tem na inflação de serviços.

"Dá para dizer que é transmissão de salários para serviços? Eu acho que é preciso mais tempo para ver se é isso", disse Galípolo, afirmando ser esse um consenso entre os diretores do BC.

As falas aconteceram durante evento de lançamento de consultoria do economista André Perfeito, em São Paulo.

Segundo o ex-secretário do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, há uma queixa no mercado com relação a uma ênfase dada pelos BCs ao mercado de trabalho, sendo que não necessariamente há uma relação direta entre a queda na taxa de desemprego e a inflação de serviços.

"A gente está dependente de dados, o que significa que a gente se apoia em todos os modelos", afirmou Galípolo.

Segundo o diretor do BC, a autarquia neste momento precisa reunir o máximo de informações possíveis, não reagir de forma emocional, ter humildade e entender de que forma as decisões do Copom podem causar o menor dano possível.

Segundo Galípolo, a previsibilidade que o BC tem buscado trazer para o mercado tem se mostrado eficaz para diminuir a volatilidade nos preços dos ativos.

O diretor de política monetária, contudo, disse que a falta de previsibilidade do BC com relação à taxa terminal da Selic, ao final do atual ciclo de corte de juros, tem como objetivo analisar com cautela os novos dados econômicos no Brasil e no mundo.

"A gente adotou os cortes de 50 pontos-base justamente para ter a vantagem de ganhar tempo e ver como as coisas vão acontecendo", afirmou.

Galípolo deu como exemplo as dúvidas persistentes no mercado com relação ao início do corte de juros pelo Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos.

O diretor de política monetária foi questionado ainda sobre as expectativas de que ele assuma a presidência do BC quando o atual comandante da autarquia, Roberto Campos Neto, terminar seu mandato ao final deste ano.

Sem entrar diretamente no assunto, ele afirmou que as decisões de juros são dependentes de todos os diretores e não de uma única pessoa.