Especialistas buscam soluções para a violência nas escolas

Fórum Técnico Segurança nas Escolas debate o tema e profissionais acreditam que cenário é preocupante

Victor Machado
*Colaboração
21/6/2011
Debatedores

Depoimentos como o da estudante Roberta da Silva, que alega presenciar a violência na escola onde estuda todos os dias, tem se tornado cada vez mais comum. Por isso, especialistas em educação e políticos reuniram-se no Fórum Técnico Segurança nas Escolas, realizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em Juiz de Fora, nesta terça-feira, dia 21 de junho, para debater as soluções para combater a violência nas escolas.

A estudante comentou que o desejo dela e de muitos estudantes é poder ir à escola e aprender com tranquilidade e sem violência. "Temos que questionar os jovens sobre o que eles querem da vida para começar a melhorar esse quadro." Segundo ela, muitas vezes, o motivo das brigas é um boné ou conflitos entre gangues.

Segundo o deputado estadual, Carlos Magno de Moura Soares, Carlin Moura, do PC do B, a solução para o problema passa pela valorização dos profissionais da educação. "A primeira providência é valorizar o trabalhador em educação e pagar o piso salarial. Depois, é preciso resgatar a autoridade do professor e implantar escolas que tenham psicólogos, pedagogos e uma equipe preparada para trabalhar com as mudanças da sociedade."

O vereador Wanderson Castelar Gonçalves, do PT, afirma que é inadmissível um estudante morrer na porta de um colégio, como aconteceu em março deste ano, e o caso acabar no dia seguinte. "Temos que discutir essa situação. É inaceitável que as autoridades se acostumem com essa violência. As escolas de Minas Gerais precisam voltar a ser um ambiente de convivência saudável." 

Para ele, uma das dificuldades para resolver a questão da violência nas escolas é o fato de as políticas serem produzidas por pessoas distantes da realidade da população. O deputado Bruno Siqueira, do PMDB, acredita que a solução está em aliar segurança pública e educação. "Além de debater essas questões, temos que colocar em prática o que é discutido."

A coordenadora geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), Beatriz Cerqueira, afirma que o primeiro passo para a solução da violência nas escolas é melhorar o investimento em educação. "O relatório técnico do Tribunal de Contas de Minas Gerais apurou que o investimento em educação no ano passado foi de 20,15%. Isso significa que foi inferior aos 25% exigidos por lei." 

Outro problema apontado por ela foi a falta de vagas para os alunos no Estado. "Se todos os estudantes quiserem usar a rede pública de ensino, não existem vagas. A média de escolaridade em Minas Gerais é de seis anos, ou seja, não concluímos sequer o nível básico." Além disso, ela reivindica que as ações contra a violência não sejam isoladas. Segundo Beatriz, é preciso atingir professores, alunos e sociedade, e dar orientação ao profissional que sofrer algum tipo de agressão. "A vítima não sabe o que fazer e, muitas vezes, sente medo ou vergonha de denunciar. Ela tem que ter o apoio do poder público."

Debatedores Mesa com debatedores

Ela completa dizendo que o problema da má remuneração dos profissionais da educação não atinge somente a eles. "É um problema da sociedade. Um professor mal remunerado é sinal de queda na qualidade do ensino e nas oportunidades. Minas Gerais é o 27º pior piso salarial do país."

A juíza da Vara da Infância e da Juventude, Maria Cecília Stephan, acredita que a solução da violência passa pelo exercício dos pais de criar e educar os filhos. "São os pais que devem dar limites e regras sociais à criança. A escola serve para desenvolver os talentos." Ela afirma que os professores perderam a autoridade e que essa precisa ser exercida e respeitada. "Os alunos devem respeitar os professores. Quando falo e explico para alunos que bullying é uma crueldade, eles percebem o mal que isso faz. Eles nunca tinham pensado nisso antes."

A socióloga Janaína Sara Lawall comenta que o tema violência não é simples. "Muitas vezes, as pessoas têm medo de debater esse tema e nós, como educadores, por vezes, temos medo de assumir esse cenário." Segundo ela, essa violência chega envolver mais o aluno do que o próprio professor, mas afirma que o cenário é assustador. "A escola é um espaço de construção de cidadania não dá para aceitar violência nesse ambiente."

*Victor Machado é estudante do 7º período de Comunicação Social da Faculdade Estácio de Sá

Os textos são revisados por Thaísa Hosken


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