Profissão de Papai Noel pode render até R$ 6 mil em período de fim de ano
Segundo os profissionais, atuar encarnando o bom velhinho exige paciência e sensibilidade
Repórter
22/12/2012
Trabalhar representando a figura do bom velhinho para o comércio e as famílias durante o período do Natal parece ser uma profissão prazerosa e exigente ao mesmo tempo. Contudo, todo o esforço costuma ser bem recompensado. Em pesquisa realizada pelo Portal ACESSA.com, os homens que se vestem de Papai Noel em Juiz de Fora garantem que o trabalho pode render até R$ 6 mil em um período de 17 dias. Mas haja fôlego! São milhares de crianças por dia para segurar, abraçar e dar presentes e beijinhos, sem contar os passeios por shoppings e a distribuição de tantos sorrisos para fotos e mais fotos.
Esse é caso do ator e artista plástico Mário Carvalho, de 52 anos, natural de Barbacena. Ele, que trabalha representando a figura natalina há mais de seis anos, acabou criando seu próprio negócio e agora agencia outros atores para trabalharem no mesmo ramo. "Existe toda uma preparação necessária para encarnar na figura do Papai Noel, realizada com meses de antecedência. Fazemos treinamentos psicológicos, por exemplo, para que eles aprendam a maneira correta de se aproximar de uma criança", explica. Segundo ele, a caracterização e maquiagem também são ensinada e realizada pelos próprios agenciados. Já a roupa costuma ser alugada, conforme convênios com empresas de fantasia. "Apesar de estarmos acostumados, é muito quente usar todo esse figurino, com enchimento, barba e cabelo. Mas o pior é na hora que tiramos a roupa, e sentimos mais calor."
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Além disso, existe a preparação física realizada em academias com os candidatos, e relatada como extremamente importante. "Trabalhamos, principalmente, a região do abdômen, das pernas e do glúteo. É preciso força e treinamento para segurar as diferentes crianças que vêm até nós. Por baixo dessa vestimenta, eu sou uma pessoa magra, tenho até tanquinho", brinca. De acordo com Carvalho, a empresa conta, atualmente, com seis papais noéis agenciados, que estão trabalhando nas cidades de Juiz de Fora, Barbacena e Vitória, no Espírito Santo.
O outro lado da profissão
Obviamente, como garantem os profissionais, trabalhar com crianças e até mesmo com adultos representando o bom velhinho durante esse período regado a religiosidade e comoção requer uma grande sensibilidade e paciência. "Abençoo todas as crianças que chegam a mim, em atribuição ao legado cristão de São Nicolau [uma das origens da figura do Papai Noel]", declara o ator e produtor teatral Mário Galvanni, de 58 anos. Juiz-forano, ele diz também trabalhar encarnando a figura natalina há cerca de seis anos.
Nesse sentido, Carvalho também ressalta que a emoção é sempre a mesma. "Comecei a trabalhar na área após um convite e nunca mais parei. O meu objetivo é manter o sentimento do Natal nas pessoas. Mas existe também um misto de aflição e desejo de passar o bem. Presenciamos alguns casos que retratam problemas de criação em muitas crianças, e a nossa vontade é de reverter esse quadro, com o processo de inserção do amor", diz. Eles ressaltam, ainda, o lado da caridade, muitas vezes explorado após o dia 25 de dezembro. "Realizo sempre um trabalho com crianças carentes, que precisam ainda mais dessa figura", comenta Galvanni.
Para ambos, trabalhar nesse ramo rende muitas histórias e acaba revelando diferentes vivências. "Têm crianças que trazem presentes, cartinhas, contam casos e outas que vêm aqui todos os dias, só para me ver. Algumas, porém, sentem muito medo e acabam se afastando", conta Carvalho. Galvanni também lembra a presença dos adultos. "Às vezes, para tirar o pavor de alguns pequenos, os pais acabam encarando uma foto para incentivar o filho. Recebemos visitas de pessoas de todas as idades."
Mercado
Segundo os profissionais, a procura pelos papais noéis começa desde cedo e as primeiras oportunidades já surgem em novembro, quando os shoppings e empresas recrutam os candidatos. O horário de trabalho varia de sete a nove horas diárias e o pacote pode incluir de 17 até 41 dias, conforme foi informado pelos entrevistados. Dependendo da jornada, a remuneração financeira costuma ser de, no mínimo, R$ 3 mil e pode chegar até a R$ 6 mil.
Normalmente, esse trabalho vai até o dia 24 e, na madrugada para o dia 25, os papais noéis ainda percorrem outros lugares, fazendo visitas encomendadas a residências particulares. Nesse caso, o valor da presença pode chegar a R$ 200, e eles costumam ir em até cinco casas durante a data. "Muitas famílias contratam os profissionais para desvincular a ideia de que o Papai Noel é alguém da própria família", comenta Carvalho. Segundo Galvanni, ele acaba chegando em casa às 3h da manhã do dia 25, e comemora a data com um almoço em família.
Os textos são revisados por Juliana França
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