Moro registra candidatura e declara R$ 1,6 milhão em bens, sendo R$ 392 mil no exterior

Por JOÃO GABRIEL E DANIELLE BRANT

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (União-PR) declarou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ter quase R$ 1,6 milhão de patrimônio, conforme valor detalhado no registro de sua candidatura ao Senado para as eleições de 2022.

Segundo o documento, protocolado na noite desta quarta-feira (10), Moro tinha R$ 392 mil em uma conta corrente no exterior, além de cerca de R$ 490 mil em aplicações e investimentos no banco Itaú e na Caixa Econômica Federal.

Ele também informou ter mais dois apartamentos em Curitiba, declarados em R$ 176 mil e R$ 192 mil, um veículo de R$ 155 mil e uma sala comercial em Curitiba de R$ 45 mil.

Sua mulher, Rosângela Moro, que é candidata a deputada federal pelo mesmo partido, mas em São Paulo, declarou ter mais de R$ 1,3 milhão em bens. Somando, o patrimônio do casal beira os R$ 3 milhões.

O valor declarado por Moro é menor do que os R$ 3,7 milhões que o ex-juiz afirmou, em janeiro, ter recebido pelos serviços prestados para a consultoria americana Alvarez & Marsal.

Moro afirmou que recebeu salários brutos de US$ 45 mil durante os 12 meses em que prestou serviços para a empresa. A quantia, na verdade, foi arredondada. Documentos disponibilizados depois pelo ex-juiz apontam que o salário mensal seria de US$ 45,8 mil

Moro declarou residência em Curitiba. Em junho, o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo decidiu rejeitar a mudança de domicílio eleitoral de Moro do Paraná para São Paulo.

O ex-juiz da Operação Lava Jato havia decidido alterar sua documentação de eleitor em março, quando trocou também de partido, saindo do Podemos e indo para a União Brasil.

No novo partido, sua filiação chegou a ser questionada, pelo fato de ele estar registrado pelo estado de São Paulo e não o do Paraná, onde concorrerá ao Senado.

Na corrida pela vaga única na Casa, inclusive, Moro terá pela frente o seu padrinho dentro do ex-partido, Alvaro Dias, do Podemos, que integra a base governista de Ratinho Júnior (PSD).

Juiz da Lava Jato, Moro abandonou a magistratura para assumir o Ministério da Justiça do governo Bolsonaro, com quem se desentendeu --isso motivou seu pedido de demissão em abril de 2020.

No ano passado, o STF (Supremo Tribunal Federal) considerou Moro parcial nos processos em que atuou como juiz federal contra o ex-presidente Lula. Com isso, foram anuladas ações dos casos tríplex, sítio de Atibaia e Instituto Lula pela Lava Jato.

Diferentes pontos levantados pela defesa do petista levaram à declaração de parcialidade, como condução coercitiva sem prévia intimação para oitiva, interceptações telefônicas do ex-presidente, familiares e advogados antes de adotadas outras medidas investigativas e divulgação de grampos.

A ida para uma cadeira no ministério de Bolsonaro também pesou na decisão, assim como os diálogos entre integrantes da Lava Jato obtidos pelo site The Intercept Brasil e publicados por outros veículos de imprensa, como a Folha, que expuseram a proximidade entre o juiz e os procuradores da Lava Jato.

Em resumo, Moro indicou testemunha que poderia colaborar para a apuração sobre Lula, orientou a inclusão de prova contra um réu em denúncia que já havia sido oferecida pelo Ministério Público Federal, sugeriu alterar a ordem de fases da Lava Jato e antecipou ao menos uma decisão judicial.

O ex-magistrado sempre repetiu que não reconhece a autenticidade das mensagens, mas que, ainda que fossem verdadeiras, não contêm ilegalidades.