Mais magro, descontraído e senhor da seleção, Tite se aproxima de segunda Copa
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Descontraído, mais magro (segundo ele próprio), no auge mental e preparado para cobranças, Tite se aproxima da sua segunda Copa do Mundo como senhor da seleção brasileira.
Funcionários da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) evitam ir ao espaço reservado à comissão técnica na sede da entidade na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. A ordem é não perturbar.
O consenso na diretoria é que o treinador deve ter a liberdade para fazer e pedir o que quer.
Há a dose de confiança no trabalho realizado, mas também a preocupação com eventual derrota no Qatar. Tite seria o maior responsável pelos louros da vitória. E também por eventuais cobranças pelo retorno sem o troféu.
Nesta sexta-feira (9), ele fez a última convocação da seleção brasileira antes da primeira lista para a Copa do Mundo do Qatar, que começa em novembro. No próximo dia 23, a equipe faz amistoso contra Gana. Quatro dias depois, enfrenta a Tunísia.
O diagnóstico de comissão técnica é o de que é preciso enfrentar rivais africanos. Especialmente os ganeses, adversários em potencial no mata-mata. Na primeira fase do Mundial, a seleção encara Camarões.
Em 21 de outubro, a CBF enfia à Fifa uma lista preliminar com 55 nomes. Não é obrigatória a divulgação de quem foi selecionado, mas Tite já deixou claro ter decidido que os nomes serão repassados à imprensa, assim não haverá qualquer tipo de vazamento.
"Estar técnico da seleção é extremamente orgulhoso. Traz uma história de peso e responsabilidade de conquista extraordinária. Tem que equilibrar as coisas, senão perdemos a alegria e a satisfação de ser exemplo para os mais jovens. Vou ficar sentido pelos atletas que eu não convocar", disse.
A convocação de jogadores como Ibañez (Roma-ITA), Bremer (Juventus) e, principalmente, Pedro (Flamengo) monopolizou tanto as atenções que Tite se viu na inédita situação de conversar por quase uma hora com jornalistas e não escutar nenhuma pergunta sobre Neymar.
Apesar de dizer que a lista está aberta e que ainda existe a possibilidade (embora pequena) de novidades surgirem, o treinador continua a ter na cabeça a base dos últimos quatro anos. Boa parte dela, remanescente do Mundial de 2018. Deixou claro que Gabriel Jesus (Arsenal-ING) não foi chamado desta vez, mas está nos planos para o Qatar.
"A possibilidade maior de sucesso é respeitando os processos", disse, com o seu jeito Tite de explicar que precisa manter a coerência dos últimos quatro anos.
Ele está a pouco menos de três meses de ser o terceiro técnico brasileiro a comandar a seleção em duas copas consecutivas. Apenas Zagallo (1970 e 1974) e Telê Santana (1982 e 1986) conseguiram isso. Telê não foi de forma contínua. Saiu após o torneio de 1982 e voltou a pedido popular em 1985.
Talvez por estar no fim de um ciclo desgastante no cargo mais importante do futebol nacional, talvez pela expectativa de viajar para a Copa do Mundo, talvez por não ter ficado contrariado por nenhuma pergunta, Tite estava relaxado nesta sexta-feira.
Fez piada com seu auxiliar, Cleber Xavier, interpretou diálogo com Geromel em que mudou o tom de voz de acordo com os personagens da conversa e falou sobre sua condição física.
A preparação de Tite para o Mundial passou pela perda de peso. Ele não disse quanto está mais magro, mas afirmou que fez isso para estar no maior nível mental possível para fazer seu trabalho no Qatar.
O único momento triste foi ao falar da lesão no joelho do lateral Guilherme Arana, que não poderá participar do Mundial.
"Foi duro falar com o Arana. Foi comovente", resumiu.
Depois do anúncio, boa parte dos integrantes da comissão técnica foi almoçar no restaurante na sede da CBF. Como de costume, Tite não quis ir.