Rodrygo busca no Qatar título pela seleção que sua geração nunca viu
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Aos 21 anos, Rodrygo faz parte de uma geração que nunca experimentou a emoção de ver o Brasil ganhar uma Copa do Mundo.
Alguns de seus amigos nem eram nascidos. Outros, como o próprio atacante do Real Madrid, eram jovens demais para se lembrar do último título, em 2002. O paulista tinha somente um ano e cinco meses de vida quando Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho e os demais comandados de Luiz Felipe Scolari conquistaram o penta.
"Eu não tenho boas lembranças [da Copa]", lamentou o jogador à Folha. "Tirando a primeira, em que eu era recém-nascido, em 2002, quando a gente ganhou, depois o Brasil perdeu todas."
Durante anos, o jovem pôde apenas cultivar o desejo de ter um momento de êxtase com a seleção em um Mundial. Agora, ele quer mais. Seu maior sonho é disputar a próxima edição da competição e ajudar a dar fim ao jejum.
Na sexta-feira (9), o atleta esteve novamente presente na lista de convocados do técnico Tite. Para ele, foi uma emoção tão grande quanto a da primeira vez em que foi chamado pelo treinador, em 2019. Agora, porém, o peso é diferente.
Foi a última chamada do comandante antes da convocação para a Copa do Mundo no Qatar, torneio que ocorrerá entre novembro e dezembro. Portanto, estar no radar do técnico neste momento aumenta consideravelmente as chances de o jovem fazer parte da delegação brasileira no Oriente Médio.
"Fico feliz com a possibilidade", afirmou. "Sei que se eu continuar focado e trabalhando é a única forma para essa convocação acontecer."
O grupo convocado agora vai disputar dois amistosos, contra Gana e Tunísia, nos próximos dias 23 e 27, na França. Serão mais dois confrontos nos quais Rodrygo poderá provar uma qualidade que o técnico Tite nele costuma apontar: "inteligência de jogo".
Na temporada passada, essa habilidade foi determinante para o Real Madrid conquistar a Champions League. Ele atuou em 11 jogos e anotou cinco gols, dois deles contra o Manchester City, no segundo jogo da semifinal, quando viveu seu momento de maior glória no clube.
O brasileiro saiu do banco de reservas para marcar duas vezes no finalzinho do duelo no estádio Santiago Bernabéu, aos 45 e aos 46 minutos do segundo tempo, forçando a prorrogação. De acordo com o site oficial da competição, nunca um jogador havia feito mais de um gol a partir do minuto 45 em um jogo eliminatório.
No tempo extra, Rodrygo teve participação no lance em que Benzema sofreu pênalti. O próprio francês foi para a cobrança e a converteu. O Real triunfou por 3 a 1 e avançou à decisão, na qual derrotou o Liverpool.
Para o técnico Carlo Ancelotti, o ex-jogador do Santos ganhou na temporada passada a maturidade de que precisava para dar um passo maior na carreira. E justificou o investimento feito pelo clube espanhol, que pagou 45 milhões de euros (R$ 195 milhões, na cotação da época) para tirá-lo do Santos em 2018.
"Sua aprendizagem terminou. É um jogador do Real Madrid para todos os efeitos", elogiou o comandante. "É um atacante especial, pode jogar em todas as posições. Ele é rápido, inteligente sem a bola, eficaz nas jogadas de um contra um."
O treinador italiano costuma ser reverenciado por sua habilidade de trabalhar com jovens. O brasileiro Kaká, por exemplo, afirma que Ancelotti foi o melhor técnico pelo qual foi dirigido. Foi por indicação do treinador que foi comprado pelo Milan, em 2003, quando deixou o São Paulo.
Sob a direção do europeu, o brasileiro viveu o auge da carreira, foi eleito o melhor do mundo em 2007 e colecionou títulos como o da Champions League e o do Mundial de Clubes.
Rodrygo também valoriza a experiência com o italiano.
"Primeiro, o Ancelotti é um cara que eu admiro bastante pelo respeito com que trata a todos. É um prazer trabalhar com ele e ser lapidado por ele. Todos os ensinamentos, tudo o que ele me passa, sejam instruções ofensivas ou defensivas, é o que eu posso levar para a Copa do Mundo."
Pronto para servir a seleção brasileira no Mundial, ele agora precisa apenas controlar a ansiedade até Tite divulgar a lista final. "Eu sempre fico muito nervoso [com as convocações]. Na convocação da Copa, vou estar mais nervoso ainda."