Suíça aposta em força defensiva que ajudou a barrar a Itália da Copa
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Viralizou nas redes sociais em novembro de 2021 um vídeo do técnico Murat Yakin embalando chocolates suíços, famosos no mundo todo, para dar de presente a jogadores da Irlanda do Norte.
A brincadeira do treinador da Suíça era uma forma de agradecimento pela ajuda dos irlandeses na última rodada das Eliminatórias da Europa para a Copa do Mundo, quando eles conseguiram segurar um empate sem gols com a Itália.
Em duelo simultâneo, os suíços golearam a Bulgária por 4 a 0 e conquistaram a única vaga direta para o Mundial no Qatar, obrigando os italianos a disputarem os "playoffs" --fase em que a Itália acabou superada pela Macedônia do Norte e deu adeus a chance de voltar à Copa.
A ajuda da Irlanda foi importante, mas a campanha dos suíços, sobretudo nos confrontos direto com a Itália, foi também determinante.
Em casa, o time de Yakin segurou um empate sem gols. Em território italiano, um novo empate, por 1 a 1. O gol de Di Lorenzo foi apenas o segundo sofrido pelos suíços no torneio. Até então, eles só haviam sido vazados na rodada de abertura, quando venceram a Bulgária por 3 a 1.
É bem verdade que faltou pouco para uma terceira bola chegar à rede do goleiro Sommer, quando o meia ítalo-brasileiro Jorginho desperdiçou um pênalti aos 43 minutos da etapa final da segunda partida entre os países, poderia ter dado a vaga aos italianos.
Mas o futebol não é feito de "se". No caso da Suíça, os resultados têm sido construídos com base em um sistema defensivo forte. Foi assim nas Eliminatórias, com dois gols sofridos em oito jogos, e já foi assim até mesmo durante uma Copa do Mundo.
Em 2006, no Mundial da Alemanha, os suíços se tornaram os únicos até hoje a avançar até a fase de mata-mata da Copa e se despedir do torneio sem sofrer nenhum gol. Na ocasião, passaram ilesos na fase de grupos, diante da França (0 a 0), de Togo (2 a 0) e da Coreia do Sul (2 a 0).
Já nas oitavas, depois de um empate sem gols contra a Ucrânia, só foram eliminados nos pênaltis.
Desde aquela edição, a Suíça sempre esteve presente nas Copas. E quase sempre avançou até as oitavas de final --menos em 2010, quando caiu na fase de grupos.
Ser sinônimo de um time com uma defesa estável e compacta parece ser uma obsessão dos suíços. De acordo com o goleiro Sommer, o técnico Murat Yakin costuma dar uma atenção especial ao setor.
"Ele dá muita ênfase às conversas cara a cara e um bom espírito de equipe. Ele também olha para a defesa do ponto de vista do zagueiro, o que eu acho que é valioso", diz o goleiro.
A Suíça vai compor o Grupo G da Copa do Mundo no Qatar com Brasil, Camarões e Sérvia. Será a terceira vez que a equipe estará no caminho brasileiro. E está invicta no confronto.
Em 1950, o duelo com a Suíça (2 a 2 no Pacaembu) foi o único que a seleção não venceu antes da derrota no jogo derradeiro para o Uruguai. Na Rússia, em 2018, pela fase de grupos, nova igualdade: 1 a 1.
Para dar trabalho novamente, Murat Yakin vai levar ao Qatar a base da seleção que disputou a Eurocopa de 2020. A mesma que eliminou nas oitavas de final a campeã do mundo França, nos pênaltis, após empatar por 3 a 3 um jogo em que perdia por 3 a 1.
O treinador completou recentemente um ano à frente da equipe. Ele resolveu manter o estilo de jogo do seu antecessor, Vladimir Petkovic, com uma variação entre o 4-3-3 e 4-2-3-1. A principal peça é Granit Xhaka, volante que também chega ao ataque para finalizar.
Para o jogador do Arsenal, além da manutenção do estilo com o qual os jogadores estão acostumados, o grande mérito de Yakin é a mentalidade que ele deu ao elenco.
"A intensidade diária é maior do que antes. Ele quer que nossa defesa seja mais compacta e sofra menos gols", disse. "Se você olhar para a nossa campanha de qualificação, fizemos tudo certo."
A expectativa agora é repetir isso na Copa do Mundo. "Claro que temos de passar primeiro pela fase de grupos. Depois disso, acho que tudo é possível", resumiu Xhaka.