Lateral é pedra no sapato da seleção em Copas

Por EDUARDO MARINI

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A lesão de Danilo durante a partida contra a Sérvia, nesta quinta-feira (24), entra para a lista de desfalques nas laterais da seleção brasileira em Copas.

O defensor titular já havia se machucado na disputa da Copa de 2018, na Rússia --ele começou como titular na lateral direita, mas sofreu uma lesão muscular no quadril durante um treino antes do segundo jogo da fase de grupos, contra a Costa Rica.

Assim, foi substituído por Fagner, do Corinthians, contra Costa Rica e Sérvia. Nas oitavas, no confronto contra o México, já estava disponível para voltar, mas foi preterido pelo corintiano, que teve boas atuações defensivas.

Na véspera da partida contra a Bélgica, pelas quartas, Danilo novamente sentiu nos treinos: dessa vez, a lesão foi ligamentar no tornozelo esquerdo, a mesma que o tira da fase de grupos da atual edição da Copa. Fagner foi titular na derrota por 2 a 1 contra a Bélgica, encarregado de marcar Hazard, com que teve dificuldade.

O próprio Danilo não era o titular durante a preparação para Copa do Mundo de 2018. Daniel Alves, hoje um dos cotados para substitui-lo, era a primeira escolha para a posição, mas sofreu uma lesão no joelho direito --uma desinserção do ligamento cruzado anterior com uma entorse no póstero-externo-- pouco mais de um mês antes da Copa.

Ainda na edição de 2018, Marcelo, titular pelo lado esquerdo da defesa, teve um espasmo na musculatura da coluna durante o jogo contra a Sérvia, último da fase de grupos. Teve que sair e acabou no banco também contra o México, poupado. No seu lugar, jogou Filipe Luís. Para a partida contra a Bélgica, Marcelo voltou e participou da derrota por 2 a 1, que eliminou o Brasil nas quartas.

Outros dois desfalques marcantes aconteceram na Copa de 1994, no Estados Unidos. Durante a campanha do tetra, os laterais titulares eram Jorginho, pela direita, e Leonardo, pela esquerda. O último conquistou a posição às vésperas do torneio, quando Branco sentiu dores no nervo ciático.

Mas Leonardo marcou sua campanha depois de quebrar o nariz do meia Tab Ramos com uma cotovelada aos 43 minutos do primeiro tempo da partida entre Brasil e EUA. O lateral esquerdo foi expulso e suspenso pelo restante da Copa.

Branco reassumiu a posição na partida seguinte, contra a Holanda, pelas quartas de final, e consagrou-se com um marcante gol de falta, que definiu o placar de 3 a 2 para o Brasil e seguiu na titularidade até a conquista do título mundial.

Na final contra a Itália, Jorginho, o lateral direito titular durante toda a campanha, sentiu uma contusão muscular no começo aos 22 minutos. Em uma entrevista à ESPN, ele conta que estava de folga no dia anterior e foi dar uma entrevista na Universal Studios. Na volta, ficou quatro horas dentro de uma van, parado no engarrafamento, algo que pode ter colaborado para a lesão.

Quem entrou em seu lugar foi simplesmente Cafu, que tinha 24 anos à época e, contando com a participação curta em 1994, tornou-se em 2002 o único jogador a jogar três finais de Copa do Mundo. O então jovem lateral não comprometeu. Na Copa seguinte, em 1998, na França, foi titular absoluto e continuou assim até a edição de 2006, sua última participação --ele raramente era desfalque.

A única ocasião em que ficou de fora aconteceu em 1998. Cafu foi suspenso depois de levar seu segundo cartão amarelo na Copa, contra a Dinamarca, nas quartas.

Zé Carlos, que assumiu a posição, entrou na lista de convocados depois do corte do volante Flávio Conceição. Antes disso, só tinha jogado um amistoso pela seleção brasileira. Pouco mais de um ano antes da Copa, estava desempregado --acabou jogando pela Matonense na série A2 do Campeonato Paulista e se destacou. Com o bom desempenho, foi contratado pelo São Paulo no mesmo ano e foi convocado para a Copa do Mundo.

O adversário na semifinal era a Holanda, uma das melhores equipes daquele mundial, e o jogo foi apertado: Ronaldo marcou nos acréscimos do primeiro tempo, e Patrick Kluivert empatou a três minutos do fim. A disputa foi passou pela prorrogação e foi para os pênaltis --deu Brasil por 4 a 2 e Zé Carlos não comprometeu.

Com Cafu em campo, na final, o Brasil perdeu por 3 a 0 para a França, dona da casa, com dois gol de Zidane e um de Petit.

Não foram só lesões e suspensões que tiraram laterais da lista de jogadores elegíveis no Brasil. Um desfalque inusitado foi o de Leandro: em 1986, o lateral-direito pediu dispensa da seleção depois que Renato Gaúcho, seu amigo, foi cortado na preparação para a Copa por indisciplina pelo técnico Telê Santana.

A dupla participou de uma comemoração às vésperas da viagem para a Copa do México e não voltou para a Toca da Raposa, onde a equipe canarinho estava concentrada, no horário determinado pelo treinador.

Quando chegaram, o dia já tinha raiado, e os seguranças do centro de treinamento relataram para o técnico o horário exato que eles retornaram. Furioso, Telê decidiu cortar Renato Gaúcho. Leandro, por sua vez, acabou absolvido pelo técnico, mas renunciou à convocação em solidariedade ao companheiro.

Ele acabou substituído em campo por Edson, que jogou os dois primeiros jogos daquela Copa. No segundo, teve uma contusão e foi substituído por Josimar, então desconhecido e convocado de última hora para o lugar de Leandro na lista. Logo em seu primeiro jogo, contra a Irlanda do Norte, marcou um golaço em chute de longe, cruzado, no ângulo direito do goleiro. O jogo terminou 3 a 0, com dois gols de Careca.

Em sua segunda partida, contra a Polônia, nas oitavas, marcou outro golaço: driblou três defensores e encheu o pé para marcar com mais um chute cruzado no ângulo, dessa vez de dentro da área. Outra goleada brasileira: 4 a 0, com gols de Sócrates, Edinho e Careca.

O Brasil caiu para a França, nas quartas, em empate por 1 a 1 com pênalti perdido de Zico no tempo normal e gols de Careca e Platini. A disputa foi para os pênaltis, e o Brasil perdeu por 4 a 3.