Zagueiro Pepe supera camaronês Milla como mais velho a marcar em mata-matas de Copas
LUSAIL, QATAR (FOLHAPRESS) - Nascido em Maceió (AL), o zagueiro Pepe foi jogar em Portugal aos 17 anos. Aos 24, em 2007, naturalizou-se português e naquele mesmo ano foi convocado pela primeira vez para a seleção portuguesa pelo técnico Luiz Felipe Scolari. Começava ali sua trajetória vencedora na sua nova nação.
Quinze anos depois, ele disputa sua quarta edição de Copa do Mundo, no Qatar, momento em que entra para a história do futebol ao se tornar o jogador mais velho a fazer gol em duelos de mata-mata da competição. Aos 39 anos e 283 dias, ele superou o camaronês Roger Milla, que tinha 38 anos e 34 dias quando fez os dois gols na vitória por 2 a 1 sobre a Colômbia, na prorrogação, para se classificar às quartas de final da Copa da Itália-1990.
"Sou um privilegiado por poder jogar futebol, me sinto feliz de acordar e fazer o que mais gosto todos os dias. Essa marca só vai ter grande significado para mim se a gente chegar à final e ganhar o título", comentou o zagueiro após a goleada por 6 a 1 sobre a Suíça, que garantiu a vaga nas quartas de final. Ele marcou o segundo gol, de cabeça.
Roger Milla, no entanto, mantém o recorde de jogador mais velho a fazer gols em Copas, pelo tento anotado na derrota por 6 a 1 para a Rússia no último jogo da fase de grupos da Copa dos EUA-1994, quando tinha 42 anos e 39 dias.
Outro feito de Pepe foi superar Cristiano Ronaldo como jogador português mais velho a marcar em Mundiais. CR7 havia feito um dos gols na vitória por 3 a 2 sobre Gana na estreia no Qatar, aos 37 anos e 295 dias.
Na saída do gramado do estádio Lusail, nesta terça, Pepe destacou a atuação do time para que o resultado se tornasse fácil.
"Temos de dar mérito ao trabalho coletivo, fizemos um trabalho exemplar. Todos sabiam da importância do jogo, estamos todos de parabéns. É um privilégio fazer parte deste grupo", comentou, não querendo cantar vitória antes da hora. "Não digo que somos mais candidatos [ao título] agora. Temos mais três finais, um jogo já difícil contra Marrocos. Temos de estar à altura desse jogo, que vai exigir muito de nós."
O zagueiro, que foi o capitão do time até a entrada de Cristiano Ronaldo, no segundo tempo, também elogiou o atacante Gonçalo Ramos, substituto justamente de CR7 no duelo.
"Foi uma demonstração muito importante. Teve a felicidade de fazer uma exibição de sonho. Estou muito feliz por ele, é um garoto que trabalha muito. Mesmo não jogando o último jogo, trabalhou sempre com o espírito de poder ajudar a seleção. Quando é assim, tudo se torna mais fácil."
Jogadores destacam identidade portuguesa O atacante João Félix diz ter gostado especialmente da sua parceria em campo com Gonçalo Ramos. Mas, ao ser perguntado se a dupla permaneceria contra o Marrocos, ele desconversou.
"Foi uma boa exibição. Estou contente. Cabe ao técnico decidir, mas me dou muito bem com ele [Gonçalo Ramos], com quem gosto muito de jogar. Ele tem características que me ajudam no meu jogo", comentou Félix, exaltando a forma como sua seleção atuou, sem perder a identidade de jogo.
"A preparação foi igual aos outros jogos. Vimos o que tinham de melhor e pior e jogamos em função disso, não perdendo a nossa identidade. Fizemos um grande jogo, talvez o melhor até agora", disse, mostrando confiança no futuro da equipe na Copa.
"Estamos focados e acreditamos completamente em nós. Espero que tenha ficado demonstrado que temos grande equipe, sabemos o que queremos. Contamos com o apoio de todos e que não nos puxem para trás."
O meia Bernardo Silva também disse que os jogadores portugueses não ficam estressados por não atuarem. Ao contrário. "Esta foi a formação ideal para este jogo, foi o que o treinador decidiu para este jogo. Temos 26 jogadores prontos para ajudar a nossa seleção. Qualquer alteração que o treinador fizer, os jogadores vão tentar responder da melhor maneira possível."