Fim da fase de grupos esvazia ruas e lojas no Qatar
DOHA, QATAR (FOLHAPRESS) - O fim da fase de grupos da Copa do Mundo no Qatar esvaziou as ruas de Doha, capital do país, onde fica a maior parte dos estádios e onde os turistas se concentram para celebrar, dormir e gastar.
Se antes era difícil caminhar pelos principais pontos turísticos da cidade mesmo fora dos horários de pico, o avanço do campeonato trouxe um ritmo de calmaria para os fãs que ficaram no país para acompanhar as seleções que continuam na disputa.
O Mundial começou com 32 países participantes, mas, após a fase de grupos, 16 seleções avançaram para as oitavas. Os próximos jogos, já nas quartas, contam com apenas oito times: Brasil, Argentina, Portugal, Holanda, Inglaterra, França, Marrocos e Croácia.
De 20 de novembro a 6 de dezembro, o país experimentou uma overdose de futebol. Foram 56 jogos em 17 dias. Agora, de 9 a 18 de dezembro, serão oito partidas em 12 dias.
Os gritos de fãs ainda são ouvidos, mas antes eram mais corriqueiros. Ao andar pelo centro da cidade, em poucos passos se ouvia diversas torcidas. Hoje, escutar qualquer um deles já é um pouco menos comum. Se o time foi eliminado da disputa, é quase raridade.
Exemplo disso é a torcida da Arábia Saudita, que, de volumosa e barulhenta, agora só se veem rastros. Os fãs do país árabe costumavam formar grande rodas para gritar, cantar hinos e roubar a cena nos mercados populares e estações de metrô de Doha. Eram o terceiro grupo mais numeroso do país e, hoje, mal se veem suas camisetas verdes com letras árabes desfilando pelas ruas da cidade.
O camaronês Hippolyte Kamdem, 48, chegou ao Mundial dias antes do início do campeonato e fica no país até o final. Ele sente diferença nas ruas com o avanço o final da fase de grupos. Vê a cidade mais vazia, embora saiba que é uma tendência comum em campeonatos.
"Eu sinto que está muito vazio as pessoas já foram embora. Meu povo, de Camarões, já foi. A maioria dos países que participam já deixou Doha, é por isso que as ruas estão tão vazias", aponta.
Kamdem diz que o momento mais calmo, com menos pessoas nas ruas, é uma oportunidade para descansar. "Aproveite para comer sua comida com tranquilidade, curtir a si mesmo e sentir o Qatar de corpo e alma", diz.
Em restaurantes tradicionais em regiões turísticas, as filas costumavam ser longas. O fim da primeira fase permitiu aos garçons respirarem.
A espera já não é mais regra, e, mesmo quando não sobram mesas, os estabelecimentos não estão abarrotados como antes.
Lojistas veem a cada dia o movimento diminuir. Enquanto nos primeiros dias era difícil entrar nas lojas de souvenir, lotadas com turistas se equilibrando para não esbarrar em uma cerâmica iraniana ou luminária turca e levá-las ao chão, hoje o risco é menor.
Os corredores das lojas estão cada dia mais vazios. Em Souq Waqif, um mercado a céu aberto no centro da cidade, por exemplo, ainda há uma quantidade de clientes acima do tradicional, mas nada comparado ao início do Mundial, quando mal se podia andar.
Comerciantes dizem que o fim da primeira fase trouxe para eles o pior período de vendas desde o começo da Copa, mas, ainda assim, lucram mais do que antes.
Chaveiros, imãs de geladeira, cerâmicas e lembranças tradicionais da região são alguns dos itens mais procurados. Grande parte, porém, é "made in China".