Bar argentino em SP tem comemoração com clima de arquibancada, idolatria a Messi e muitos brasileiros

Por JOSUÉ SEIXAS

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Quando o árbitro apitou o fim do jogo, eles tomaram a rua. Pouco importavam os carros passando ou a pressa das pessoas, manifestada em buzinas ou motoqueiros rabiscando pelo trânsito. O que importava era a vitória da Argentina e o "fechamento perfeito" para Lionel Messi na Copa do Mundo.

As músicas em homenagem a Maradona tomaram a rua da Mooca, no bairro de mesmo nome (zona leste de São Paulo). A via abriga o bar Moocaires, em alusão à capital Buenos Aires, cujo dono é argentino.

Em um posto próximo, outros torcedores comemoravam, dançavam e jogavam cerveja para cima, praticamente tranquilos com o resultado conquistado no primeiro tempo contra a Croácia. A partida terminou com vitória alviceleste por 3 a 0.

No Moocaires o clima era de arquibancada, e a maioria, brasileiros. Não havia mesas, só cadeiras distribuídas no andar mais alto do bar. A maioria dos torcedores assistia em pé.

Foi onde médico veterinário Fábio Boccia, 34, e seu filho Gael, 4, assistiram ao jogo, que terminou em vitória da Argentina por 3 a 0.

"Eu queria que ele sentisse esse clima. Essa garra da Argentina, que perdeu algumas vezes, mas continuou perseverando, guerreando, como poucas seleções fazem. É a despedida do Messi, a chance de coroar uma carreira perfeita", disse ele, empolgado.

"Eu não sou descendente de argentino, mas torço para eles desde que entendo de futebol. É a paixão de uma vida. E digo mais: venha França, venha Marrocos, quem vier. Quero ver quem é Mbappé perto de Lionel Messi", concluiu.

Gael sorria com as manifestações dos outros torcedores, que fecharam a rua por quase todo o intervalo do jogo. Quando um carro com a bandeira do Brasil passou à frente do bar, logo foi parado e cercado.

Os torcedores, rindo, colocaram a bandeira da Argentina em cima do capô, cobrindo a brasileira, e brincaram com o motorista, que levou tudo numa boa.

A maioria das homenagens era a Maradona, com camisas estampadas com o apelido do craque, El Pibe, ou santinhos de Dios.

O supervisor de estacionamento Marcelo França, 47, estava a caráter, de chapéu, flâmula e desenho no rosto. Ele chamava atenção entre muitos, caminhando e comemorando de um lado a outro.

"Meu amigo, o que eu estou sentindo aqui é inexplicável. É um sentimento muito forte, uma alegria que a gente conhece bem. Foram muitos anos sem ter uma conquista importante para comemorar, mas as coisas vem melhorando e uma Copa do Mundo pode coroar isso muito bem. Domingo estou aqui de novo", contou.

Após o jogo, o argentino Damian, 40, de Buenos Aires, provocou a seleção brasileira, que foi eliminada pela Croácia. "Avise para o Brasil que a Croácia estava difícil."

A Argentina enfrenta o vencedor de França e Marrocos no próximo domingo (18), às 12h. Se há algo a se dizer da despedida de Messi é que será celebrada em todo o mundo. Até no Brasil.