Daniel Dias espera ver a nova geração paralímpica em Paris-2024
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O multicampeão paralímpico de natação Daniel Dias está ansioso para Paris-2024. Tamanha ansiedade parece injustificável, uma vez que o atleta está aposentado desde Tóquio-2020, mas ele diz ter um motivo: quer ver despontar os jovens paratletas que vieram depois dele.
Mesmo aposentado há dois anos, a sensação de estar longe da piscina ainda não é das melhores. "A transição não é fácil. Quando saí do alto rendimento, passei a ter outra agenda, uma rotina dinâmica e diferente. Hoje, dou palestra, cuido do meu instituto, mas assistir às competições ainda dão aquela sensaçãozinha de 'eu poderia estar lá'", conta ao UOL.
Daniel é um dos embaixadores da Liga Nescau 2023, sendo essa uma das novas multitarefas que o fazem ocupar seus dias. Em Tóquio-2020, ele conta ter visto os meninos que se inspiraram nele despontando e teve a sensação de missão cumprida.
"Estou ansioso para Paris-2024 porque vou ver aquela geração que em Tóquio ainda era jovem, mais madura. O Gabrielzinho e o Wendel, por exemplo, já são exemplos para os que vão despontar em 2028. E por aí vai. O que nos faz continuar é saber que muitas pessoas com deficiência se inspiram na gente. Não pode existir lacuna no esporte paralímpico", disse ele.
Ele é detentor do recorde mundial nas provas de 100 e 200 metros nado peito, além de 100 metros costas e 200 metros borboleta. É Daniel quem tem mais medalhas de ouro nos Parapan-Americanos: 24. Nas Olimpíadas, foram 27 medalhas, sendo 14 de ouro.
Daniel elege dois dos tantos momentos que viveu como os mais emocionantes de sua carreira: sua primeira medalha de ouro, quando venceu os 100 metros livres com recorde mundial, num, para ele longínquo, 2008. "Quando lembro, parece que foi ontem", diz. Outro é momento em que subiu no bloco para competir pela última vez.
"Por sorte, foi uma prova rápida, de 50 metros. Foram 32 segundo que pareceram uma eternidade. Se você me perguntar como nadei, no que pensei, eu não sei. Passou um filme na minha cabeça que começou lá em Camanducaia, quando eu era molequinho. Um filme cheio de dificuldades mas muito emocionante, de muitas conquistas. Eu só queria fazer uma despedida digna, uma ótima prova, porque seria aquele meu último mergulho competitivo. Foi bem emocionante. Com certeza vou contar sobre ele para meus filhos", diz o atleta.
"Se eu puder dar uma dica aos atletas, sugiro que planejem a aposentadoria. Se preparem porque não é fácil. Emocionalmente, é muito difícil. Em 2004, quando comecei, falávamos de esporte paralímpico e as pessoas riam. Atletas paralímpicos eram desacreditados. Veja só onde chegamos".