Wallace e Cruzeiro vão ao STJD por liberação para semifinais da Superliga

Por BRUNO LUCCA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Nesta segunda-feira (10), as defesas do jogador de vôlei Wallace de Souza, 35, e do seu clube, o Cruzeiro, deram entrada com um mandado de garantia no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) visando a liberação do oposto campeão olímpico para as semifinais da Superliga.

Após postagem sobre tiro na cara do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Wallace foi suspenso por 90 dias pelo Conselho de Ética do COB (Comitê Olímpico do Brasil). A punição foi decidida em julgamento no dia 3.

O gancho começou a contar em 3 de fevereiro, quando o atleta foi afastado provisoriamente, e termina em 3 de maio. Com isso, ele, em tese, não atua mais nesta temporada da Superliga. O jogador também está proibido de representar a seleção brasileira por um ano, apesar de já ter anunciado que não atuaria mais pela equipe nacional.

Em nota, o Cruzeiro diz que as defesas do atleta e do clube questionam a validade da decisão no âmbito das competições, especialmente as promovidas pela CBV (Confederação Brasileira de Voleibol), "impedindo o atleta de exercer sua profissão".

"A suspensão de Wallace, após compartilhamento de uma postagem em uma rede social, foi uma decisão exclusiva do Conselho de Ética do Comitê Olímpico Brasileiro, que não pode expandir para competições como a Superliga, por um motivo alheio à profissão do atleta, que não tem contra si qualquer indiciamento, investigação ou condenação", diz o clube mineiro.

A junta de defesa do ex-jogador da seleção também afirma que o Código de Conduta Ética do COB, de acordo com seu artigo 3º, não alcança atos privados de atletas, limitando a sua aplicação aos atos por eles praticados no âmbito da atividade esportiva.

Portanto, para eles, a suspensão de Wallace das competições nacionais de voleibol está sendo interpretada irregularmente por parte da confederação brasileira.

O Cruzeiro, por enquanto sem seu oposto titular, entra em quadra na noite do próximo sábado (15) para enfrentar o São José pela primeira partida das semifinais da Superliga.

O CASO

No final de janeiro, Wallace abriu espaço para perguntas em sua caixa de comentários do Instagram. Um dos seus 351 mil seguidores perguntou se ele daria um tiro na cara do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Wallace perguntou se alguém faria aquilo.

Horas depois, ele apagou a postagem e, dias após a repercussão, gravou um vídeo se desculpando. "Estou pedindo desculpas. Foi um post infeliz que acabei fazendo. Errei", reconheceu.

O Cruzeiro, por pressão de seus patrocinadores, afastou o atleta.

Nos dias seguintes, a AGU (Advocacia Geral da União) solicitou ao conselho do Comitê Olímpico Brasileiro o banimento de Wallace do esporte e a aplicação de multa de R$ 100 mil, o que não aconteceu, sendo acolhida suspensão.

O jogador também foi notificado por notícia de infração no STJD, mas o órgão arquivou a denúncia por acreditar não haver relação entre a postagem e o esporte praticado por Wallace.