Vinicius Jr. rebate presidente de La Liga após racismo e diz que 'quem se omite se iguala'
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O atacante brasileiro Vinicius Junior criticou diretamente o presidente de La Liga, Javier Tebas, depois que o dirigente disse nas redes sociais que o atleta se informasse adequadamente antes de criticar a liga, em referência aos novos insultos racistas direcionados ao atleta em jogo do Real Madrid contra o Valencia neste domingo (21).
"A imagem do seu campeonato está abalada. Omitir-se só faz com que você se iguale a racistas. Não sou seu amigo para conversar sobre racismo. Quero ações e punições. Hashtag não me comove", escreveu o jogador da seleção brasileira em resposta à publicação do dirigente no Twitter.
Vinicius foi expulso depois de confusão iniciada após xingamentos proferidos contra ele por torcedores do Valencia, no estádio Mestalla, pela 35ª rodada do Campeonato Espanhol --o time da capital foi derrotado por 1 a 0. O brasileiro foi novamente chamado de "macaco" por torcedores adversários.
Vinicius havia criticado a organização do campeonato espanhol após a derrota para o Valencia, lembrando que essa não foi "a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira" vez que ele é chamado de "macaco" por torcedores adversários no país. O jogador sinalizou, inclusive, que pode deixar a Espanha.
"O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também, e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas. [...] Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui."
"Mais uma vez, em vez de criticar racistas, o presidente da LaLiga aparece nas redes sociais para me atacar", afirmou o atacante brasileiro em resposta à fala de Tebas.
A reação de Vinicius ocorreu após uma mensagem publicada por Tebas na rede social. O presidente da liga usou o Twitter para se defender das críticas feitas pelo brasileiro à entidade e acusou o jogador brasileiro de não ter comparecido a reuniões solicitadas pelo próprio atleta para tratar dos recorrentes ataques racistas que ele vem recebendo.
"Já que aqueles que deveriam não te explicam o que é e o que pode fazer a La Liga nos casos de racismo, tentamos explicar a você, mas você não compareceu a nenhuma das duas datas acordadas que você mesmo solicitou. Antes de criticar e difamar La Liga, é necessário que você se informe adequadamente. Não se deixe manipular e tenha certeza de entender bem as competências de cada um e o trabalho que estamos fazendo juntos.", disse o dirigente.
Após a partida deste domingo, o técnico do Real Madrid, Carlo Ancelotti, saiu novamente em defesa de Vinicius e também criticou a liga.
"Já aconteceu outras vezes, mas não assim. É inaceitável. A liga tem um problema que não é o Vinicius. Vinicius é a vítima. Insultam ele o jogo todo e depois mostram-lhe o cartão vermelho. Estou muito triste. É uma liga com grandes times, ambientes bonitos, mas temos que remover isso. Estamos em 2023, o racismo não pode existir", finalizou Ancelotti.
Em fevereiro deste ano, a Liga criou uma comissão específica para tratar dos casos de racismo contra o atacante brasileiro. Até março, a organização já havia registrado oito denúncias.
A reação veio após críticas do jogador. No fim do ano passado, ele se manifestou publicamente para cobrar medidas depois de insultos recebidos no duelo com o Real Valladolid, em 30 de dezembro.
"Os racistas seguem indo aos estádios e assistindo ao maior clube do mundo de perto, e a La Liga segue sem fazer nada", desabafou o atacante nas redes sociais.