CBF quer novo técnico com voz ativa na reconstrução da seleção feminina

Por LUIZA SÁ

CBF quer novo técnico com voz ativa na reconstrução da seleção feminina

RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) - A CBF iniciou na última semana uma reconstrução no departamento de futebol feminino após a queda precoce na Copa do Mundo feminina. Mesmo que as demissões tenham acontecido sem a interferência de Arthur Elias, a entidade espera que o novo treinador da seleção seja voz ativa nas escolhas a partir de agora.

Durante sua apresentação, Elias já anunciou nomes de preparador físico (Marcelo Rossetti), treinador de goleiras (Edson Júnior) e uma nutricionista (Tiemi Saito). O auxiliar Rodrigo Iglesias também chegará à equipe.

Um dos cargos livres após as demissões é o de coordenadora de seleções, antes ocupado por Ana Lorena Marche. Essa é uma das posições ainda sem substituto, mas o presidente Ednaldo Rodrigues pretende fazer desse posto uma coordenação-geral não só voltada para a seleção feminina, mas para o futebol brasileiro.

"A CBF sempre procura ter a menor interferência no comando técnico de qualquer seleção. Deixo a liberdade para que eles possam verificar quem pode fazer um trabalho que lhe dê uma tranquilidade e que não precise treinar outras pessoas que não são do seu convívio. Alguns cargos ainda serão preenchidos, outros eram convocados por períodos. Queremos que a seleção brasileira possa ter nutricionistas, psicólogas constantes, por exemplo, não só em período de convocação. É para trabalhar de forma conjunta."

O nome de Emily Lima foi cogitado para o comando, mas principalmente para este cargo de coordenação. A treinadora, porém, optou por seguir tocando o projeto de crescimento do futebol feminino no Peru.

"Este cargo a gente vai procurar uma pessoa que possa ter sintonia. Prefiro que seja mulher, mas que venha com a competência não só por ser mulher. É um cargo importante, estratégico. Está em aberto, e com certeza esperamos compor. A seleção feminina vai ter todos os cargos: nutricionista, psicóloga, fisiologista", disse o presidente.

RESPONSABILIDADE

O motivo das mudanças foi o entendimento da CBF de que se deveria dar liberdade ao novo comandante para montar o departamento de futebol da sua maneira.

Ednaldo Rodrigues acredita ter optado por uma filosofia de trabalho totalmente distinta da anterior e a justificativa para as demissões seria que "pessoas acostumadas com o trabalho anterior poderiam ter empecilhos", como dito em entrevista após o anúncio.

"O tempo é muito curto para as Olimpíadas, e qualquer percalço atrasaria todo o trabalho. Reitero nossos agradecimentos aos que passaram por essa seleção. A gente teve que fazer isso porque o futebol é muito dinâmico e muito rápido. Decisões equivocadas podem atrasar mais ainda o desenvolvimento", explicou.

O mandatário garantiu ser responsável por todas as mudanças, que aconteceram antes mesmo de Arthur Elias ter o contrato firmado com a entidade.

As saídas foram: Pia Sundhage e os auxiliares Lilie Persson e Anders Johansson, Ana Lorena Marche (coordenadora de seleções femininas), Mayara Bordin (supervisora), Jonas Urias e Bia Vaz (técnico e auxiliar da seleção sub-20), Thiago Mehl (preparador de goleiras), Ivi Casagrande (preparadora física) e Laura Zago (assessora de imprensa).

"É 100% do presidente [a mudança]. Foi para dar um conforto e tranquilidade para quem estiver chegando ter a condição. Às vezes a pessoa quer conciliar, mas acaba sendo ruim. Pensei na entidade e no trabalho pela frente. Os investimentos são altos. Às vezes, falam 'a CBF faz mal para o futebol feminino'. A CBF faz bem para o futebol feminino, e não é obrigação, é conceito. Enquanto estiver à frente da entidade, sempre vai ter apoio o nosso futebol, e principalmente o feminino, que ainda sofre preconceitos", disse Ednaldo.