Raphael Botti Dos campos do bairro Mundo Novo para virar ?dolo na ?sia. Conhe?a os planos do meio campo juizforano revelado no futebol profissional pelo Vasco

Thiago Werneck
Rep?rter
10/01/2008

Do campo de futebol do bairro Mundo Novo, em Juiz de Fora, para ser ?dolo na ?sia. Essa ? a trajet?ria de Raphael Botti no futebol profissional. Atualmente ele defende as cores do Vissel Kobe, no Jap?o, e tem no curr?culo conquistas como o t?tulo da ?sia Champions League pela equipe coreana, Jeonbuk Hyunday, duas F-Cups (esp?cies de Copa do Brasil, na Cor?ia) e uma Supercopa, em cinco anos na equipe.

O sucesso no clube da Cor?ia fez a imprensa local cogitar a convoca??o de Botti para a sele??o local. Por pouco, ele n?o fica mais uma temporada no pa?s para se de naturalizar coreano. "Meu interesse era fazer isso e defender a sele??o deles, mas teria que morar l? pelo menos mais cinco meses", conta o atleta.

O projeto e a estrutura do Vissel Kobe, a proposta salarial e o conforto da fam?lia em terras nip?nicas ? que fizeram Botti desistir da id?ia de defender a sele??o da Cor?ia. "O que me atraiu foi a estrutura e objetivos do time. O nosso est?dio ? de primeiro mundo (o Brasil jogou em Kobe pela Copa do Mundo) e a proposta dos diretores do clube ? a de fortalecer a equipe para ganhar t?tulos".

Na cor?ia, Botti fez cerca de 30 gols durante os cinco anos em que defendeu o Jeonbuk. O jogador atuava como meia ofensivo dando apoio concreto ao ataque. J? no Vissel ele tem atuado como segundo volante. "Meu time agora joga com dois meias que atuam como pontas, pelas laterais do campo, e eu gosto de ter liberdade para me movimentar e o treinador me colocou de segundo volante e por isso diminui o n?mero de gols", observa.

Foto de Botti levantando Trof?u com seus companheiros A expectativa de Botti ? jogar mais solto nessa temporada 2008. "A nova contrata??o do nosso time ? um volante fixo que vai se dedicar exclusivamente ? marca??o. Por isso vou ganhar mais liberdade para apoiar o ataque", acredita. Tanto no Jap?o, como na Cor?ia, os campeonatos nacionais s?o disputados por pontos corridos. Em 2007, o Vissel ficou em 10? lugar. "O time tinha acabado de subir da segunda divis?o e por isso considero uma boa posi??o", diz Botti.

O objetivo nessa segunda temporada, no Jap?o, s?o os t?tulos e marcar hist?ria no clube. "Como fiz na Cor?ia quero fazer no Jap?o tamb?m". O objetivo maior ? se destacar e conseguir novo t?tulo da ?sia Champions League, para quem sabe jogar na Europa.

Jogar no Velho Continente ainda ? um sonho do meia. "Para os pr?ximos anos espero jogar em algum clube europeu, s? posso pensar em retornar ao Brasil depois que eu j? tiver uns 30 anos. Por enquanto s? penso na carreira l? fora".

Para o jogador, v?rios fatores o deixam sem vontade de voltar a jogar em terras tupiniquins. "L? fora o time pode estar mal, mas mesmo assim h? um respeito da imprensa e do torcedor. Aqui no Brasil, voc? corre o risco de um torcedor jogar uma pedra na sua janela, te amea?ar, caso o desempenho n?o seja o esperado", observa.

Botti tem contrato com o Vissel at? o fim de 2008 e est? contente com seu atual time. "O Jap?o ? muito melhor para se morar do que na Cor?ia, ? melhor para minha fam?lia e o futebol j? ? mais profissionalizado. S? daqui a alguns anos os coreanos v?o conseguir igualar a for?a do futebol japon?s. O esporte s? come?ou a crescer por l?, depois da Copa de 2002", afirma Botti.

Fatos curiosos

Disputar campeonatos pela ?sia significa tamb?m conhecer outras culturas. E s?o essas diferen?as de costumes e dia-a-dia que constru?ram muitas situa?es inusitadas na carreira de Botti que, hoje, se diverte com as hist?rias.

A final da ?sia Champions League foi disputa contra um time da S?ria, e um dos jogos aconteceu na casa do advers?rio. "Nem sabia que tinha futebol na S?ria", brinca. Mas para surpresa de Botti, al?m de gostarem do esporte eles s?o t?o fan?ticos quanto os brasileiros. "Alguns torcedores pararam em frente ao nosso hotel e fizeram buzina?o, ? noite toda, para a gente n?o dormir. Foi dif?cil pregar o olho naquele dia. No dia do jogo fiquei impressionado: eram 40 mil torcedores nas arquibancadas e outros 40 mil fora do est?dio querendo entrar", recorda.

Foto de Botti jogando Um dos momentos mais marcantes para o jogador foi jogar na Ar?bia Saudita. "Mulher ? proibida de ir ao est?dio l?. As estavam arquibancadas lotadas de homens, todos com roupas brancas e batendo palmas juntos. Foi um espet?culo inesquec?vel". O calor das ar?bias tamb?m impressionou Botti. "L? fica tudo fechado de 11h ?s 16h de tanto calor. Os treinos de futebol s? come?am depois das 22h da noite", lembra.

Mas pior que o calor e a falta de mulher nos est?dios foi ter que jogar no pa?s saudita, em ?poca de Ramadan*. "Nesse per?odo eles t?m que ficar um m?s de jejum, sem comer nada. A gente ia pro hotel e comia escondido, sob risco de ser preso. Para se ter no??o, quem toma ?gua na rua durante esse per?odo vai para a cadeia", recorda.

A primeira refei??o em solo coreano tamb?m n?o foi f?cil. "Pedi um carne e ela veio com um molho doce horr?vel. A mo?a do hotel trocou e veio um carne com uma pimenta que queimava tudo. Pensei que ia morrer de fome, foi quando falei MC Donalds? Aqui tem MC Donalds? Ela fez afirmativo, peguei um t?xi e repeti o nome da lanchonete. Foi o que me salvou, nunca mais esque?o desse dia".

Mesmo tanto tempo fora, Botti n?o teve tempo para aprender o idioma dos coreanos. "A pronuncia deles ? muito complicada, sempre precisei de int?rprete e me comunico pelo ingl?s. No Jap?o ? mais f?cil de falar, mas ainda estou me adaptando ? l?ngua", conta.

Per?odo que n?o fez que Botti esquecesse dos amigos da cidade. "Eu s? fa?o propaganda positiva de Juiz de Fora, todo ano tenho f?rias de um m?s e sempre fico quase todo tempo aqui, s? dou uns passeios no Rio de Janeiro. Tenho contato com os amigos aqui atrav?s da internet", completa.

Carreira

O ano de 2002, marca a ida do jogador para o futebol asi?tico. Foi no in?cio desse ano, que Botti come?ou sua carreira na Cor?ia. A ida aconteceu depois de convite de um empres?rio que o viu jogando a final do Campeonato Carioca sub-20, pelo Vasco. " Foi o ?ltimo t?tulo do Vasco na categoria, em 2000. Ele gostou do meu futebol, mas esperou eu jogar um ano no profissional para fazer a proposta", recorda.

Foto de Botti em Juiz de Fora Em 2001, o juizforano defendeu as cores do time da colina, sendo eliminado na Copa Mercosul para o Boca Juniors e terminando o Campeonato Brasileiro em 10? lugar. No Bacalhau, Botti foi campe?o apenas nas categorias de base: campe?o estadual mirim, infantil e j?nior, al?m do t?tulo brasileiro no juvenil.

A ida para o clube carioca aconteceu em 1994, depois que Botti se destacou em uma partida entre seu time, Bom Pastor, e Academia do Com?rcio. O jogador foi campe?o ao marcar cinco gols, na goleada de 6 a 0. O resultado agradou ao olheiro cruzmaltino que o levou para fazer teste em S?o Janu?rio.

Mas o primeiro time de Botti foi o 3 de maio. "Comecei jogando bola tinha uns nove anos, jogava sempre ali no campo do Mundo Novo, depois que fui praticar futsal e futebol de campo pelo Clube bom Pastor e surgiu a oportunidade de ir para o Vasco", recorda.



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