Artigo de Ailton Alves O fantasma do Mineivão
O fantasma do Mineir?o
Em Santa B?rbara, o est?dio municipal, encravado na ?nica parte plana da cidade, n?o ? fantasmag?rico, mesmo visto na madrugada, de cima, da casa onde nasceu o ex-presidente Afonso Pena e que d?cadas depois virou um agrad?vel boteco. O campo s? coloca medo em mim. Foi l?, naquela terra emprestada, que enterrei minha carreira de jogador de futebol, depois da miopia, da cerveja e das noitadas (tudo em excesso), mas principalmente em fun??o de um gol contra que marquei. Nada ? pior para um zagueiro que fazer um gol contra. ? um ato de trai??o com seu goleiro e com o restante da equipe.
Revelo tudo isso - torrando a paci?ncia de meus escassos leitores - para dizer que cada um de n?s tem que conviver com seus fantasmas. O nosso, coletivo, o dos carij?s, ? o Mineir?o. N?o ? poss?vel que um time das Minas Gerais n?o d? sorte (ou n?o jogue bem, depende de cada circunst?ncia) no maior est?dio do Estado!
Explica?es t?cnicas h?, mas falta-me disposi??o jornal?stica para tentar buscar an?lises sobre a derrota do ?ltimo domingo para o Atl?tico, por 3 a 2, quando perdemos mais uma vez por conta de detalhes. Argumentos hist?ricos h?, mas n?o tenho mais a mem?ria poderosa, que poderia ser evocada a qualquer momento. Colocar a culpa nos "culpados de sempre" ? um caminho f?cil, mas n?o desta vez: tenho a exata impress?o de que o ?rbitro errou em benef?cio do Tupi, prejudicando o Galo da capital.
Ent?o, a explica??o para tantos infort?nios vividos na capital de todos os mineiros s? pode ser uma: a vingan?a dos pr?prios fantasmas - aqueles que evocamos desde 1966, quando fomos ? Pampulha, vencemos os "grandes do Estado" e criamos, para n?s, o ep?teto eterno de "Fantasma do Mineir?o".
Fantasmas n?o gostam disso, de emprestar seus nomes. E n?o precisamos mais desse artif?cio: estamos muito, muito vivos. Tanto, que agora s? faltam tr?s jogos e 21 dias para o Tupi ser campe?o das Gerais.
Menos mal que a antepen?ltima dessas partidas, no s?bado que vem, ser? disputada em Juiz de Fora, num est?dio que j? expurgou todos os seus fantasmas - que eram muitos. O nosso est?dio, dessa terra adotada, tem hoje a ben??o e a alma de M?rio Hel?nio, o saudoso radialista que lhe empresta o nome. Al?m disso, hoje o local ? de jovens felizes, que n?o t?m nada a explicar ou mesmo digerir as derrotas do passado que tanto assombraram os torcedores da minha gera??o.
? assim a vida. Passamos o bast?o. O ep?teto de "Fantasma do Mineir?o", o de 1966, ? passado. O "medo do Mineir?o" que produz estas derrotas em s?rie, ano a ano, para Cruzeiro e Atl?tico ?, por ora, indesejavelmente presente. O apelido de "Dono das Gerais", por?m, faz parte de um futuro muito pr?ximo.
Ailton Alves ? jornalista e cronista esportivo
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