A tese da ausência

Por

A tese da aus?ncia

Ailton Alves 08/09/2008

A sele??o brasileira de futebol venceu com enorme facilidade o Chile e, nesta quarta-feira, dia 11, deve passar, com um p? nas costas, pela Bol?via. Est?, pois, afastada a possibilidade do Brasil ficar fora da fase final da Copa do Mundo de 2010 - hip?tese que chegou a ser considerada pelos arautos do pessimismo. Portanto, tudo n?o passou mesmo de uma intrincada tese de uma poss?vel aus?ncia. At? onde ? poss?vel enxergar, num horizonte determinado a cada quatro anos, nunca estaremos ausentes do maior torneio mundial.

Conhe?o algumas pessoas, ligadas ao esporte amador, que torcem para isso: que a sele??o canarinha - a ?nica presente em todas as edi?es de Copa - tropece, n?o supere cinco das dez sele?es do subcontinente americano e fique por aqui, dissolvida, amargurada, vendo a festa dos outros. A teoria ? que, nesse caso, a frustra??o com o futebol leve os torcedores a prestar mais aten??o no basquetebol, voleibol e handebol - Deus me livre!!!

Esses torcedores de outros esportes podem estar cometendo um grande engano.

Acredito que a boa tese da aus?ncia, sobre as conseq??ncias do vazio, tem a ver com o que acontece na vida: n?o damos nenhuma import?ncia ?s coisas que temos todos os dias, ao alcance das m?os. O devido valor s? vem quando as perdemos.

N?o sei quanto a voc?, caro e raro leitor, mas no jogo deste domingo n?o senti nenhuma emo??o especial na hora dos gols, nem fiquei irritado quando Ronaldinho Ga?cho perdeu o p?nalti. E nesta manh? fria de segunda-feira n?o vi, num trajeto relativamente longo, ningu?m vestido com a camisa amarela - e era a semana da Independ?ncia e da P?tria!

Nelson Rodrigues dizia - citando, acho (minha mem?ria est? cada vez pior), Stevenson - que o patriotismo ? "o ?ltimo ref?gio do canalha", mas realmente ? estranho a aus?ncia de camisas amarelas ap?s uma vit?ria t?o importante.

Tudo pode ser diferente se a sele??o ficar fora de uma Copa do Mundo. Voltaremos ao nosso complexo de vira-latas, mas ter?amos uma solidariedade, quase uma penit?ncia, uma corrente em torno do escrete que n?o se v? mais. Exatamente como acontece quando um clube cai para a segunda divis?o. Atleticanos, no ano passado, e os corintianos, agora, nos ensinaram isso: que no futebol e na vida a aus?ncia sentida s? faz sentido se for por um curto espa?o de tempo, com direito a todas as gl?rias no retorno da presen?a.

Ailton Alves ? jornalista e cronista esportivo
Saiba mais sobre Ailton, clicando aqui!

Sobre quais temas da ?rea de Esportes voc? quer ler nesta se??o? O jornalista e cronista esportivo Ailton Alves aguarda suas sugest?es no e-mail esporte@acessa.com