Wellington Fajardo aguarda definição para 2009

Por

Wellington Fajardo aguarda defini??o para 2009 Treinador garante que j? enviou proposta ao Tupi e, em entrevista ao Portal ACESSA.com, conta hist?rias dos bastidores durante a Ta?a Minas 2008


Guilherme Ar?as
Rep?rter
28/11/2008

Aos 47 anos ele ajudou a conquistar o maior t?tulo da hist?ria do clube que tem quase o dobro de sua idade. No ?ltimo dia 22 de novembro, no comando do Tupi Foot Ball Club, o t?cnico Wellington Fajardo entrou para a hist?ria do futebol juizforano na conquista mais importante do galo carij?, a Ta?a Minas 2008.

Ele j? foi treinador do Democrata, Uberl?ndia e Villa Nova. Al?m da recente conquista carij?, Fajardo j? atuou no time em 2001, ano que o Tupi subiu para o m?dulo I do Campeonato Mineiro, e em 2002 e 2003. No total, o ex-goleiro comandou o Tupi em 56 jogos. Conquistou a invej?vel marca de 33 vit?rias, 16 empates e 7 derrotas.

Nome praticamente garantido para continuar ? frente da equipe de Santa Terezinha em 2009, o leopoldinense criado em S?o Jo?o Nepomuceno deve comandar o Tupi novamente na disputa da Ta?a Minas, no Campeonato Mineiro e na Copa do Brasil. A disputa da s?rie D do Brasileir?o ainda depende dos tramites da Confedera??o Brasileira de Futebol e da Federa??o Mineira de Futebol.

Dias ap?s a conquista da Ta?a Minas 2008, o t?cnico campe?o deixou o descanso e os estudos de lado - Wellington cursa o ?ltimo per?odo de Educa??o F?sica em uma faculdade particular de Juiz de Fora - e voltou ao campo de treinamento do Tupi para bater um papo exclusivo com o Portal ACESSA.com. Confira:

ACESSA.com - Conte um pouco da sua trajet?ria como jogador

Wellington Fajardo - Eu comecei minha carreira de jogador no Am?rica mineiro. Joguei durante oito anos l?. Depois joguei quatro anos no Cruzeiro. Entre os 90 goleiros da hist?ria do Cruzeiro, eu fui o 15? que mais jogou. Fiz 80 partidas pelo time. Depois disso fui para o Vila Nova (Goi?nia - GO), S?o Jos? (S?o Jos? dos Campos - SP), Am?rica (S?o Jos? do Rio Preto - SP) e Villa Nova (Nova Lima - MG).

ACESSA.com - Qual foi o momento mais dif?cil esse ano ? frente da equipe do Tupi?

Wellington Fajardo - O momento mais dif?cil foi o in?cio, quando eu cheguei e j? tinha o grupo montado. Em um primeiro momento eu tive que chegar e causar um impacto nos jogadores, porque eles estavam muito cabisbaixos. Disse que n?o ia dispensar ningu?m e que todos teriam uma segunda chance. Quando come?ou o trabalho eu me retirei um pouco para conhecer os jogadores. Em um primeiro momento eu n?o atuei muito; fiquei mais observando o comportamento dos atletas. Devagar eu fui conquistando as pessoas e trabalhando os jogadores. Isso me fez crescer muito como profissional e como pessoa.

ACESSA.com - O melhor momento eu nem preciso perguntar...

Wellington Fajardo - Realmente este ?ltimo jogo foi o melhor momento, mas tiveram outros muito marcantes. Foi um conjunto de a?es que foram acontecendo e nos mostrando que est?vamos no caminho certo. Uma delas aconteceu com o Daniel (volante do Tupi). Ele nunca teve chances aqui. Mas um dia eu o coloquei em um jogo anterior ao confronto que n?s ter?amos com o Am?rica l? em Belo Horizonte. Ele acabou se machucando e eu quis saber dele se iria aguentar o pr?ximo jogo. Quando fui fazer a rela??o de viagem, chamei o Daniel para conversar e perguntei como ele estava. Ele me disse que estava muito bem e pronto para jogar e buscar a vit?ria.

De um jogador que eu nem sabia se poderia contar, ele me passou uma confian?a e uma vontade muito grande. Eu vi que ele estava com tanta vontade de jogar que superaria qualquer situa??o. E foi isso que aconteceu. N?s ganhamos de 4 a 1 e o Daniel foi um dos melhores em campo. Esse epis?dio eu nunca contei pra ningu?m. Mas tiveram outros; posso contar mais um?

ACESSA.com - Claro, fique ? vontade.

Wellington Fajardo - O Valdir (preparador de goleiro do Tupi), meu amigo e companheiro dentro de campo, recebeu uma proposta do Am?rica. Durante uma semana ele ficou na d?vida se aceitava ou n?o. Eu tive que pedir para ele tomar uma decis?o, pois n?o podia continuar naquela indefini??o. No dia seguinte ele veio me dar a resposta e disse: "Cumpadre, eu pensei a noite inteira. N?o tem dinheiro nenhum que me tire daqui, porque eu estou sentindo que n?s vamos ser campe?es". Isso aconteceu dois meses antes do t?tulo e foi mais uma prova de que as coisas estavam encaminhando para o que aconteceu mesmo.

No primeiro jogo da final (contra o Am?rica em BH, quando o Tupi ganhou por 3 a 1) tamb?m aconteceu uma coisa interessante. Eu li algumas declara?es do Fl?vio Lopes (t?cnico do Am?rica), que ? muito meu amigo, dizendo que o Am?rica teria que decidir o jogo em casa. No final da prele??o eu falei com os jogadores que quem teria que decidir isso era o Tupi, por toda nossa trajet?ria de sofrimento, por jogarmos em um campo bom, pelos jogadores estarem descansados e, principalmente, por termos ganhado quatro jogos fora de casa. Estatisticamente, isso n?o ? sorte. N?s t?nhamos condi?es de fazer um bom jogo fora de casa e eu disse que n?s ir?amos pra cima deles. Naquele momento eu percebi que os olhos dos jogadores brilharam. E foi justamente esse jogo que nos deu o t?tulo.

ACESSA.com - Voc? destaca algum jogador do Tupi nessa fase?

Wellington Fajardo - N?s fizemos um grupo muito forte. Eu sou apenas um instrumento de trabalho da comiss?o t?cnica. As pessoas aqui s?o boas de servi?o. Eu n?o acho que teve um destaque. A ?nica coisa que n?s gostamos ? de trabalho dentro de campo. Eu achei que os jogadores evolu?ram muito tecnicamente. Essa evolu??o nos fez sair mais r?pidos nos contra-ataques, fazer mais gols nos cabeceios e cruzamentos. N?o tinha ningu?m melhor treinado nessa Ta?a Minas do que os jogadores do Tupi.

ACESSA.com - Ent?o o Tupi est? melhor preparado para enfrentar os desafios em 2009?

Wellington Fajardo - O grande triunfo do Tupi ser? manter esses jogadores. Se isso n?o acontecer, as coisas ficam complicadas porque o time vai ter uma experi?ncia diferente no ano que vem. O Tupi vai disputar duas competi?es no primeiro semestre (Campeonato Mineiro d Copa do Brasil), coisa que ele n?o est? acostumado a fazer. Se voc? n?o tiver um plantel qualificado para disputar duas competi?es, fica dif?cil. O Tupi fez isso em 2004, quando disputou o Campeonato Mineiro e a Copa do Brasil, e acabou caindo para a segunda divis?o do estadual. Tem que haver uma prepara??o.

ACESSA.com - O lateral Mendes e o zagueiro Ricardo chegaram ao Tupi ap?s a sua indica??o. Caso continue na equipe, voc? pretende indicar outros refor?os para a temporada 2009?

Wellington Fajardo - Eu indiquei outros jogadores, mas o clube n?o teve condi?es financeiras de trazer. Para 2009, primeiramente eu preciso acertar minha situa??o com a diretoria. Mas o grupo precisa de refor?os de qualidade e de n?mero. Tr?s jogadores j? sa?ram: Lucas, ?ndio e Marquinhos Alagoano. Se antes n?s t?nhamos 20 jogadores, hoje temos 17. Voc? precisa de, no m?nimo, 28 jogadores. Qualquer treinador que vier trabalhar no Tupi vai ter que indicar jogadores.

ACESSA.com - Voc? est? se formando em educa??o f?sica este ano. Acha que o curso ajudou na fun??o de treinador?

Wellington Fajardo - O grande diferencial para mim foi ter ficado quatro anos em uma sala de aula. Eu fui um treinador antes e sou outro depois da faculdade. Aprendi muito com os meus professores. Na disciplina Treinamento Esportivo, por exemplo, ficou muito evidente para mim que o descanso e a alimenta??o s?o t?o importantes quanto o treinamento. J? na disciplina de di?tica eu aprendi que tenho que saber se os jogadores est?o entendendo aquilo que estou dizendo. Se eles n?o entenderem, tenho que repetir. Eu n?o posso passar a informa??o para mim; tenho que passar para eles. Isso me fez repensar muitas coisas. Na faculdade tamb?m voc? aprende a lidar com as diferen?as e conviver com todos os tipos de pessoas. Isso me deixou muito mais tolerante.

ACESSA.com - Para voc? quem ? uma refer?ncia como treinador no futebol brasileiro?

Wellington Fajardo - Eu vou te falar dois treinadores que foram muito marcantes na minha carreira como jogador: Carlos Alberto Silva e Le?o. Foram dois treinadores com os quais eu aprendi muito.

ACESSA.com - E um jogador de destaque?

Wellington Fajardo - Eu gosto muito de jogador de meio de campo que marca e joga. O meu olhar ? sempre o t?tico. Por isso eu posso citar o Ibson (meia), do Flamengo. ? um jogador que marca e se posiciona bem e tem uma no??o de t?tica individual muito grande. O Alex (meia-esquerda) do Internacional tamb?m ? outro, assim como o Nilmar (atacante do Internacional).

Mas eu tenho que falar tamb?m dos goleiros. Hoje mudou muito o perfil do goleiro. Eu acho o Marcelo Cruz (do Tupi) um goleiro de 1? divis?o de Campeonato Brasileiro. Se existem vinte clubes na 1? divis?o, ele ?, pelo menos, melhor do que 10 goleiros que jogam nesses clubes. Acho ele muito bom tecnicamente.