Rugby ainda é desconhecido em Juiz de Fora

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Rugby ainda ? desconhecido em Juiz de Fora Esporte ? criticado por parecer violento, mas filosofia da modalidade prega a uni?o e o respeito ao pr?ximo

Guilherme Ar?as
Rep?rter
11/3/2009

Existem esportes que exigem for?a e coragem. Outros, intelig?ncia, aten??o e muito conhecimento sobre as regras. H?, ainda, os que demandam resist?ncia e contato f?sico intenso entre os atletas. Mas poucos exigem todas essas caracter?sticas reunidas em uma s? modalidade como o rugby.

Dizem que o esporte foi criado em 1923, pelo estudante londrino William Webb Ellis. Trata-se de uma varia??o do tradicional futebol. Tudo leva a crer que a modalidade surgiu ap?s Ellis se irritar em uma partida de futebol disputada na Rugby School. Com o incidente, o estudante firmou a bola nos bra?os e correu at? a meta advers?ria. No caminho, os colegas agarraram-no, tentando par?-lo.

Estava criada a base para um dos esportes mais populares em todo o mundo, apesar de pouco difundido no Brasil. Criticado por ser uma modalidade aparentemente violenta, os adeptos garantem que n?o adianta recorrer ? for?a sem usar e abusar da intelig?ncia.

Em Juiz de Fora, a equipe do JF Rugby tenta popularizar a modalidade entre os atletas da cidade e regi?o. O Portal ACESSA.com acompanhou um treino da equipe. Os jogadores do time se reuniram em uma tarde de s?bado para demonstrar as principais jogadas de uma partida de rugby (veja o v?deo ao lado).

O esporte re?ne 15 homens em cada time (veja abaixo as fun?es de cada um), uma bola oval e dois tempos de 40 minutos jogados em um campo gramado. Essa forma??o ? conhecida como Union. Mas ainda h? varia?es como o Seven, com sete atletas, em dois tempos de sete minutos.

Nos dois casos, a partida ? jogada com as m?os em um campo de 70 m x 100 m, dimens?es semelhantes ?s de um campo de futebol. Al?m do gramado, a modalidade pode ser praticada na areia ou na neve. Para completar o espa?o, em cada lado do campo ? disposta uma trave, de onde se erguem dois postes nas extremidades.

Arte: L?cio Tanini/ ACESSA.com

Para se jogar o rugby n?o s?o necess?rios equipamentos especiais, apesar de alguns recursos de prote??o serem obrigat?rios, como o protetor bucal. Al?m dele, pode ser usado o scrum cap, uma esp?cie de capacete que protege os ouvidos. Os atletas tamb?m t?m como evitar les?es com protetores para partes espec?ficas do corpo, como o t?rax, os ombros e as costas. Basicamente, o uniforme se assemelha muito ao do futebol. As travas das chuteiras s?o maiores e fundamentais para o bom desempenho do atleta, j? que em algumas jogadas ? preciso ter firmeza para fixar os p?s no ch?o.

O principal objeto do rugby ? a bola oval, parecida com a do futebol americano, por?m um pouco mais pesada. Ali?s, a confus?o entre as duas modalidades ? comum entre os que n?o conhecem o esporte. Enquanto o rugby nasceu como uma varia??o do tradicional futebol, o futebol americano surgiu ap?s algumas modifica?es no rugby.

Assim como no futebol, o rugby ? acompanhado por um ?rbitro e dois assistentes. Em campeonatos mais importantes, um quarto ?rbitro acompanha a partida pela televis?o, para tirar poss?veis d?vidas dos outros ju?zes. Uma particularidade do esporte ? que apenas o capit?o do time pode se dirigir ao ?rbitro. ? uma forma de demonstrar respeito.

Definida a equipe, escolhido o local e preparados os equipamentos, os jogadores est?o prontos para come?ar a partida, iniciada com um pontap? desferido no centro de campo. Uma curiosidade do rugby ? que o passe s? pode ser feito para o lado ou para tr?s. Para avan?ar o campo advers?rio, os atletas devem correr agarrado com a bola ou dar chutes. Caso a bola saia do campo, a cobran?a do lateral ? com a m?o, assim como no futebol. S? que no rugby uma forma??o especial ? feita e um dos jogadores, geralmente da segunda ou terceira linha, ? erguido pelos companheiros. O objetivo ? que ele pegue a bola, sem que haja disputa corpo a corpo com o advers?rio.

No decorrer do jogo, v?rias jogadas e penalidades podem ser aplicadas (veja o v?deo acima). As equipes marcam os pontos de quatro formas: o Try vale cinco pontos e ? conquistado quando um jogador consegue apoiar a bola no ch?o com a m?o dentro da ?rea de valida??o advers?ria. Ap?s o Try, a equipe marcadora tem a possibilidade de marcar mais dois pontos, ao chutar por cima da trave e entre os postes do time advers?rio. No decorrer da partida, o time que est? atacando tamb?m pode arriscar o mesmo chute por sobre a traves, conquistando mais tr?s pontos. Outra forma de pontuar ? atrav?s do Penalty, marcado ap?s uma infra??o grave. A cobran?a pode valer tr?s pontos, caso a equipe consiga chutar a bola por cima da trave e entre os postes.

Ao final da partida, vence a equipe que acumular mais pontos durante o tempo regulamentar. ? primeira vista, os termos e regras podem tornar a modalidade complicada demais, mas os praticantes garantem que a dificuldade inicial ? causada pela falta de familiaridade com o esporte.

Falta de apoio prejudica

Nascido nos gramados do campus da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o JF Rugby passou por alguns campos da cidade, mas ainda luta por uma sede pr?pria. Atualmente, os atletas se re?nem na ?rea verde da pra?a c?vica da Universidade todos os s?bados ? tarde. Mesmo n?o sendo o melhor local para a pr?tica, o amor pelo esporte faz desses atletas verdadeiros guerreiros em um campo de batalha.

Como em todo esporte amador no Brasil, a falta de apoio ? o grande advers?rio dos atletas que praticam o rugby. Em Juiz de Fora, a Associa??o de Hugby existe desde 1998 e at? hoje enfrenta dificuldades para conseguir um local definitivo para os treinamentos. O presidente da associa??o, Hilbert da Silva Julio, lamenta a falta de informa??o e de interesse por parte dos ?rg?os p?blicos e empresariais em apoiar a modalidade. "A falta de apoio ? o principal motivo que faz com que os atletas se afastem do rugby aqui na cidade. Eu n?o posso cobrar dos atletas um comprometimento, se n?s n?o temos uma estrutura adequada", relata.

Nem o fato de poder ser jogado em um campo comum de futebol diminui as dificuldades de acesso dos atletas. Hilbert conta que a equipe juizforana j? foi impedida de treinar em um campo, ap?s o propriet?rio constatar que se tratava de uma equipe de rugby. Hoje, o time conta apenas com o patroc?nio de uma academia de gin?stica da cidade.

A boa not?cia ? que, desde 2006, uma nova turma de apaixonados pelo esporte vem mantendo a regularidade dos treinos. O esfor?o conjunto garante a uni?o de equipe e gera la?os de amizade.

Esporte democr?tico e esp?rito de uni?o

A falta de apoio ao rugby em Juiz de Fora est? intimamente ligada ? falta de informa?es sobre o esporte. Com o preconceito de que o rugby ? violento, muitas pessoas n?o demonstram o interesse em praticar o esporte. Mas Hilbert garante que a modalidade ? saud?vel e n?o tem restri?es, pode ser praticada inclusive por crian?as.

"O que muda no jogo dos pequenos ? que algumas jogadas mais fortes s?o modificadas, mesmo assim ? dif?cil implementar projetos com crian?as. Os pais at? aceitam que os filhos se machuquem jogando futebol, mas n?o entendem quando se machucam no rugby", lamenta.

Uma equipe feminina j? tentou se formar em Juiz de Fora, mas n?o foi adiante. A ideia de que os atletas do rugby precisam ser verdadeiros gigantes pode ser um dos motivos da baixa procura pelo esporte na cidade. Na realidade, um bom time de rugby necessita de atletas diferenciados. "O rugby ? um esporte democr?tico. Precisamos de jogadores que tenham mais for?a, outros que saibam correr e os que devem ser mais ?geis", explica Hilbert.

O esporte cobra uma equipe coesa e unida. Segundo os atletas, o grande valor do rugby ? a uni?o. Al?m da amizade, os jogadores precisam desenvolver a confian?a m?tua.

O respeito ? outra premissa do rugby. A pr?pria hierarquia dentro do time revela que a brutalidade est? realmente apenas nas jogadas. Fora de campo, os jogadores fazem quest?o de demonstrar a cumplicidade. Tanto que em boa parte dos jogos h? o chamado terceiro tempo, uma confraterniza??o entre os atletas das duas equipes, ap?s a partida.

Os textos s?o revisados por Madalena Fernandes