Tecnologia PLC

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Tecnologia PLC
Recurso permite automa??o de sistemas
e pode ser o primeiro passo para internet via rede el?trica

Emilene Campos
17/07/02

Internet via telefone fixo e celular, cabo, r?dio e (por que n?o?) via eletricidade. A mesma tomada de energia que faz seu computador funcionar pode ser usada para conect?-lo ? grande rede. Os primeiros testes dessa nova tecnologia, a Power Line Comunication, foram feitos na Inglaterra e j? existem experimentos nessa ?rea em pelo menos quatro estados brasileiros: Paran?, S?o Paulo, Esp?rito Santo e Minas Gerais.

A promessa ? de acesso em banda larga (o triplo da maior velocidade oferecida hoje, que ? de 512 Kbps) e automa??o da leitura do consumo de energia. Sem falar que a aparente facilidade de instala??o vem enchendo de esperan?as os adeptos da populariza??o da internet. De concreto mesmo, apenas os testes feitos por concession?rias de energia el?trica e pesquisadores em universidades. Mas a novidade n?o ? t?o simples, nem t?o barata de implantar.

A expectativa ? que todo esse "burburinho" se torne realidade e a internet via rede el?trica seja mais uma op??o para os usu?rios, dentro de cinco anos.

Servi?os podem viabilizar internet via rede el?trica
A Cemig iniciou os testes do acesso ? internet em banda larga via rede el?trica, no final do ano passado, em Belo Horizonte. Foram investidos R$ 200 mil para instala??o dos equipamentos em 40 pontos a capital mineira. O projeto est? sendo feito em conjunto com a Infovias (joint-venture formada pela estatal e a AES, para transmiss?o de dados, voz e imagem) e a su??a Ascom, idealizadora dos equipamentos. Segundo informa?es da assessoria de comunica??o da Cemig, o canal de acesso usado no projeto piloto tem uma velocidade de 2 megabites por segundo (Mbps), o que corresponde a uma velocidade quase 50 vezes maior que o acesso via rede telef?nica.

O objetivo das empresas envolvidas no programa ? identificar os servi?os agregados para viabilizar a proposta comercialmente. Quanto mais servi?os foram oferecidos via rede el?trica, maior ser? o retorno. Por isso, est?o sendo estudados processos que v?o permitir a leitura remota e em tempo real dos rel?gios de luz e das curvas de cargas das resid?ncias, al?m de disponibilizar servi?os de TV a cabo e televigil?ncia.

Raz?o inversa
Outra distribuidora de energia que vem testando o sistema PCL ? a Copel Telecomunica?es, do Paran?. A Copel gastou R$ 1 milh?o para levar o sistema el?trico de banda larga a 50 domic?lios e estabelecimentos comerciais de Curitiba. Os experimentos demonstraram que a tecnologia funciona, mas o custo de sua infra-estrutura ? alto, corresponde a quase 50% da instala??o de uma rede de linhas telef?nicas digitais (ADSL). Outro problema identificado ? a dist?ncia. O recurso funciona em aparelhos instalados em circuitos curtos, onde a dist?ncia entre a fonte do sinal de dados e a resid?ncia do usu?rio ? de cerca de 300 metros. Nessas condi?es, a Copel conseguiu taxas de transfer?ncias de at? 1,7 Mbps, o que equivale a tr?s vezes os 512 kbps do maior plano de acesso em banda larga oferecido at? ent?o.

Professor da UFJF aposta na rede h?brida
Juiz de Fora tamb?m j? tem estudos na ?rea de internet via eletricidade. O professor da Faculdade de Engenharia da UFJF, Carlos Augusto Duque, ? um desses pesquisadores. Duque desenvolveu um modem (o PLDC) que permite a transmiss?o de dados via rede el?trica. O projeto ? resultado de uma disserta??o de mestrado realizada com o apoio da Federal de Juiz de Fora, a ATI (empresa de Belo Horizonte que atua na ?rea de telecomunica?es) com o suporte da CNPq e da Fapemig.

Ele questiona as velocidades alcan?adas pelos testes da Cemig e da Copel e defende o uso da rede h?brida (a rede el?trica integrada a de fibra ?ptica, por exemplo), para disponibilizar a internet via rede el?trica. Alternativa que poderia melhorar a transmiss?o de dados a longa de dist?ncia. Leia abaixo a entrevista que o professor Carlos Augusto Duque concedeu ao JF Service.

Em que tipo de solu?es pode ser usado o PLDC, o Power Line Data Comunication (Comunica??o de dados via rede el?trica)?
O equipamento pode ser usado para interligar computadores ou em sistemas de automa??o. A solu??o atende, a princ?pio, a uma das demandas das concession?rias de distribui??o de energia el?trica, que ? a automa??o da leitura dos rel?gios medidores de consumo.

Qual o custo dessa placa? Ela ser? produzida em s?rie?
O custo do modem ? de R$ 200. Ele ser? produzido em s?rie pela ATI (empresa de telecomunica?es situada em Belo Horizonte) e disponibilizado no mercado no prazo de dois anos, por cerca de R$ 600. Esse modem ainda n?o ? produto de massa, quando se popularizar, o pre?o vai cair.

Qual ? a velocidade de comunica??o de dados desse modem?
Esse prot?tipo permite uma velocidade de 9.600 bps at? um quil?metro de dist?ncia. Se houver grande tr?fego de dados, como ? o caso da internet, o ideal ? que as velocidades sejam maiores.


O modem criado pelo professor Duque ? externo
Qual ? a dist?ncia necess?ria entre transmissor e receptor para que os dados trafeguem?
O prot?tipo desenvolvido em Juiz de Fora comunica-se bem at? um quil?metro de dist?ncia com velocidade 9.600 bps (numa rede el?trica pouco carregada).

Mas essa velocidade pode ser ampliada e possibilitar o acesso internet com qualidade?
Sim. As pesquisas apontam nesse sentido.

Como seria a interliga??o do aparelho com a estrutura do provedor?
Haver? necessidade de estrutura mista para interligar a rede el?trica ao provedor. Os cabos da rede el?trica seriam reunidos num central at? um 1 quil?metro de dist?ncia do modem e de l? seria conectada com o provedor atrav?s de outra m?dia, fibra ?ptica por exemplo. Essa estrutura pode assegurar a velocidade na transmiss?o de dados.

Quem vai comercializ?-lo? As concession?rias de eletricidade, os provedores ou as lojas de equipamento de inform?tica ?
Isso ainda n?o foi definido.

Quanto o aparelho consome de energia em uma hora?
Consome muito pouco. Cerca de 25 watts por hora.

H? necessidade de algum adaptador ou de alguma instala??o especial na rede el?trica?
O modem PLDC comunica-se pela porta serial de um micro computador convencional (a mesma que serve de conex?o para impressoras e scanners) e ? ligado ? tomada de energia el?trica. O mesmo canal onde trafegam os sinais el?tricos acontece a comunica??o de dados.

? compat?vel com qualquer tipo de computador? Pode ser ligado em computadores em rede?
Ele se adapta a qualquer plataforma e pode ser ligado a uma rede de computadores. H? possibilidade de mais de 43 milh?es e endere?amentos diferentes numa rede. E isso n?o afeta a velocidade.


A estrutura do PLDC
As concession?rias de energia el?trica cobrariam alguma taxa por esse servi?o? Afinal o dados trafegariam por sua rede?
As concession?rias de energia el?trica podem explorar comercialmente o meio f?sico.

? poss?vel estabelecer alguma analogia entre a transmiss?o pela rede el?trica e a rede telef?nica? O meio f?sico ? semelhante j? que os cabos usados tamb?m s?o parmet?licos, mas a modula??o que se usa para trafegar dados na rede el?trica tem que ser aprimorada, devido a enorme quantidade de ru?dos. A qualidade da conex?o do sistema desenvolvido aqui ? semelhante ? internet via telefone, mas pode estar sujeita a mais interfer?ncia se n?o for modulada. A rede el?trica n?o foi criada para trafegar dados, mas o uso um sistema de modula??o pode minimizar tais problemas.

Qual ? o princ?pio t?cnico da transmiss?o de dados? ? atrav?s de algum sinal de freq??ncia espec?fica?
A tecnologia usada ? Spread Spectrum Carrier (portadora com espectro espalhado), ou seja, os dados s?o enviados em v?rias freq??ncias diferentes, o que permite a reconstru??o do sinal no receptor, apesar da interfer?ncia do ru?do. Pode sofrer distor?es que mesmo assim vai conseguir ser identificado na outra ponta. Diferente do telefone cuja freq??ncia ? ?nica.

Esse modem pode causar interfer?ncia em algum outro aparelho el?trico?
Ainda n?o foram feitos testes, mas podem acontecer interfer?ncias em outros aparelhos dom?sticos. ? mais uma vari?vel a ser observada.

? necess?rio algum equipamento de roteamento na rede el?trica?
N?o h? necessidade de roteadores para direcionar a entrega dos dados. No provedor sim, mas na rede el?trica n?o. Temos que pensar que, no caso da rede el?trica estamos trabalhando com rede local.

Tomando Juiz de Fora como exemplo. Existem dois grandes circuitos alimentando a cidade. Uma subesta??o alimenta o setor da Rua Esp?rito Santo para Zona Sul, e outro da Esp?rito Santo para a Zona Norte. ? poss?vel interligar duas resid?ncias situadas em setores diferentes, sabendo que h? duas subesta?es rebaixadoras de tens?o (138K volts para 23K volts) entre elas?
Daria para interligar se houvesse uma m?dia diferente (fibra ?ptica por exemplo) para integr?-las. Seria necess?rio uma central, a pr?pria subesta??o, para converter os sinais, interligando toda a rede, permitindo assim a transmisss?o de dados sem nenhuma interrup??o.