Mães são fontes de inspiração para seus filhos Para comemorar o Dia das Mães, o Portal ACESSA.com conversou com filhas que seguiram os passos profissionais das mães

Aline Furtado
Repórter
7/5/2011
Pés de mulher e de criança

Na véspera de comemorar o Dia das Mães, neste domingo, 8 de maio, o Portal ACESSA.com conversou com mulheres, mães, e com filhos que seguiram seus passos na hora da escolha profissão. As semelhanças entre mães e filhos vão muito além das físicas e, ainda que cada um tenha a sua própria identidade, trilhar o mesmo caminho faz com que a aproximação seja ainda maior.

A professora de matemática Chang Kuo Rodrigues conta que, muito mais do que influenciar diretamente na escolha da profissão por parte de uma dos seus quatro filhos, o que fez foi transmitir às crias, de forma igual, a paixão pelo que faz. E o exemplo acabou sendo determinante na escolha da filha, também professora de matemática, Samantha Chang Rodrigues.

"Ela percebia a paixão que eu sempre tive ao ensinar, então, creio que acabei servindo como referência, devido à minha empolgação. Mas, além disso, sempre conversei muito sobre as dificuldades e os desafios da carreira do magistério." Chang conta que Samantha até tentou se aventurar por outras áreas, mas acabou se rendendo à partilha de ensinar e aprender.

"Fui me apaixonando, aos poucos, pela profissão. Mas tudo começou com o incentivo da minha mãe a respeito de criarmos um hábito de estudo", conta Samantha, que relata que seu contato mais efetivo com a matemática teve início no final do ensino fundamental, quando a mãe a incentivava a concorrer a uma bolsa de monitoria. Além disso, ela revela que, como filha mais velha, acabava acompanhando a mãe em viagens para congressos e eventos relacionados à disciplina.

"O fato de minha mãe ter sempre buscado concretizar seus sonhos, tendo sempre a família como foco, foi, com certeza, minha fonte de inspiração em todos os aspectos, ou seja, como mulher, como mãe e como profissional." Samantha, que é mãe de duas meninas, de sete e quatro anos, e de um menino, de um mês, afirma que busca seguir o exemplo da mãe. "Não quero interferir na escolha profissional deles, mas faço questão de incentivá-los com relação aos estudos."

Negação

A bailarina Vívian Mockdece permitiu que a filha, Tayane Mockdece, também bailarina, tivesse contato com a dança desde criança. "Sou mãe de três filhos, sendo duas meninas e um menino. As duas meninas começaram a fazer aulas de balé ainda novinhas e fazem até hoje. Mas Tayane acabou seguindo meus passos e tornando-se professora de balé."

Entretanto, a filha conta que tentou negar a profissão, buscando outras carreiras, antes de optar pelo curso de Educação Física. "Tentei negar porque temia ficar na aba da minha mãe. Durante o curso, busquei outras opções, como dar aula em academias por exemplo, mas não teve jeito, fui percebendo que dar aula de dança era mesmo o que eu queria para minha vida profissional."

Hoje, Vívian e Tayane são professoras na escola de dança de Vívian, além disso, Tayane desenvolve projetos paralelos. "Fico muito feliz e tenho muito orgulho, afinal, ela seguiu meus passos, mas está trilhando o seu caminho, tem sua própria identidade. Embora trabalhemos na mesma linha no balé clássico, Tayane tem especializações que eu não tenho, como o sapateado e o trabalho que desenvolve junto à terceira idade", destaca Vívian.

Colegas de profissão

Para Samantha, o fato de ter seguido a mesma carreira que a mãe faz com que a relação entre as duas fique ainda mais bonita. "Não somos apenas mãe e filha, somos colegas de profissão, o que nos permite discutir também relações profissionais e isso contribui ainda mais para nossa aproximação." Mas ela lembra que a mãe é crítica e, diante da situação, acaba exigindo ainda mais. "Mas é bom porque sei que ela acredita em mim."

Chang reconhece que acaba sendo mais exigente com a filha devido ao fato de serem, também, colegas de profissão. "Ela já foi minha aluna e eu sei que cobrava mais dela, afinal, somos seres humanos e, neste caso, a maternidade acaba falando mais alto."

Vívian lembra que o fato de sua filha ter seguido seus passos profissionais faz com que, hoje, ela possa entender algumas ausências causadas pela dedicação ao trabalho. "Muitas vezes eu não estava em casa no horário em que as crianças estavam porque tinha as aulas. Além disso, em muitos finais de semana, em que, geralmente, as famílias estavam reunidas, eu estive distante devido às classes e às apresentações de balé. Agora ela passa por isso e percebe que tudo foi em função deles, dos meus filhos."

Cobranças

Embora cada filho tente trilhar o seu próprio caminho, quando a profissão da mãe é a escolhida por eles, uma das dificuldades diz respeito às cobranças. "Antes eu me cobrava muito, hoje, nem tanto. Pensava se conseguiria atingir o mesmo patamar em que ela chegou. Mas o mais importante disso tudo é que minha mãe é uma fonte boa de inspiração, ainda que eu caminhe com minhas próprias pernas, estaremos sempre nos complementando", destaca Tayane.

Para Chang, a comparação ocorre mais por parte das pessoas que as cercam. "A sociedade espera que sejamos iguais ou acabam depositando nela a expectativa de que será melhor do que eu. Este ponto de referência pode gerar ansiedade e angústia se não for bem administrado", pondera a professora.

Os textos são revisados por Thaísa Hosken


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