Quem é Liz Truss, nova primeira-ministra do Reino Unido
MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) - Terceira mulher primeira-ministra do Reino Unido, depois das também conservadoras Margaret Thatcher (1979-1990) e Theresa May (2016-2019), Liz Truss, 47, passou por diversos cargos em governos de seus colegas de partido.
Com Boris Johnson (2019-2022) foi secretária do Comércio Internacional e, desde o ano passado, atuava como secretária das Relações Exteriores. Com Theresa May (2016-2019), chefiou as pastas da Justiça e do Tesouro. Já com David Cameron (2010-2016), estava à frente do Ambiente. Nesse último cargo, Truss contrastou com seu antecessor ao dizer que acreditava na mudança climática sobre a qual os cientistas alertam e também que a humanidade estava contribuindo para o aquecimento.
Mary Elizabeth Truss assumirá o cargo de chefe de Governo oficialmente na terça-feira (6), após ter vencido por 81.326 votos contra 60.399 o ex-ministro das Finanças Rishi Sunak, 42, um bilionário ex-executivo do setor bancário e neto de imigrantes indianos.
Casada e mãe de duas filhas, Truss citou seus pais em um debate na TV em julho. Ela não é exatamente o que se pode chamar de orgulho da família: na verdade, seus pais ficaram horrorizados quando a filha se juntou ao Partido Conservador. "Fui criada num ambiente bastante de esquerda", disse ela ao jornal The Guardian em 2009. Nascida em 1975, Truss cresceu em Leeds, importante cidade industrial do norte da Inglaterra.
Priscilla Truss, mãe da nova primeira-ministra, fazia parte de uma ONG que lutava pelo desarmamento de bombas atômicas pelas superpotências. A menina, inclusive, participou de passeatas antinucleares na juventude, levada pela mãe. Mas mãe é mãe, e quando ela se candidatou ao Parlamento pela primeira vez, pelo Partido Conservador, Priscilla concordou em ajudar a filha na campanha.
Já o pai, John Kenneth, um professor universitário de matemática, negou-se a participar. Quando um colega de Kenneth soube da filiação de Elizabeth, enviou um email dizendo: "Vi que sua filha se tornou uma t***", brincando com a ideia de que "tory" --apelido dos conservadores no Reino Unido-- seria um palavrão feio demais para se escrever.
"Eu nunca conheci tories na escola. Todos os meus professores eram do Partido Trabalhista", contou Truss sobre sua vida em Leeds. Após um breve namoro com o partido de centro Liberal Democrata --a terceira força política no Reino Unido, atrás dos conservadores e dos trabalhistas--, Truss foi para a Universidade de Oxford. Lá, estudou política, economia e filosofia e também conheceu pela primeira vez estudantes conservadores. Quando fez seu primeiro estágio, na companhia Shell, ela já pedia horas de folga aos seus chefes para participar de convenções no Partido Conservador.
Durante a campanha, Truss se envolveu em uma polêmica ao criticar sua antiga escola em Leeds. Segundo ela, muitas crianças ali estavam desiludidas com a baixa qualidade da educação, ao que o atual diretor da escola retrucou que ela não sabia do que estava falando. "Primeiro ela disse que nossa escola tinha uma orientação de esquerda e agora critica nossos professores", reclamou.
Após os comentários de Truss de que a escola era "vermelha", veio à tona o fato de que, na verdade, o Partido Conservador controlou a política educacional de Leeds entre 1955 e 1997, o que inclui os anos em que ela estudou lá.
Como primeira-ministra, Truss enfrentará uma longa lista de problemas, que os legisladores da oposição dizem ser o resultado de 12 anos de um governo conservador fraco.
Durante a campanha, ela prometeu agir rapidamente para enfrentar a crise do custo de vida no Reino Unido, dizendo que apresentará no período de uma semana um plano para enfrentar o aumento das contas de energia e garantir o abastecimento futuro de combustível.
Ela também sinalizou que eliminaria os aumentos de impostos e cortaria outras taxas em um movimento que alguns economistas dizem que alimentaria a inflação.
Isso, junto com a promessa de revisar o mandato do Banco da Inglaterra enquanto protege sua independência, levou alguns investidores a abandonar a libra e os títulos do governo.