Erdogan se autoelogia como mediador na guerra e cobra mais ação da ONU
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente turco Recep Tayyip Erdogan deixou de lado a modéstia ao destacar suas tentativas de buscar a paz na Guerra da Ucrânia na Assembleia-Geral da ONU nesta terça (20).
Em seu discurso, ele afirmou que o acordo de exportação de grãos ucranianos que ele ajudou a mediar, citado pelo secretário-geral António Guterres na abertura do evento, foi um dos momentos de maior relevância das Nações Unidas nos últimos anos e reviveu a confiança da comunidade internacional nela. Ele ainda lançou um apelo para que os demais países apoiem futuras iniciativas da Turquia de construir a paz na região, reforçando sua busca por se projetar como moderador entre Ocidente e Oriente.
O autoelogio foi seguido por uma crítica à própria ONU, que segundo Erdogan não tem sido efetiva e precisa investir mais esforços para solucionar os problemas globais. Ele insinuou que um dos problemas nesse sentido é a falta da representatividade do atual Conselho de Segurança, o mais importante do organismo multilateral. "O mundo é maior do que cinco", disse ele, em referência ao número de países que tem poder de veto dentro do colegiado.
Além da guerra, Erdogan também pincelou a posição da Turquia em vários dos conflitos que ocorrem em sua área de influência. Um dos momentos mais enfáticos do seu pronunciamento foi quando discorreu sobre a crise de refugiados, uma de suas maiores dores de cabeça hoje - a Turquia abriga 3,6 milhões de imigrantes sírios que, na visão de parte da população, competem por vagas de empregos.
Exibindo uma imagem que mostrava uma paisagem desértica com fileiras de casas até onde a vista alcançava, ele afirmou que seu governo ergueu na Síria 100 mill casas, e está construindo outras 200 mil, para que um milhão de refugiados possam voltar ao seu país de origem. Também acusou a Grécia de agir com tirania em relação aos refugiados, mostrando em seguida uma fotografia de duas crianças mortas enquanto tentavam fazer a travessia para o país. "A Grécia está tornando o mar Egeu um cemitério", disse.