Pacotes com sangue enviados a embaixadas da Ucrânia partiram de loja da Tesla
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os pacotes macabros enviados para embaixadas da Ucrânia em 15 países tinham o endereço de uma concessionária da Tesla na Alemanha, disse Kiev nesta quarta-feira (7). Segundo o Ministério das Relações Exteriores do país do leste europeu, as caixas foram enviadas de agências de correio sem sistema de câmeras, o que dificulta encontrar o responsável pelos envios.
Os pacotes, segundo o ministro ucraniano Dmitro Kuleba, fazem parte de uma "campanha de terror contra diplomatas ucranianos". "Todos os envelopes têm o mesmo endereço de remetente: a concessionária de automóveis Tesla na cidade alemã de Sindelfingen", escreveu ele em sua conta no Facebook.
Segundo o ucraniano, os remetentes também não deixaram vestígios de seu DNA nas caixas e nos envelopes. "Isso, em particular, indica o nível profissional de execução", acrescentou.
Na sexta (2), a embaixada da Ucrânia na Espanha recebeu um pacote ensanguentado com olhos de animais. De acordo com um porta-voz da diplomacia ucraniana, 31 caixas semelhantes foram enviadas às representações em outros países, como Áustria, Croácia, Dinamarca, Holanda, Hungria, Itália, Polônia, Portugal, República Tcheca e Romênia.
Dois dias antes, um agente de segurança da embaixada ucraniana em Madri ficou ferido após abrir uma carta-bomba endereçada ao chefe do posto diplomático. Após o incidente, Kuleba determinou que todas as embaixadas do país reforçassem o esquema de segurança com urgência.
Paralelamente, a polícia espanhola desarmou bombas enviadas para outras pessoas, incluindo o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez. É incerto se os envelopes também tinham o endereço da concessionária da Tesla -na semana passada, autoridades disseram que indícios apontavam que os explosivos foram postados por um remetente de dentro da Espanha.
As autoridades alemãs e a concessionária da Tesla em Sindelfingen, no sul da Alemanha, não responderam os questionamentos da agência de notícias Reuters.
Em outubro, o presidente-executivo da Tesla, Elon Musk, foi criticado na Ucrânia por sugerir um possível acordo de paz para encerrar a guerra. Na ocasião, o bilionário propôs que a Crimeia anexada em 2014 deveria ser russa por constituir área histórica de Moscou. Para ele, novos referendos lá e nas regiões agora anexadas por Moscou deveriam ser feitos sob supervisão da ONU para definir o destino delas.
Além disso, a proposta de Musk define que Ucrânia se declarare neutra, uma demanda russa desde o começo do conflito, visando evitar a Otan e a União Europeia em sua maior fronteira ocidental. "Rússia tem três vezes mais população que a Ucrânia, então a vitória da Ucrânia é improvável em caso de guerra total. Se você se preocupa com a população da Ucrânia, busque a paz", escreveu em sua conta no Twitter.
No mesmo mês, Musk também causou alarme em Kiev quando disse que sua empresa de foguetes SpaceX não poderia financiar indefinidamente seu serviço de internet na Ucrânia. A tecnologia ajuda civis e militares do país a permanecerem online durante a guerra com a Rússia. Após a repercussão negativa, porém, Musk mudou de ideia um dia depois.