EUA autorizam extradição de ex-presidente do Peru Alejandro Toledo
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Departamento de Estado dos EUA autorizou a extradição do ex-presidente do Peru Alejandro Toledo, informou o Ministério Público do país latino-americano nesta terça-feira (21). O político, que foi presidente de 2001 a 2006, era considerado foragido.
Toledo é acusado de ter recebido propina da Odebrecht em troca da outorga da licitação da rodovia Interoceânica, que liga o Peru ao Brasil, em um caso relacionado à Lava Jato. Também recaem sobre ele suspeitas de tráfico de influência, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
O ex-presidente tem ordens de prisão preventiva em seu país de origem, além de uma condenação de 20 anos e seis meses emitida pelo juiz José Domingo Pérez em agosto de 2020.
Segundo o jornal peruano El Comércio, Toledo admitiu ter recebido parte dos US$ 34 milhões em subornos que a Odebrecht teria pagado. Ele afirma, porém, que é inocente e que o empresário peruano-israelense Josef Maiman, já morto, foi o responsável pelas tratativas, que teriam ocorrido sem o seu conhecimento. Maiman assinou acordo de colaboração com a Justiça e morreu em outubro de 2021.
Também é investigada a compra de uma casa e um escritório no nome da sogra de Toledo por cerca de US$ 5 milhões ?supostamente fruto de lavagem de dinheiro. A mulher do ex-presidente, Eliane Karp, também já foi alvo de uma ordem de prisão por lavagem de dinheiro.
O Peru tenta extraditar o político desde 2018. Em 2019, em um esforço para conseguir seu retorno, o ex-presidente foi detido nos EUA, onde trabalhava como professor visitante da Universidade Stanford. Toledo costuma dizer que as acusações têm motivação política.
Os ex-presidentes peruanos Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018) também foram investigados pela Justiça, assim como Alan García (1985-1990 e 2006-2011). O último morreu em 2019 poucas horas depois de atirar contra a própria cabeça, quando soube que a Justiça havia pedido sua prisão preliminar por dez dias.
O Peru é um dos países mais afetados pelo escândalo de corrupção da Odebrecht. A empresa admitiu, como parte de um acordo de colaboração com o Departamento de Justiça dos EUA, o pagamento de quase US$ 800 milhões em subornos a governos da América Latina.