Papa Francisco recebe alta 9 dias após cirurgia e retoma agenda no Vaticano

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após nove dias internado em Roma por uma cirurgia na região abdominal, o papa Francisco, 86, recebeu alta nesta sexta (16) e retorna ao Vaticano para sua agenda que, na semana que vem, deve incluir um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O pontífice deixou o hospital Gemelli, em Roma, em uma cadeira de rodas, por volta de 8h45 do horário local (3h45 em Brasília), e falou brevemente com repórteres que o aguardavam nos arredores. "Ainda vivo", respondeu sorrindo quando questionado como se sentia.

O Vaticano informou que Francisco presidirá a bênção do Angelus, neste domingo (18), mas que sua audiência semanal realizada às quartas-feiras foi cancelada para que o papa tenha tempo de descanso.

O cirurgião que operou o papa, Sergio Alfieri, disse que ele está bem para voltar aos compromissos, mas que ainda precisa ser monitorado. "O papa está bem, ele está em melhor forma do que antes", afirmou a jornalistas em Roma. "Mas pedimos a ele que descanse um pouco."

O médico confirmou que o argentino estava bem inclusive para viajar --o papa tem uma viajem a Portugal no início de agosto, para a Jornada Mundial da Juventude, e outra à Mongólia. Segundo Aldieri, a agenda será possível porque Francisco não contará mais com os desconfortos que motivaram a cirurgia.

O papa foi submetido no último dia 7 a procedimentos com anestesia geral em razão de risco de obstrução intestinal. Eles incluíram uma laparotomia (abertura cirúrgica da cavidade abdominal) e uma operação plástica para reconstruir com prótese a parede abdominal.

O pontífice usualmente tira férias durante todo o mês de julho, de modo que seu único compromisso público são as orações de domingo, que reúnem fiéis e turistas. Assim, espera-se que ele tenha tempo para descansar antes das viagens internacionais que constam na agenda.

À agência Reuters fontes diplomáticas disseram que Francisco deve receber o líder do regime de Cuba, Miguel Díaz-Canel, na próxima terça-feira (20). Também na próxima semana, o presidente Lula vai ao Vaticano e a Roma, onde espera-se que encontre com o pontífice.

Ainda nesta sexta-feira, por meio de uma carta, Francisco manifestou ao presidente da Bolívia, Luis Arce, que sente vergonha e consternação após as revelações de abusos sexuais cometidos no país por religiosos contra menores de idade ao longo de décadas.

O país sul-americano abriu uma ampla investigação sobre crimes cometidos por religiosos após virem à tona, por meio de revelações do jornal espanhol El País, diários do padre espanhol Alfonso Pedrajas relatando abusos que teria cometido contra dezenas de menores no país na década de 1970. Morto em 2009, ele coordenou, por décadas, escolas jesuítas em comunidades bolivianas marginalizadas.

A carta, compartilhada pelo presidente e por alguns de seus ministros em redes sociais, foi uma resposta a texto sobre o assunto enviado por Arce em maio passado. O papa descreveu os fatos como deploráveis e disse que as ações dos religiosos são nefastas. Disse, ainda, que há uma "promessa de total disponibilidade da igreja para trabalhar junto ao governo" do país e um dever de "reparar as injustiças".

Arce agradeceu Francisco e pediu mais medidas práticas. "Temos que fortalecer o controle para evitar que sacerdotes estrangeiros com antecedentes de crimes sexuais ingressem em nosso país", afirmou.

Ainda na saída do hospital em Roma, o papa voltou a comentar, de forma breve, a tragédia na Grécia após o naufrágio de um navio de pesca que levava cerca de 750 migrantes da África à Europa. Ao menos 78 corpos já foram encontrados, e centenas de pessoas estão desaparecidas. "Tanta dor, mas tanta", disse Francisco a repórteres.