Irã afasta fiscal da moralidade após suposto vídeo de sexo gay

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um vídeo de sexo entre dois homens levou ao afastamento do cargo de uma autoridade responsável por promover os valores islâmicos no Irã. Isso porque um dos homens filmados seria o próprio funcionário Reza Tsaghati, que atua na província de Gilan.

A gravação, que viralizou nas redes sociais, não teve sua autenticidade confirmada de forma independente e foi divulgada no Telegram pela Radio Gilan, canal crítico ao regime. Tsaghati foi removido do cargo enquanto é investigado --a homossexualidade é crime punível com pena de morte no país do Oriente Médio.

No início deste mês, por exemplo, o presidente iraniano Ebrahim Raisi, atacou a comunidade LGBTQIA+ em uma visita à Uganda. "O Ocidente está tentando promover a ideia da homossexualidade e, ao promover a homossexualidade, está tentando acabar com a geração de seres humanos", afirmou.

Após um período de silêncio, o departamento de orientação cultural e islâmica se manifestou sobre o caso do vídeo no dia 22 de julho, em um comunicado que menciona a "suspeita de um passo em falso do promotor de valores islâmicos em Gilan". O regime afirmou que o episódio seria analisado, mas repudiou o uso do vídeo para "enfraquecer a honrada frente cultural da Revolução Islâmica".

A despeito da veracidade da gravação, o episódio colocou mais tensão no país, que no ano passado foi palco de protestos massivos após a morte de Mahsa Amini, 22, sob a custódia da polícia moral do Irã por supostamente não usar o hijab na capital do país, Teerã. Tsaghati, que já ocupou outros cargos no regime, fundou uma organização de incentivo à castidade e ao uso do véu.

Os atos foram a maior demonstração de oposição ao regime em anos, com muitos pedindo o fim do regime em vigor desde 1979. As manifestações foram reprimidas com violência --segundo a Human Rights Watch, as forças de segurança usaram armas de fogo contra os manifestantes "em ambientes amplamente pacíficos e muitas vezes lotados".

De acordo com a Agência de Notícias de Ativistas de Direitos Humanos mais de 500 pessoas foram mortas em mais de 100 dias de protestos, dentre elas 69 crianças. Na época, grandes potências ocidentais anunciaram a expansão da série de sanções contra o país.

Peyman Behboudi, editor-chefe do canal que inicialmente divulgou o vídeo, disse que continuaria expondo "a corrupção entre os funcionários do regime".