Rússia acusa de espionagem ex-funcionário de consulado dos EUA

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Serviço Federal de Segurança (FSB) da Rússia acusa Robert Shonov, um ex-funcionário do consulado dos Estados Unidos em Vladivostok, de repassar ilegalmente informações sobre a Guerra da Ucrânia a dois funcionários diplomáticos de Washington.

De acordo com a agência de notícias Tass, o FSB divulgou um vídeo com a confissão de Shonov. O homem, de nacionalidade russa, é acusado de cooperação confidencial com um Estado estrangeiro.

Detido desde maio, Shonov teria trabalhado na representação no extremo leste russo por mais de 25 anos, afirma Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA. Em abril de 2021, o Kremlin proibiu nacionais do país de trabalharem para missões diplomáticas americanas na Rússia.

Ainda segundo Miller, o após deixar o cargo no consulado, o homem prestou serviços, até sua detenção, para uma empresa privada contratada pela embaixada dos Estados Unidos em Moscou, "em estrito acordo com as leis e regulações da Rússia".

"Como em qualquer missão diplomática no mundo, as embaixadas dos EUA contratam serviços locais. A única função do senhor Shonov quando ele foi detido era de compilar resumos de fontes públicas da imprensa russa. Ele ser acusado de 'cooperação confidencial' reforça como a Rússia usa suas leis cada vez mais repressivas contra seus próprios cidadãos", afirma comunicado do Departamento de Estado.

Em comunicado, o FSB diz que Shonov esteve em contato e desempenhando tarefas para Jeffrey Sillin e David Bernstein em troca de "recompensa material" desde setembro de 2022 até sua detenção.

Ele teria coletado informações sobre a "operação militar especial" (a forma oficial com que o Kremlin se refere à Guerra da Ucrânia), o recrutamento em várias regiões do país e o impacto de manifestações públicas na Rússia às vésperas da eleição presidencial de 2024. O serviço de segurança afirma ainda que planeja interrogar os dois diplomatas americanos.

Shonov estaria detido na penitenciária de Lefortovo, em Moscou, segundo a imprensa russa. O local é o mesmo em que está preso, aguardando julgamento, Evan Gerchkovitch, jornalista americano de origem russa que trabalha para o jornal The Wall Street Journal.

Gerchkovitch foi detido poucas semanas antes de Shonov e acusado de coletar informações militares secretas para os Estados Unidos, que negam as acusações, assim como o Wall Street Journal. Em meio a assédios a jornalistas e perseguição à imprensa do país, seu caso foi o mais grave do gênero desde o começo do conflito na Ucrânia -Gerchkovitch foi o primeiro jornalista americano detido na Rússia por espionagem desde a Guerra Fria.