Brasil volta a condenar embargo à Cuba na ONU

Por FERNANDA PERRIN

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - O Brasil voltou a se posicionar contra o embargo americano à Cuba em votação na Assembleia-Geral das Nações Unidas nesta quinta (2), após a quebra na tradição durante o governo Jair Bolsonaro.

Todo ano, desde 1992, o fórum aprova uma resolução condenando o bloqueio, com apoio de praticamente todos os países membros da organização --votam contra os EUA e Israel, e a Ucrânia se abstém.

No primeiro ano de Bolsonaro no Planalto, porém, o Itamaraty rompeu com a tradição e se opôs à resolução, sendo 1 dos 3 votos contrários. No ano passado, último do mandato do ex-presidente, o Brasil se absteve junto com a Ucrânia.

Na votação desta quinta, 187 estados, incluindo o Brasil, apoiaram a resolução que condena o embargo, imposto por Washington à ilha em 1960, após a ascensão de Fidel Castro ao poder.

No texto deste ano, a resolução aponta que, em 2015 e 2016, houve um esforço do governo de Barack Obama para flexibilizar o bloqueio, mas que, desde 2017, essa iniciativa não só foi abandonada, como medidas para reforçar o embargo passaram a ser adotadas.

O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, acusou os EUA de violarem as regras do comércio internacional ao imporem o bloqueio. Ele listou altos preços e falta de itens básicos como as principais consequências da política americana.

"É inaceitável privar um povo inteiro de seu direito à paz, autodeterminação e progresso humano", disse o cubano.

Na mesma linha, o embaixador brasileiro na ONU, Sérgio Danese, afirmou que o bloqueio não prejudicou Cuba apenas em termos econômicos, como também afetou o direito dos cubanos de exercerem em plenitude seus direitos.

O representante americano na assembleia, Paul Folmsbee, justificou a posição de seu país afirmando que o bloqueio é uma ferramenta utilizada por Washington para impulsionar a Cuba no caminho da democracia e respeito pelos direitos humanos.

Diante das críticas feitas por diplomatas de outros países, especialmente da América Latina, ele disse ainda que há exceções nas sanções relacionadas a alimentos e remédios.