Venezuela liberta americanos em troca da soltura de aliado de Maduro

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O regime da Venezuela libertou 21 pessoas, incluindo oito americanos, algumas das quais haviam sido presas por motivos políticos, segundo organizações que atuam com direitos humanos. A ação faz parte de um acordo com Washington que determinou ainda a soltura de um aliado do ditador Nicolás Maduro.

Maduro planeja libertar no total até 36 pessoas, incluindo 12 americanos, disseram duas autoridades venezuelanas nesta quarta-feira (20) à agência de notícias Reuters. O acordo para a troca de prisioneiros foi mediado pelo Qatar.

O aliado de Maduro é o empresário colombiano Alex Saab, acusado por promotores americanos de desviar cerca de US$ 350 milhões (R$ 1,7 bilhão) da Venezuela via EUA em um esquema que envolvia subornar funcionários do regime. Ele nega a acusação.

Maduro celebrou a soltura de Saab. "Sua liberdade é um símbolo de vitória", disse o regime em comunicado. O empresário havia sido detido em Cabo Verde no ano 2020 e extraditado aos EUA em outubro de 2021.

A lista de contemplados pelo regime venezuelano inclui militantes ligados à oposição. Alguns teriam envolvimento com a campanha da candidata presidencial Maria Corina Machado, hoje considerada a principal candidata opositora. Outros teriam participado da organização das primárias de partidos da oposição em outubro. O acordo determina que eles sejam soltos e tenham suas ordens de prisão retiradas.

Segundo o grupo Coalizão pelos Direitos Humanos e a Democracia, até o momento foram soltos 13 venezuelanos e oito americanos, entre eles Luke Alexander Denman e Airan Berry, que cumpriam uma condenação de 20 anos por uma incursão armada falida na Venezuela em 2020.

O governo americano relaxou as sanções contra a Venezuela em outubro em resposta a um acordo de Maduro realizar eleições justas em 2024. Mas a Casa Branca havia dito nas últimas semanas que estava preparada para pausar o alívio das sanções a menos que houvesse progresso na libertação de prisioneiros.

Joe Biden, presidente dos EUA, questionado sobre a possibilidade de uma troca de prisioneiros, disse a repórteres que a situação "parece boa". Ele acrescentou: "Parece que Maduro, até agora, está cumprindo seu compromisso com uma eleição livre. Ainda não está concluído. Tem um longo caminho a percorrer. Mas está bom até agora."

Embora as libertações possam ser vistas como um passo de Maduro para cumprir as exigências dos EUA, o retorno de Saab marcaria uma vitória para o ditador, uma vez que seu retorno à Venezuela era considerado improvável.

Washington havia dado ao regime venezuelano até 30 de novembro para progredir na remoção das proibições a candidatos da oposição de concorrerem a cargos públicos e começar a soltar prisioneiros políticos e americanos "detidos injustamente", segundo os EUA, para evitar a reintrodução de sanções.

A Venezuela está permitindo que os candidatos da oposição apelem contra as proibições, mas não havia feito muito progresso na libertação de prisioneiros antes desta quarta.

"Queremos garantir que nossos compatriotas americanos sejam libertados. Também estamos focados nos prisioneiros políticos na Venezuela e tentando garantir sua libertação", disse Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, em entrevista. "Esperamos ter algumas boas notícias."