Irã diz ter prendido vários suspeitos de envolvimento nos atentados que mataram 84
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O regime do Irã disse nesta sexta-feira (5) ter prendido vários suspeitos de envolvimento nos atentados que mataram 84 pessoas e feriram outras 280 em uma cerimônia na cidade de Kerman, no sudeste do país. No mesmo dia, a população que compareceu ao funeral das vítimas clamou por vingança.
Centenas de pessoas em luto choraram sobre os caixões das vítimas após as duas explosões que foram reivindicadas pelo Estado Islâmico (EI). Imagens transmitidas pela televisão estatal iraniana mostram que a multidão gritou várias vezes a palavra "vingança" durante o funeral.
O EI disse na véspera que dois de seus membros detonaram cintos explosivos em meio à multidão que se reunia em um cemitério de Kerman, numa cerimônia para homenagear o general iraniano Qassim Suleimani, morto por um ataque com drone dos Estados Unidos em 2020. Os atentados, ocorridos na quarta (3), foram os mais sangrentos no país desde a Revolução Islâmica de 1979.
O ministro do Interior do Irã, Ahmad Vahidi, disse à televisão estatal que vários suspeitos foram presos, sem especificar quantos. "As competentes agências de inteligência do nosso país encontraram pistas muito boas sobre os elementos envolvidos nas explosões. Uma parte dos que tiveram participação foi presa", afirmou ele.
O vice-ministro do Interior, Majid Mirahmadi, acrescentou que os suspeitos foram detidos em cinco cidades de cinco províncias. Eles teriam apoiado ou participado de forma direta das ações terroristas. Outros detalhes devem ser divulgados nos próximos dias, segundo a agência de notícias estatal.
O presidente Ebrahim Raisi disse em um discurso televisionado que as forças iranianas decidirão o local e a hora de agir. E o comandante da Guarda Revolucionária, o major-general Hossein Salami, emendou: "Nós o encontraremos onde quer que você esteja", afirmou ele, referindo-se, sem mencionar nomes, a outras pessoas que estariam envolvidas no atentado.
O EI não divulgou as motivações para o atentado nem provas de autoria. O grupo, contudo, é formado por extremistas sunitas que se opõem ao regime xiita do Irã.
A facção emergiu do caos da guerra civil na Síria na última década e assumiu vastas áreas do país e do Iraque em 2014. O grupo, que matou e executou milhares de pessoas em nome de sua interpretação radical do islã, foi derrotado em 2017 por forças iraquianas e internacionais. Nos últimos anos, os militantes remanescentes vivem escondidos, mas ainda são capazes de realizar ataques.
O atentado nesta quarta aumentou ainda mais a tensão no Oriente Médio e o risco de um alastramento regional da guerra entre Israel e seus adversários, ora focada no embate entre Tel Aviv e o grupo terrorista palestino Hamas na Faixa de Gaza. Os canais de televisão estatais iranianos mostraram multidões reunidas em dezenas de cidades, incluindo Kerman, gritando: "Morte a Israel" e "Morte à América".