Irã acusa Israel de matar 4 militares da Guarda Revolucionária na Síria
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um ataque de mísseis de Israel contra Damasco, a capital da Síria, matou neste sábado (20) quatro membros da Guarda Revolucionária do Irã, incluindo o chefe e o vice da unidade de informação da força na Síria, informou a ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos.
Num comunicado transmitido pela televisão estatal iraniana, a Guarda Revolucionária confirmou as mortes e acrescentou que o prédio atacado, no bairro de Mazzeh, era a residência de seus conselheiros militares.
Não houve comentários de Israel, que há muito leva a cabo uma campanha de bombardeamentos contra alvos ligados ao Irã na Síria. Depois do início da guerra contra o grupo terrorista palestino Hamas, em 7 de outubro, contudo, os ataques israelenses estão mais mortais, dado que o Irã apoia o Hamas.
Segundo a agência de notícias Reuters, uma quinta pessoa foi morta no ataque deste sábado, mas ainda se desconhece a nacionalidade da vítima.
As explosões foram ouvidas em toda a capital síria e o prédio desabou por completo, de acordo com a imprensa de Damasco. Ambulâncias e bombeiros se reuniram ao redor do local do ataque, que foi isolado, e as operações de resgate de pessoas presas sob os escombros estão em andamento.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos informou que o bairro onde ocorreu o ataque é conhecido por abrigar facções palestinas pró-Irã e unidades de comandos da Guarda Revolucionária, o exército ideológico de Teerã. "É certo que visavam altos comandos" destes grupos, disse o presidente do Observatório, Rami Abdel Rahman.
Desde que a guerra civil da Síria começou, em 2011, Israel lançou centenas de ataques aéreos contra o território do país, tendo como alvo forças alinhadas com o Irã, seu rival regional, mas também posições do Exército de Damasco. O Irã e os seus aliados militares na Síria entrincheiraram-se em vastas áreas do leste, sul e norte da Síria e em vários subúrbios ao redor da capital.
As ofensivas israelenses na região se intensificaram após o início do conflito entre Israel e Hamas. Em dezembro, um ataque aéreo das forças de Tel Aviv matou dois membros da Guarda Revolucionária, e outra ofensiva, perto de Damasco, matou um conselheiro sênior da guarda que supervisionava a coordenação militar entre a Síria e o Irã.
Em paralelo, Tel Aviv segue com a sua guerra terrestre e aérea na Faixa de Gaza, com o objetivo de erradicar o Hamas, que controla o território palestino. O conflito, que já passa dos cem dias, vem repercutindo em todo o Médio Oriente, gerando um aumento da violência não só na Síria, mas também no Líbano, no norte do Iraque, no Mar Vermelho e na Cisjordânia ocupada.
No Líbano, o número dois do Hamas, Saleh al Aruri, morreu no começo do mês em um ataque israelense no sul de Beirute, reduto do Hezbollah, outro movimento pró-iraniano da região. Tel Aviv não assumiu a autoria.
Nesta sexta-feira (19), um adolescente palestino-americano foi morto pelas forças de segurança israelenses na Cisjordânia, informaram autoridades de saúde palestinas.
Os militares de Israel, um alado dos EUA, não responderam a um pedido de comentários.
O jovem tinha 17 anos, disse o tio do menino à Reuters, acrescentando que o incidente ocorreu durante confrontos com os militares israelenses, que incluíram o lançamento de pedras por palestinos.
Segundo a agência de notícias oficial palestina Wafa, o jovem foi morto por tiros israelenses.
Questionado numa reunião na Casa Branca na sexta, o porta-voz da Segurança Nacional, John Kirby, afirmou não ter um contexto exato sobre o que aconteceu, mas disse estar seriamente preocupado e que o governo americano está em contato com oficiais na Cisjordânia para obter mais informações.
Também nesta sexta, depois de falar por telefone com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netaniahu, o presidente americano, Joe Biden, disse que a criação de um Estado palestino era possível ainda durante o mandato do premiê.
A conversa foi a primeira entre os líderes em quase um mês, e aconteceu um dia depois de Netanyahu afirmar, numa entrevista coletiva para a imprensa em Israel, que tinha dito às autoridades norte-americanas, em termos claros, que não apoiaria um Estado palestino como parte de qualquer plano pós-guerra.