Bukele faz propaganda em maior centro de votação de El Salvador apesar de veto

Por DANIELA ARCANJO

SAN SALVADOR, EL SALVADOR (FOLHAPRESS) - O principal centro de votação de El Salvador, na região central da capital, San Salvador, está tomado de propaganda a favor do presidente licenciado e favorito na disputa eleitoral deste domingo (4), Nayib Bukele.

Há faixas em viadutos, tendas e dezenas de cartazes estampando a letra "N" sobre um fundo azul celeste, marca do seu partido, o Novas Ideias.

A propaganda descumpre ordem do Tribunal Supremo Eleitoral. Na quinta-feira (1º), o órgão lembrou nas redes sociais que, "segundo o artigo 175 do código eleitoral, está proibida a propaganda durante os três dias anteriores à eleição e no próprio dia da mesma" a partidos políticos e seus simpatizantes.

Na postagem, o tribunal afirmou ainda que não seria permitido propaganda de partidos nos locais de votação.

A ornamentação do centro em San Salvador começou a ser preparada pelo Novas Ideias nos últimos dias, o que rendeu uma denúncia ao TSE salvadorenho, segundo afirmou reportagem do jornal El Diario de Hoy. O veículo atribuiu a informação a um membro da Junta Eleitoral do departamento da capital que permaneceu sob condição de anonimato.

A expectativa, porém, é que a denúncia não vá para frente. A corte, aparelhada por Bukele em sua trajetória de concentração de poder nos últimos cinco anos, tampouco agiu quando o governo se recusou a pagar o fundo eleitoral para a oposição, que fez uma campanha visivelmente menos opulenta em comparação com o Novas Ideias.

Isso sem mencionar a própria candidatura do político à reeleição, proibida por ao menos quatro artigos da Constituição salvadorenha.

A desigualdade de forças durante a campanha apenas aprofundou o fosso de popularidade entre Bukele e seus adversários. Institutos de pesquisa eleitoral afirmam que o presidente licenciado tem entre 70% e 90% das intenções de voto, enquanto, o segundo lugar, Manuel Flores, da sigla esquerdista FMLN (Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional), pontua algo entre 2% e 5%.

A chave da sua muito provável vitória foi a segurança, citada por Maria José Alfaro, 33, Edwin Alfaro, 26, e Manuel Soreano, 32, que vieram votar no centro de votação da avenida Olímpica durante a manhã.

"Tenho 32 anos e nunca desfrutei da tranquilidade que tive nos últimos três anos em El Salvador na minha vida", afirma Soreano.