Argélia inaugura maior mesquita da África, após longo atraso e polêmicas
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Argélia inaugurou no último domingo (25) a maior mesquita do continente africano. Construída por uma empresa chinesa ao longo dos anos 2010, a mesquita inicialmente era uma demonstração de patrocínio por parte do Estado argelino de força e religiosidade, mas com o passar do tempo, transformou-se em símbolo de custos em excesso.
O projeto original da mesquita foi concebido no governo do ex-presidente Abdelaziz Bouteflika, de modo que este seria um dos legados do então chefe de Estado argelino morto em 2021. Segundo o The Guardian, Bouteflika queria que a mesquita se chamasse "Mesquita Abdelaziz Bouteflika", tal como a mesquita Hassan 2º homenageia o antigo rei do Marrocos.
Os anseios do líder argelino, contudo, não foram contemplados. Em 2019, o país foi varrido por uma onda de protestos contra Bouteflika, que à época anunciara sua candidatura nas eleições nacionais. Se eleito, o então presidente seguiria com seu quinto mandato, porém este não foi o caso, pois o líder argelino renunciou depois de 20 anos no poder.
A renúncia de Bouteflika impactou diretamente a inauguração da mesquita, programada para fevereiro de 2019. Além da turbulência política, há suspeitas de corrupção no governo do líder argelino que prejudicaram a construção não só da mesquita, mas também de uma rodovia e cerca de 1 milhão de unidades habitacionais.
Ao longo dos sete anos de construção, a mesquita foi alvo de críticas. Para alguns argelinos, seria melhor destinar os US$ 898 milhões gastos (R$ 4,4 bilhões) à construção de hospitais pelo país.
A escolha de onde seria erguido o local de culto também foi alvo de controvérsia. Ela causou preocupação em especialistas, que, segundo eles, tratava-se de um lugar arriscado em termos de sismos. A Algérie Presse Service, agência de notícias estatal, entretanto, negou a possibilidade de risco.
Chamada de Grande Mesquita de Argel, ela tem o minarete mais alto do mundo, com 265 metros. A sala de oração tem capacidade para receber cerca de 120 mil pessoas, a biblioteca pode acomodar até um milhão de livros e, aos que desejam chegar de um jeito único para fazer suas orações, a mesquita tem plataforma de pouso de helicóptero.
Apesar de aberta a turistas e residentes de Argel há cinco anos, a mesquita foi inaugurada oficialmente no domingo pelo atual presidente argelino, Abdelmadjid Tebboune, em um evento cerimonial. A data de abertura oficial parece ter sido estrategicamente estabelecida, afinal no próximo mês, em março, começa o Ramadã.