Cuidado com o parcelamento de compras

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Crédito fácil, divida é certa Nas compras de Natal, é preciso cuidado com o crédito fácil e a perder de vista. Anote as dicas para resistir a tentação do 13º

Fernanda Leonel
Repórter
19/12/2006
Veja as dicas do doutor em Economia Aplicada, Fernando Agra, em entrevista ao Portal ACESSA.com, em dezembro de 2005, sobre os cuidados que se deve ter na hora de fazer o planejamento financeiro em 2006.

Em Juiz de Fora, basta dar uma voltinha pelo centro da cidade em qualquer dia ou horário dessa semana do Natal para ter certeza de que não é à toa que as lojas e comerciantes esperam ansiosos pela chegada do bom velhinho. As vendas e os lucros realmente crescem e melhoram a vida de muita gente.

Na cidade, a expectativa de crescimento de vendas é de 9% a mais que em 2005, segundo a Câmara de Dirigentes Logistas de Juiz de Fora (CDL). Para o presidente do CDL, Vandir Domingos (foto abaixo), o número de clientes que estão em condições de comprar a prazo é maior depois da campanha "Faça as pazes com o seu Crédito", realizada ao longo do ano.

Mais gente com crédito, vendas maiores, e perigo à vista. Na época em que as promoções e muitas luzes convidam o consumidor a gastar o 13º salário, que este ano deve injetar R$ 53 bilhões na economia brasileira, os economistas alertam para o cuidado com o parcelamento de compras.

Como destaca o economista Fernando Teixeira é preciso tomar cuidado para que as compras de Natal não se transformem num peso durante todo o ano seguinte. "O consumidor tem que ter muita cautela antes de se endividar".

O saldo das operações de crédito ao consumidor deve fechar o ano em R$ 200 bilhões – uma alta de quase 30% em relação a 2005. Grande parte desse volume é oferecido diretamente nas lojas. Lojas de Juiz de Fora como a C&A Modas, por exemplo, tem crediário próprio e crescem suas vendas sob isso. A assessoria da rede não informou números, mas a média de cartões emitidos por dia é superior a cem.

Com o maior volume de crédito disponível, a taxa média de juros ao consumidor tem caído, "mas ainda é muito alta", diz Fernando. Em média, o brasileiro pagará este ano 6,16% ao mês no crediário, ou 0,04 ponto percentual a mais que no ano passado.

O presidente do Sindicomércio Juiz de Fora, Oddone Turolla, destacou como essa fraquina de crédito está ditando moda nas compras e lembrou também, que além dos consumidores, os próprios lojistas devem ficar atentos a abertura de possibilidades de se pagar depois.

"Hoje em dia, tem que se ter muito pé no chão na hora de fazer compras, principalmente compras de fim de ano que são movidas mais pela emoção que pela razão. Tem loja de calçados que está vendendo sapatos com dez parcelas de R$ 2,99. De grão em grão a galinha enche o papo".

Fernando concorda. Para o economista o ideal seria o consumidor poupar e depois comprar à vista, para escapar dos juros. "Mas na prática não se aplica. Como a população no geral tem baixa renda, geralmente aparece alguma dificuldade que dificulta a poupança". Por isso, segundo o economista, o crédito é benéfico para consumidor.

A velha história do "menos pior"

Na hora de recorrer a um financiamento, o consumidor deve buscar a alternativa mais vantajosa. As taxas oferecidas pelos varejistas são, em geral, maiores do que a de um financiamento bancário normal, mas menores do que os cobrados no cartão de crédito e pelo cheque especial. Por isso, quem puder tirar um empréstimo bancário e pagar à vista, é preferível.

Já o financiamento oferecido pelo lojista tem a vantagem de ser rápido e sem burocracia, e não requerer que o consumidor seja cliente de um banco. "Para uma parcela da população, acaba sendo a única alternativa para compras de bens de maior valor", afirma o economista.

Para quem precisa ao parcelamento, a recomendação do especialista é não se endividar acima da sua capacidade de pagamento. "Às vezes é preferível um prazo mais longo, mas que caiba no orçamento do mês", afirma.

Dicas para evitar e controlar gastos no Natal
Cheques Pré-datados
Peça que as datas dos cheques sejam adotadas no nota fiscal do produto. Em caso de depósito antecipado, o consumidor pode pedir ressarcimento ou até mesmo o valor em dobro.