Crise financeira internacional não esfria o ideal da casa pr?pria

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Crise financeira não esfria o ideal da casa própria Muitas bancos continuam mantendo as condições de financiamento
para investimentos habitacionais e a taxa de juros sem alterações


Daniele Gruppi
Repórter
07/11/2008

Crise no mercado financeiro internacional não esfria o ideal da casa própria dos juizforanos. Com a falta de dinheiro no mercado internacional, os bancos tendem a proteger mais os recursos, apertando o crédito. Entretanto, muitas instituições bancárias continuam mantendo as condições de financiamento para investimentos habitacionais e taxa de juros sem alterações.

A Caixa Econômica Federal (CEF), por exemplo, da previsão de R$ 99 milhões para 2008 no Sudeste Mineiro, investiu, até outubro, cerca de R$ 150 milhões. Com estes recursos regionais, 3.626 unidades já foram financiadas, beneficiando quase 15 mil pessoas. Dessas, 1.422 unidades foram financiadas com recursos FGTS e 2.204 com SBPE. Esse número significa um crescimento de 44 % no total contratado, em relação ao mesmo período do ano passado.

Se consideradas as faixas de renda, o crescimento de maior destaque é na faixa de até três salários mínimos. Do total financiado, 15% correspondem à baixa renda. Somada a faixa de até cinco salários mínimos, são 48% de unidades para baixa renda. A assessoria da Caixa informou que ainda há recursos para financiar mais de três mil unidades habitacionais em 2008, no Sudeste Mineiro.

O presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil de Juiz de Fora (Sinduscon/JF), Leomar Delgado, afirma que não houve ainda retração sensível no setor da construção civil. Nos últimos meses, o segmento foi um dos que mais cresceu no Brasil e em Juiz de Fora não foi diferente. Novos lançamentos de imóveis na cidade eram divulgados a todo momento.

Delgado afirma que os prazos de entrega dos empreendimentos estão mantidos. Ele afirma que as construtoras que estavam pretendendo anunciar lançamentos estão esperando pela estabilidade do mercado financeiro. "É possível que o segmento atravesse a crise tranqüilamente sem ser muito afetado", diz.

O corretor de imóveis Robson Rodrigues Carneiro também garante que o mercado imobiliário continua ativo na cidade. O economista Fernando Agra (foto abaixo), no entanto, afirma que os consumidores que querem adquirir a casa própria precisam ter cautela. "As pessoas devem esperar acalmar a situação antes da realização dos negócios."

Agra desaconselha recorrer a financiamentos para aquisição de casa própria e automóveis e recomenda evitar o cheque especial. "Só vale à pena buscar por financiamentos quem tem urgência e quem está com uma boa oportunidade em vista."

Para o economista, aqueles que possuem dinheiro na poupança devem deixá-lo por lá. O único investimento que indica é a Bolsa de Valores, mas para aqueles que não têm ou têm poucas ações. "Depende do perfil do investidor. Para uma aplicação como esta não se pode contar com o dinheiro para os próximos três, quatro anos. É preciso paciência. O valor das ações podem estar baixos, mas ainda podem cair mais."

Entenda a crise

Agra explica que a crise econômica têm origem no ataque às Torres Gêmeas, que gerou um clima de incerteza nos Estados Unidos, travando a economia. "As pessoas começaram a comprar menos desacelerando a economia."

Para reverter o quadro, o governo diminuiu as taxas de juros para estimular o consumo. Foi concedido crédito fácil a milhares de norte-americanos. Eles fizeram investimentos, gastaram o dinheiro e, quando as taxas de juros voltaram a subir, não tiveram como pagar, gerando a inadimplência. Se as dívidas não são pagas, os investidores podem perder o que aplicaram. "Como reflexo, muitos bancos começaram a falir, afetando a economia mundial."

O temor é que, com as taxas de juros subindo, as pessoas deixem de consumir, reduzindo o lucro das empresas e prejudicando a economia. O economista revela que já houve momentos críticos, mas não sabe se ainda haverá outros mais graves. "Vai levar tempo para a economia se recuperar."