Vende-se dinheiro
Mercado de empr?stimos pessoais cresce e aposta no cr?dito consignado para atrair pessoas que est?o precisando de
dinheiro
Ricardo Corr?a
Rep?rter
25/01/06
|
|
|
Clique no ?cone ao lado para ler algumas dicas da advogada do Procon,
Cl?udia Lazzarini e n?o ter problemas com empr?stimos pessoais
|
|
|
|
| |
|
"Vende-se dinheiro!" Poderia ser bem essa a placa de an?ncio de cada uma das
v?rias financeiras e institui?es que oferecem empr?stimo pessoal e que est?o
por toda a parte em Juiz de Fora. E n?o s?o s? lojas, s?o tamb?m vendedores
que ficam pela rua ? espera de quem passa para oferecer a oportunidade do
chamado "dinheiro na hora". Com a expans?o do cr?dito e o fim de algumas
exig?ncias, em um pa?s com juros nas alturas, emprestar dinheiro parece ter
virado um grande neg?cio e o n?mero de empresas dispostas a entrar no ramo ?
prova concreta disso. Experimente descer a rua S?o
Jo?o e repare: no pequeno trecho da Avenida Rio
Branco com a Batista de Oliveira ser?o sete financeiras, todas com dizeres
parecidos, como: "dinheiro na hora". Evite entrar em alguma delas mas ouse
n?o desviar de jovens uniformizados no meio da rua. ? praticamente
imposs?vel escapar de todos eles. Alguns at? de outras financeiras que nem
est?o localizadas nessa rua. O caso da rua S?o Jo?o ? emblem?tico. Mostra exatamente um quadro que se
estende por todo o pa?s. A oferta de dinheiro cresceu e o cr?dito pessoal
saltou para outro patamar. Segundo dados da Serasa, entre janeiro de 1999 e
julho do ano passado, esse ramo de atividade j? havia crescido 290%. Muito
por causa das chamadas opera?es de cr?dito consignado aquelas em que o
pagamento ? efetuado diretamente no momento do recebimento de um benef?cio.
Mas mesmo descontado o crescimento do cr?dito consignado, a varia??o no
cr?dito pessoal foi de 190% de 99 a 2005.
O fil?o do empr?stimo pessoal n?o ? aproveitado apenas pelas financeiras,
que disputam metro a metro os clientes na rua. Em outros ramos de atividade
o crescimento tamb?m apareceu. V?rias grandes redes de eletrodom?sticos, por
exemplo, agora tamb?m emprestam dinheiro para que seja gasto na pr?pria
loja.
Ganham duas vezes. Nos juros dos empr?stimos e na venda de seus produtos. ?
uma forma de ganhar no setor produtivo e tamb?m no setor financeiro, que
paga altos rendimentos devido ?s altas taxas de juros cobradas no pa?s.
Mesmo caminho seguem os bancos, montadoras de autom?veis e outros ramos de
atividade.
E para vender dinheiro n?o parece ser dif?cil. Com um povo endividado ou
cheio de sonhos como clientes, a estrat?gia ? convencer o consumidor que o
custo de uma antecipa??o de receita vale a pena. Na pr?tica, o dinheiro ?
como um produto que o cliente paga com os juros. Mas ? algo a se pensar bem,
pois ? como se voc? pagasse o produto e tivesse que devolv?-lo depois, j?
que, al?m dos juros, obviamente quem pede dinheiro emprestado precisar?
pag?-lo um dia.
Os juros s?o mais altos quanto mais possibilidades houverem de n?o
pagamento. Por isso no caso do empr?stimo consignado, que ? o que mais
cresceu nos ?ltimos tempos no Brasil, os juros s?o menores do que no
empr?stimo convencional. O nome "consignado" refere-se a um tipo de
empr?stimo em que o cr?dito ? concedido com desconto em folha de pagamento.
Por isso ? uma opera??o com risco relativamente baixo. Como o dinheiro ?
descontado automaticamente, a chance de haver um "calote" restinge-se ?
demiss?o de tal funcion?rio ou ? fal?ncia das empresas.
As financeiras monitoram esses riscos, o que explica o fato de os servidores p?blicos ou aposentados conseguirem empr?stimos consignados a
juros menores. Praticamente n?o existe risco de demiss?o e tamb?m n?o haver?
fal?ncia da empresa, porque neste caso ? o governo. ? nisso que apostam
muitos bancos e praticamente todas as financeiras. Linhas de cr?dito
especiais para camadas espec?ficas como essas. At? os bancos p?blicos fazem
isso e com juros bem menores do que os praticados nos empr?stimos
convencionais.
Poder de sedu??o
Propagandas em ?nibus, locais p?blicos, muitos panfletos distribu?dos pela
rua e placas sempre chamativas aliando dinheiro a pessoas felizes. Liga?es
telef?nicas, sites com simula?es de empr?stimo na internet. At? jornalzinho
especial para aposentados algumas delas fazem e distribuem. S?o as
estrat?gias que as financeiras utilizam para atrair aquele que precisa
quitar d?vidas ou quer fazer uma nova compra. Mas mesmo para resolver uma
quest?o de d?vida, o consumidor tem que estar atento pois, na pr?tica,
quando faz um empr?stimo com esse fim, apenas est? trocando d?vidas.
A quest?o dos juros neste caso ? a que vai pesar. Mas n?o ? s? isso. A
credibilidade da institui??o tamb?m vai fazer diferen?a. Principalmente em
um ramo de atividade que ? recheado de reclama?es de consumidores. O ano
mal come?ou e o Procon de Juiz de Fora j? registrou 27 reclama?es contra financeiras. Mais
de uma por dia. Pouco menos de 20% referem-se a problemas no contrato de
empr?stimo. O restante, meio a meio, ? dividido entre reclama?es referentes
? negativa de d?bito e renegocia??o de d?vidas. O crescimento das reclama?es veio junto com a expans?o do cr?dito,
principalmente a partir do final do ano passado. Por isso, em 2005 foram 195
reclama?es, n?mero alto, por?m bem abaixo da m?dia registrada nos primeiros
dias deste ano. A maior parte das reclama?es no ano anterior foram de
problemas no contrato e renegocia??o de d?vidas, que juntas superaram 70%.
As negativas de d?bito somara 20% as reclama?es e os problemas com retra??o
de juros outros 7,18%. As principais v?timas s?o pessoas mais idosas,
pensionistas, e pessoas com n?vel de informa??o menor, de acordo com o
Procon/JF.
Fique de olho
A sedu??o do dinheiro f?cil, r?pido e que parece resolver todos os
problemas, muitas vezes faz com que as pessoas percam de vista algumas
preocupa?es importantes que se deve ter na hora de fazer um empr?stimo. Por
isso, a advogada do Procon, Cl?udia Lazzarini, alerta para os cuidados que
precisamos ter antes de optar por uma alternativa como esta. Veja algumas
dicas da advogada para que ningu?m caia em uma armadilha na hora de fazer um
empr?stimo.
"Em primeiro lugar, a pessoa deve tomar muito cuidado com a informa??o. Ela
tem que ler o contrato de empr?stimo antes de assinar. Procurar e pesquisar
antes de fazer o empr?stimo. Olhar as taxas de juros, condi?es de
pagamento, n?mero de parcelas, valor das parcelas, se ? descontado em folha,
se? pago atrav?s de boleta"; "Por lei, o consumidor n?o pode comprometer mais do que 30% da remunera??o
com o pagamento de empr?stimos, no caso do empr?stimo consignado. Geralmente
as financeiras t?m acesso ao site do beneficio da pessoa, mas a pr?pria
pessoa tem que ter esse cuidado porque ? proibido por lei. O resto ? para
subsist?ncia da pessoa";
"? proibido realizar empr?stimo por telefone. O consumidor tem que ter
informa??o no local. N?o ? comum, mas algumas financeiras de menor porte at?
fazem esse empr?stimo por telefone"; "Dar todas as informa?es ? dever do fornecedor. Mesmo que o consumidor n?o
pergunte. Mas n?s aconselhamos. O contrato n?o pode ter letras muito mi?das,
principalmente nas cl?usulas limitativas"; "Benef?cios assistenciais n?o podem ser usados em empr?stimos. Pens?es de
deficientes e coisas do tipo. E tamb?m uma pessoa n?o pode fazer empr?stimo
no benef?cio de outra, principalmente nesses assistenciais. Tem que ser no
benef?cio da pr?pria pessoa"; "Os idosos, aposentados e pensionistas devem tomar cuidado com empr?stimo
consignado. Os juros baixos e o risco ? zero para as finaceiras, porque o
pagamento ? direto na folha de pagamento. Isso atinge muito os idosos, ent?o
eles t?m que ter informa??o, entender e tomar a decis?o depois"; "A melhor forma de agir ? primeiro perguntar tudo na institui??o, dentro do
banco ou da financeira. O consumidor n?o pode ter vergonha de perguntar. Se
n?o entender pergunta de novo.
E se de tudo n?o entender ou lhe for negada a informa??o, pegar o contrato e
vir at? o Procon que a gente d? a informa??o. Mas isso tem que ser antes de
assinar o contrato. Ele pode tirar as d?vidas pelo 156 que ? o telefone do
JF Informa??o, comparecer ao Procon na Avenida Independ?ncia, 992 (em frente
ao Col?gio Stella) ou nas sedes do S?o Pedro, Santa Luzia e Terminal de
Santa L?cia, na Zona Norte. Em mais de 90% dos casos n?s conseguimos
resolver o problema".
|