Facilidade de cr?dito contribui para aumento da inadimplência

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Cr?dito f?cil contribui para aumento da inadimpl?ncia Em Juiz de Fora s?o mais de 24 mil pessoas endividadas. Os cart?es fidelidade oferecidos por lojas t?m contribu?do para aumentar esse n?mero


Priscila Magalh?es
Rep?rter
21/05/2008

H? cerca de um ano e meio, a diarista Lidiane do Carmo Lima tinha uma d?vida de R$ 500 em um cart?o oferecido por um supermercado da cidade. "Eles oferecem estes cart?es como se fossem uma facilidade, mas eu acabei me enrolando", conta.

Ela utilizou o cart?o por pouco tempo e, no primeiro m?s que deixou de pagar a conta, n?o conseguiu mais se organizar. "Agora, nem sei quando vou conseguir acabar com essa d?vida. O pior ? que ela s? vai crescendo", lamenta.

Existem v?rios casos como o de Lidiane e os n?meros s? v?m crescendo, porque a maioria das grandes lojas, sejam elas de departamentos, de roupas, eletrodom?sticos ou m?veis, v?m oferecendo, com facilidade, cart?es de cr?dito aos seus clientes.

N?meros da C?mara de Dirigentes Lojistas de Juiz de Fora (CDL-JF) mostram que, de janeiro a abril deste ano, cerca de 24.500 pessoas foram registrados como inadimplentes, na cidade. O n?mero ? maior que o de 2007, quando 24.320 registros foram efetuados, no mesmo per?odo.

"H? uma facilidade muito grande em adquirir esses cart?es fidelidade. O cr?dito est? muito acess?vel, o que gera problemas, como o endividamento", explica o superintendente da CDL, Carlos Fernandes.

Al?m da dificuldade em pagar a d?vida, os consumidores reclamam da forma como ela ? renegociada pelas operadoras.

Segundo Lidiane, a operadora do seu cart?o tem entrado em contato e oferecido possibilidades para sanar a d?vida, mas ela percebe que h? um aumento muito grande no valor e prefere ficar sem pagar. "Eles dividem o valor que devo em v?rias presta?es. Com isso, percebo que o valor que devo aumenta muito".

A advogada do Procon, Marilda Machado de Melo, diz que oferecer estes cart?es ? um ato l?cito e alerta para o fato de serem cart?es de cr?dito, como um outro qualquer. A diferen?a ? que eles n?o s?o oferecidos diretamente pelas operadoras, mas pelas lojas. Estas ?ltimas fazem o interm?dio entre as administradoras e o consumidor.

Por isso, as respons?veis pelas transa?es, pela cobran?a dos encargos e pelas regras da presta??o do servi?o s?o as operadoras de cr?dito, as financeiras ou os bancos. "? um cart?o de cr?dito normal, com raras exce?es de algumas lojas que transformam seu credi?rio em cart?o de cr?dito, ou seja, sem intermedi?rios".

Assim, os consumidores v?o pagar taxas de juros preestabelecidas, em caso de atraso no pagamento, e uma anuidade, na maioria dos casos. Para fugir das d?vidas, a dona de casa Gl?ucia Cangussu Nicolis, prefere n?o usar os cart?es. "Tenho dois: um de uma loja e outro de um supermercado, mas prefiro n?o usar".

Segundo ela, eles s?o um incentivo ao endividamento, opini?o tamb?m de seu marido, o eletrot?cnico S?rgio Nicolis. "Como j? temos o cart?o de cr?dito n?o usamos os outros", diz ele. "Com eles, acabamos fazendo v?rias conta pequenas e depois ? dif?cil pagar", completa ele.

Procon faz o alerta

A advogada do Procon diz que o mais importante ? o consumidor estar ciente de todos os detalhes do contrato, principalmente, taxa de juros e valor da anuidade. O contrato s? deve ser assinado depois que todas as d?vidas forem solucionadas. Por isso, o conselho ? para que os consumidores levem o contrato ao ?rg?o de defesa do consumidor, antes de assin?-lo, para n?o ter d?vidas.

"Ap?s isso, ? que ele vai decidir se assina, ou n?o. Mas deve estar claro que esses cart?es s?o oferecidos pelas administradoras de cr?dito. As lojas apenas fazem o interm?dio",completa ela.