Comerciantes apostam em variedade e qualidade para superar queda na febre das lojas de R$ 1,99
Comerciantes apostam em variedade e qualidade para superar queda na febre das lojas de R$ 1,99Produtos em lojas de utilidades em geral têm preços variando entre R$ 0,50 e R$ 250. Aumento no preço de compra e no custo de importação justifica a mudança de foco
*Colaboração
6/4/2011
O valor fixo de R$ 1,99 em todos os produtos não tem sido mais o foco das lojas de utilidades domésticas e miudezas. Isso porque, segundo comerciantes, nos últimos anos, a febre das lojas de R$ 1,99 diminuiu. Lojistas apontam o aumento dos preços dos produtos e do custo de importação como principal fator para a mudança de foco. A alternativa encontrada foi apostar na variedade de produtos para continuar atraindo os consumidores.
Segundo a auxiliar administrativa de uma loja de utilidades Suellen Cristina de Souza, as antigas lojas de R$ 1,99 apostam, hoje, na venda de produtos como brinquedos, utilitários para o lar, enfeites, entre outros. No entanto, elas deixaram de vender com um valor fixo. Na loja em que Suellen trabalha, os preços variam de R$ 0,50** a R$ 34,90**.
Em outro estabelecimento, o gerente Alexandre Masson, explica que os consumidores buscam diversidade, produtos baratos e com qualidade. "Investimos em diferentes produtos, porque é o que o consumidor procura." No local em que Masson trabalha, a variação de produtos vai de enfeites para casa, que podem sair a partir de R$ 0,50**, até arranjos de flores, que podem custar R$ 250**.
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Aumento no preço
Masson afirma que o aumento no custo dos produtos provocou a mudança de foco e a queda na febre por lojas de R$ 1,99. "Um pote de cozinha, que era vendido nesse valor, hoje em dia, chega a custar R$ 4 para o proprietário da loja. Fica impossível continuar vendendo a R$ 1,99." Masson comenta que o custo de importação de alguns produtos e os impostos cobrados geraram esse crescimento. "Temos impostos muito altos no país e no Estado, que tornam o produto muito caro. Além disso, existe o aumento natural no preço das mercadorias."
Ele acredita que é possível existir uma loja que venda produtos a R$ 1,99, mas afirma que o leque de mercadorias seria altamente restrito e, em alguns casos, de menor qualidade. "Para continuar com uma loja nesse estilo, o comerciante vai trabalhar com pouquíssimas opções e não vai poder acompanhar a concorrência. Produtos de qualidade e variedade custam mais."
Atacado
Outra alternativa encontrada por lojas de utilidades para continuar vendendo barato, mas mantendo a qualidade, é a venda no atacado. Suellen explica que o estabelecimento, no Centro, vende produtos para outros, localizados em bairros. "A venda no atacado é uma alternativa, que sai barata para todos. Nós ganhamos, vendendo o produto em grande quantidade e o outro comerciante ganha, comprando por um preço mais baixo." Suellen aponta que a compra no atacado é mais vantajoso ainda em casos de compras escolares e para realizações de festas e eventos.
Consumidor
Para os comerciantes, as mudanças fizeram com que os consumidores continuassem buscando esse tipo de loja. De acordo com o gerente de uma loja de utilidades, Paulo Sérgio da Silva, mulheres de classe média são as principais compradoras. "Creio que 90% dos consumidores sejam mulheres de classe média." Segundo ele, homens compram em ocasiões especiais, como datas comemorativas, e, principalmente, presentes.
A dona de casa Maria Auxiliadora da Encarnação afirma que, frequentemente, procura enfeites e produtos de utilidades para o lar nessas lojas. "Compro desde a época do R$ 1,99. Hoje os produtos aumentaram, mas ainda estão baratos. Sempre que posso venho ver o que tem de novidade para poder comprar. Ainda é muito vantajoso." Vanir dos Santos, também dona de casa, é outra consumidora constante. "Paro na loja para ver o que tem de bom e com preço acessível. Mas é importante analisar os preços em outros estabelecimentos, porque há diferença."
*Victor Machado é estudante do 7º período de Comunicação Social da Faculdade Estácio de Sá
**Os valores foram pesquisados em abril de 2011
Os textos são revisados por Thaísa Hosken