Plantas medicinais são oportunidade de negócio para agricultores familiares
Repórter
Minas Gerais apresenta solo favorável ao plantio de espécies diversas, incluindo as que podem ser utilizadas com finalidade terapêutica. Somado a isto, o número de famílias que sobrevivem da agricultura familiar no Estado é grande.
Entretanto, de acordo com o professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal de Viçosa (UFV), João Paulo Viana Leite, para unir o grau de produtividade do solo local e a necessidade de subsistências dessas famílias, é necessário que haja consolidação da cadeia produtiva para que o retorno ao produtor esteja garantido.
"Diferentemente do mercado hortifrutigranjeiro, quando o agricultor não tem definido o seu mercado consumidor e, ainda assim, há certeza de repasse, no caso das plantas medicinais, é preciso haver planejamento, saber para onde o produto será repassado e qual será a margem de lucratividade, para que não haja possibilidade de prejuízo."
Com a criação, no ano passado, pelo Ministério da Saúde (MS), do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, que prevê o acesso da população usuária do Sistema Único de Saúde (SUS) a plantas medicinais e fitoterápicos, a perspectiva é de que a demanda cresça significativamente, passando o SUS a ser um dos compradores da produção.
Outro possível mercado deverá ser aberto a partir da criação do programa Componente Verde, que integra a rede Farmácia de Minas, da Secretaria de Estado de Saúde (SES). A previsão é que o projeto possibilite o acesso dos usuários do SUS a produtos como plantas medicinais in natura, plantas secas, fitoterápicos manipulados, fitoterápicos industrializados e medicamentos homeopáticos.
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"Com a absorção da fitoterapia pela atenção primária à saúde, temos a formação da cadeia, que tem início no agricultor familiar, passando pela indústria farmacêutica, até chegar ao paciente do SUS", explica Leite, destacando a necessidade da adoção de critérios, além da pré-definição do mercado, que influencie diretamente no retorno financeiro.
"A qualidade do produto a ser comercializado inclui a necessidade de laudo de certificação; a atenção aos componentes ativos presentes na planta, assim como sua quantidade; a verificação da qualidade microbiológica, que prevê a não contaminação do produto; além da correta manipulação. Diante disso, o produtor precisa se preparar", salienta o professor.
Segundo Leite, existem espécies que apresentam características mais promissoras, como é o caso da ipeca, usada para combater problemas relacionados ao aparelho respiratório. "É uma espécie muito procurada e tem grande potencial na região da Zona da Mata, até mesmo porque é nativa do bioma Mata Atlântica."
O professor lembra, ainda, que, entre as plantas produzidas mais comumente na região, estão espécies da aroeirinha, usada para cicatrização, problemas respiratórios e tratamento de úlceras; alcachofra, que auxilia na digestão; além do maracujá, do guaco e da espinheira santa.
Evento
No próximo sábado, 20 de novembro, será realizado o 1º Seminário de Plantas Medicinais do Território Rural Serra do Brigadeiro. O evento, organizado pela UFV e pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), regional Zona da Mata, é destinado a agricultores familiares e servidores da área de saúde da região.
O objetivo é abordar temas relacionados à produção e à comercialização das plantas medicinais, além de elaborar um plano de ação para a introdução da fitoterapia como terapia complementar no SUS. O seminário tem início às 8h40 e prossegue até as 17h, no Centro Cultural de Rosário da Limeira, microrregião de Muriaé.
Os textos são revisados por Thaísa Hosken
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