Cvão Kellab
O ator juizforano solta o verbo!
T?mara Lis
13/05/03
O ?ltimo trabalho deste juizforano foi o personagem Marcelino em "A Casa das Sete Mulheres", da Rede Globo. Agora ele se prepara para fazer uma participa??o na novela Kubanacan. Mas o gosto pelo teatro ele adquiriu aqui na cidade, quando ainda pequeno participou das apresenta?es teatrais do TIA (Teatro Infantil da Academia). Em entrevista exclusiva, por telefone, ao Portal JF Service/ACESSA.com, Cr?o Kellab fala de seus projetos e conquistas. Confira!
JF Service - Hoje as portas j? se abrem com uma certa facilidade para voc?. A participa??o em algumas novelas e comerciais deixa as coisas mais f?ceis. Mas o in?cio de carreira ? sempre mais complicado. Como voc? come?ou?
Cr?o Kellab - O come?o da minha carreira n?o foi nada f?cil. Morei durante dois meses em um banco de rodovi?ria do Rio de Janeiro. Fui para l? apenas com o sonho de me tornar um ator reconhecido mas sem nada certo. Foi na rodovi?ria que conheci o Andr? Gon?alves (ator) que morava em uma favela l? perto e vendia ?gua na rodovi?ria. Ficamos amigos e estamos atualmente trabalhando juntos na montagem de uma pe?a teatral.
JF Service - Al?m da pe?a que outros trabalhos voc? est? realizando?
Cr?o Kellab - Atualmente, viajo pelo pa?s dando cursos de interpreta??o para TV. Inclusive
devo chegar com este curso, em Juiz de Fora, em junho junto com
Paulo Vilhena e Cl?udio Corr?a e Castro. Tamb?m tenho projetos com moda e
assist?ncia de dire??o em comerciais.
JF Service -
Mas n?o podemos conversar com voc? sem falar de seu trabalho na miniss?rie "A
Casa das Sete Mulheres" da rede globo. Como foi o trabalho em uma
superprodu??o? Cr?o Kellab - Foi ?timo trabalhar com o Jaime Monjardim. O texto ? ?timo e foi f?cil
trabalhar, porque o elenco j? era amigo fora do trabalho. N?o tinha
estrelas, era um belo ping-pong todos jogando a bola um para o outro. Era
cansativo fisicamente porque pass?vamos dias envolvidos na grava??o, fazendo
cenas de luta, andando a cavalo. Mas o relacionamento era muito bom entre
todos: c?meras, produ??o, contra-regra. A Casa das Sete Mulheres foi
uma d?diva de Deus para a televis?o brasileira.
Cr?o Kellab - Sim! Estou sendo filmado quando acordo escovo os dentes, as minhas sa?das
para dan?ar, as coisas que gosto de fazer. Outras personagens do filme s?o
Vera Loyola, Camila Pitanga e o Jonathan que fez Cidade de Deus. Neste filme
estou trabalhando tamb?m como assistente de dire??o.
Cr?o Kellab - Gosto de dan?ar, praticar esportes, adoro movimento. N?o abro m?o de me
exercitar. Eu amo vida noturna mas tenho muito medo porque trabalho com a
imagem. Ent?o tenho que cuidar muito bem de onde vou. Vim para o Rio com o
prop?sito de fazer uma carreira e n?o de fazer sucesso. E isto ? mais
delicado. Eu n?o quero ouvir dizer "eu conheci o Cr?o que fez a pe?a tal".
Cr?o Kellab - O meu maior sucesso no teatro
foi a "Gaiola das Loucas", com Jorge D?ria. Eu sou um cara de teatro, no palco
? que me sinto em casa. Em Juiz de Fora fazia parte do Tia - Teatro Infantil
da Academia. Eu n?o estou fazendo o que fa?o por ego. Quero ser famoso sim!
Mas pelo meu trabalho.
Cr?o Kellab - Quando fiz a "G Magazine" tive que pensar muito. Tive medo de ter problemas
com a minha imagem. Al?m do mais n?o sou um cara forte, malhado. Mas o
convite veio na ?poca que a revista ainda era uma pol?mica, era novidade e
isto me excitou um pouco. Fique indeciso mas a Ingra Liberato (atriz) e a
Luciana Mello (cantora) me incentivaram. Conversei com o Matheus Carrieri
e com o Vampeta que j? haviam posado para a revista e eles tamb?m me
incentivaram. Naquela ?poca a "G Magazine" tinha um glamour parecido com o da
Playboy. Financeiramente era legal e eu fiz. Mas tive a preocupa??o com o que
estava fazendo. Sa? do meu caminho, mas com a mesma qualidade que cuido da
carreira cuidei das fotos. Acompanhei todo o trabalho. Cr?o Kellab - Em Juiz de Fora eu n?o me escondo. Gosto de festa em casas de amigos, de
andar de bicicleta, tento ser o mais normal poss?vel. Meu pai tem uma
peixaria, a Peixaria S?o Mateus. Eu estava em Juiz de Fora na Semana Santa
e aproveitei que estava de bicicleta e fui fazer uma entrega para a peixaria
do meu pai. A senhora que me recebeu me reconheceu e ficou tensa. N?o me
perguntou quem eu era, mas eu vi que ela me reconheceu, ficou cheia de
aten??o, me ofereceu caf?, ?gua.... Quando estou em Juiz de Fora vou aonde meus amigos me levam. Vou muito ao
Privill?ge, mas gosto tamb?m de ir a lugares novos, de ter contato com o povo.
J? fui at? em baile funk. Gosto do contato com as pessoas humildes.
Cr?o Kellab - Sempre fui uma pessoa que
nunca ligou muito para o preconceito. Fui capa da revista Ra?a Brasil duas
vezes, contra-capa da Capricho, capa da G Magazine e isto marcou muito para
a comunidade negra. Sem falsa mod?stia, eu sei que sou refer?ncia para a
comunidade negra. Em Juiz de Fora, eu tinha um preconceito comigo mesmo,
com a minha negritude, achava que para ser aceito tinha que adotar os
padr?es europeus. Quando cheguei ao Rio de Janeiro eu tive um choque de
cultura. Hoje eu me assumo e uso cabelo black power.
Para fazer o Didi, no filme Garrincha, uma estrela solit?ria cortei o
cabelo e pintei de preto. Agora meu cabelo est? largado. Eu me expresso
muito no cabelo e n?o tenho que raspar o meu cabelo porque ele n?o ? ruim.
Sou descendente de negros com ?ndios e meu cabelo n?o podia ser
diferente. Aproveito o meu espa?o e tenho esta responsabilidade com a
popula??o negra.
Cr?o Kellab -
? bom estar falando estas coisas para voc?, porque em Juiz de Fora n?o sou convidado
a falar sobre o meu trabalho. Vou a? sempre mas n?o sou convidado para fazer
muitas coisas, nunca ouviram estas coisas antes de mim porque nunca me
perguntaram. As pessoas n?o t?m no??o do meu trabalho no Rio de Janeiro.
N?o h? um reconhecimento por parte da cidade. Tem at? programas de TV que
chamam os meus amigos todos aqui do Rio quando v?o para a? fazer alguma
coisa, mas comigo nunca agendam nada. Sempre dizem: vamos fazer, vamos
marcar, mas n?o marcam nada! Por isso mesmo, algumas pessoas de Juiz de Fora
acham que eu sou do Rio de Janeiro, nem sabem que sou da cidade. Sinto muito
por isso!
JF Service - Voc? ainda tem contrato com a
emissora? J? tem algum outro projeto em vista na TV?
JF Service - Este document?rio faz lembrar um reality-show?
JF Service - Quem assistir ao filme ent?o vai poder conhecer um pouco mais de voc?, do
que gosta de fazer, dos lugares que freq?enta... Quais s?o seus passatempos
preferidos?
JF Service -
Por falar em pe?a, voc? tamb?m j? andou fazendo sucesso no teatro, n?o ??
JF Service -
Voc? comentou sobre o cuidado com sua imagem. Voc? j? foi capa da "G
Magazine" posando nu. Voc? n?o teve medo que este tipo de exposi??o pudesse prejudicar
a sua imagem ou afetar os trabalhos que voc? desenvolve para a ag?ncia de
modelos?
JF Service -
Quando voc? est? em Juiz de Fora que lugares gosta de freq?entar?
JF Service -
Voc? tem um sonho que ainda n?o realizou?
JF Service -
Os negros no Brasil ainda enfrentam muitos preconceitos. Voc? sofreu muito
com a discrimina??o?
JF Service - Um ?ltimo recado: