L?via Lucas
A int?rprete de m?sica popular brasileira e black music fala sobre a ainda ascendente carreira no circuito cultural de Juiz de Fora
Marcelo Miranda
Rep?rter
11/04/2006
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M?sica, engajamento, m?sica, jornalismo, m?sica, m?sica. Grosso modo, ? assim que se pode definir o cotidiano da jovem L?via Lucas. Aos 23 anos, a garota ? figurinha cada vez mais ascendente no cen?rio cultural de Juiz de Fora, com shows marcados constantemente, passagens por v?rios projetos e bandas e a conscientiza??o de estar n?o apenas oferecendo sua voz ao p?blico, mas id?ias sobre a import?ncia hist?rica da ra?a negra.
"Minha vontade pessoal de conhecer a relev?ncia e a trajet?ria no negro na sociedade me fez seguir um caminho em que uso meus pr?prios anseios sobre essa quest?o nos projetos musicais", conta L?via, que fala abertamente sobre cotas, negritude, consci?ncia negra, preconceito, pol?ticas de a??o afirmativa. "Sou muito interessada nesses temas".
Mas o que mais a interessa ainda ? mesmo a m?sica. L?via n?o veio de fam?lia cantante, mas o pai a levou para cantar num coral quando ela era pr?-adolescente. Foi ali que sua voz come?ou a se aprimorar, tamb?m gra?as a aulas paralelas. "Antes disso eu sempre gostei de cantar em casa e j? tinha montado uma bandinha na escola, mas nada s?rio. Foi no coral que me apresentei em p?blico pela primeira vez", relembra.
Por conta dos estudos, L?via precisou largar o coral e as aulas de t?cnica vocal. Dedicou-se ao vestibular e foi aprovada em Jornalismo em 2001. Ficou um ano e meio desligada do universo musical, mas n?o aguentou mais que isso. "Na faculdade, montei uma banda que tocava apenas vers?es de m?sicas famosas no ritmo de bai?o", diz. A experi?ncia com o xote durou pouco, menos de seis meses. Foi o suficiente para ela ser vista pelo violonista Fabiano Teixeira e convidada a participar do grupo Sodac?stica, cuja proposta era apresentar sons ac?sticos de pop, rock e MPB.
O Z? do Black "Fiquei carente", brinca L?via. N?o por muito tempo: na mesma ?poca, ela
estava inserida no grupo Z? do Black, no qual era vocalista, seguia o
objetivo de difundir a m?sica negra e vestia trajes tipicamente afro.
"Fiquei apaixonada pela id?ia e pelo agito da banda desde o come?o".
Paralelamente, a ainda estudante fez parceria com outro violonista,
Marlos Vin?cius, com quem tocava MPB. Assim, L?via Lucas se encontrou
numa situa??o inusitada. "Meu trabalho ficou bem mais fino, com repert?rio sofisticado. Mas tocar com
o Marlos e com o Z? do Black eram experi?ncias completamente opostas. Eu
precisava mudar tudo, desde o pique nos palcos at? o timbre de voz, tudo de
um dia para o outro", descreve. L?via acabou desenvolvendo um edema nas
cordas vocais por excesso de esfor?o, o que a obrigou a abrir m?o de
uma das duas vertentes at? ali seguidas. J? que o Z? do Black lhe exigia
muito mais esfor?o da voz, sofridamente ela optou por sair do grupo. "Meu
?ltimo show com eles foi no Muzik, em novembro de 2005. Chorei demais no
camarim", diz. Projetos Sobre cantar m?sicas pr?prias, a mo?a desconversa: "at? j? escrevi algumas
coisas, mas n?o tenho coragem de mostrar, por enquanto. Sou uma
int?rprete". L?via formou-se na faculdade no ano passado. Quer fazer
carreira no jornalismo, sem que precise deixar a m?sica. No aparelho de som,
n?o deixa de fora os nomes de quem ? f?o assumida: Elis Regina, Beth?nia,
Djavan, Jorge Ben, Tim Maia, Vin?cius de Moraes (em especial os afro-sambas
do poeta), Baden Powell, Mundo Livre SA, Seu Jorge e dezenas de outros mais. Atualmente, d? prioridade ? parceria com Marlos Vin?cius - inclusive
inserindo nos shows composi?es afro-brasileiros - e participa de projetos
para os quais ? convidada. O pr?ximo ser? uma homenagem a Chico
Buarque (um
de seus maiores ?dolos), junto com o colega Paulinho Jones. Ali?s, L?via mal
sabia do assunto ao ser perguntada pelo rep?rter da ACESSA.com. "Ouvi algo
sobre isso, mas n?o t? sabendo de nada! Me d? o telefone do Paulinho a? pra
eu falar com ele...". Minutos depois, seu celular tocou. Era Paulinho Jones,
justamente avisando do show que ambos fariam juntos. "Puxa, que sorte que
voc? trouxe", brincou, ap?s o telefonema.
A tristeza precisou durar pouco. No mesmo ano, L?via teve aprovado no
Pr?-M?sica o projeto "M?sica Mulata Brasileira", que come?ou a
apresentar cidade afora num show de repert?rio variado (Gilberto Gil, Marku
RIbas, Clara Nunes, Edu Lobo, Djavan, Elis Regina, Maria Beth?nia) em que
todas as m?sicas deveriam necessariamente tocar na quest?o do negro.