Nasa volta a tentar lançar missão Artemis I no sábado (3)
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após analisar exaustivamente os dados de sua primeira tentativa de lançar a missão lunar não tripulada Artemis I, a Nasa remarcou o lançamento para este sábado (3), a partir das 15h17 (de Brasília).
Alguns problemas marcaram o esforço original, na última segunda-feira (29), que acabou interrompido com o cronômetro parado em T-40 minutos para o lançamento. Durante o abastecimento do foguete gigante SLS, foram detectados pequenos vazamentos de hidrogênio líquido, combustível usado pelos dois estágios do foguete, mas nada que impactasse a segurança, a disponibilidade de propelente ou o abastecimento completo do veículo.
O que de fato interrompeu a contagem foi uma dificuldade para resfriar um dos motores do primeiro estágio. Para lidar com os propelentes ultrarresfriados, esses quatro motores RS-25 (os mesmos que eram usados nos ônibus espaciais) precisam ter sua temperatura baixada a -251° C antes do acendimento. O procedimento de resfriamento se dá fazendo fluir hidrogênio líquido pelo motor, o que os técnicos chamam de sangria.
Durante essa atividade, na contagem regressiva, os sensores de engenharia instalados para monitorar isso indicaram que o motor 3 não estava se resfriando adequadamente. (Na verdade, depois a agência revelou que os quatro sensores apontaram temperaturas acima da esperada, mas em três dos motores, muito próximas do ideal; apenas no motor 3 a indicação de temperatura era alta demais.) Após realizar procedimentos para tentar solucionar o caso (o que envolveu até mesmo fechar a sangria dos motores 1, 2 e 4, deixando fluir hidrogênio apenas no motor 3), a agência espacial americana decidiu jogar seguro e adiar o lançamento.
Desde então, as equipes trabalharam dia e noite para entender o que estava acontecendo. Também foram efetuados, na plataforma 39B do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, pequenos ajustes para prevenir os vazamentos sutis detectados na primeira tentativa. E a conclusão a que a Nasa chegou é que os sensores de engenharia que estavam dando uma falsa leitura, e os motores de fato foram resfriados à temperatura ideal. Durante coletiva realizada na quinta-feira (1º), a agência espacial americana demonstrou grande confiança nisso, a partir de outros dados de sensores e de uma análise detalhada do processo físico envolvido no resfriamento dos motores ?que, além disso, são muito bem caracterizados, após três décadas de experiência com eles durante o programa dos ônibus espaciais (1981-2011).
Claro, a solução desses engasgos iniciais não é garantia de sucesso para o sábado. Outros problemas técnicos podem aparecer na retomada da contagem regressiva, bem como dificuldades com a meteorologia. Mas a previsão do tempo sugere boas condições para o esforço. A estimativa dos meteorologistas da Força Espacial é de que a janela se abre às 15h17 com 60% de chance de sinal verde para o lançamento. Com o avançar da janela, que se fecha às 17h17, a probabilidade se eleva para 80%.
Com a mudança de data, contudo, há modificações no perfil da missão lunar, que levará uma cápsula não tripulada (mas com dois manequins) a uma órbita retrógrada lunar distante (que fará da Orion lançada na missão Artemis I o veículo destinado a transportar humanos que voou mais longe até hoje, chegando a estar a quase meio milhão de quilômetros da Terra). Prevista originalmente para durar 42 dias, caso o lançamento tivesse acontecido na segunda-feira, ela agora deve durar 37 dias, se partir no sábado. Ao final, a Orion fará uma amerissagem no oceano Pacífico, auxiliada por paraquedas.
Se tudo correr bem, a Nasa espera lançar foguete e cápsula similares novamente em 2024, desta vez transportando os primeiros humanos a irem às imediações da Lua desde a missão Apollo 17, realizada pela mesma agência espacial em dezembro de 1972.