Prefeitura começa a cercar praça Princesa Isabel, no centro de SP
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Pequenos muros estão sendo erguidos no entorno da praça Princesa Isabel, em Campos Elíseos, na região central da capital paulista. O local, que foi transformado em parque após a expulsão, em maio, dos dependentes químicos da cracolândia que haviam se fixado ali, agora será cercado.
Os muros, segundo informou a Prefeitura de São Paulo, serão usados como base de sustentação para as grades que serão instaladas no local. O cercamento estava previsto no projeto de lei que transformou a praça em parque, aprovado pela Câmara Municipal em junho e sancionado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB).
A praça Princesa Isabel sempre foi aberta, sem barreiras, e chegou a ser revitalizada pela iniciativa privada em 2018. Mas em março deste ano começou a receber o fluxo --nome dado à concentração de dependentes químicos-- da cracolândia, que havia sido retirado do entorno da praça Júlio Prestes, a cerca de 300 m dali.
A cracolândia na praça durou cerca de dois meses. No dia 11 de maio, uma megaoperação conjunta entre a Polícia Civil e a Prefeitura de São Paulo expulsou o fluxo da Princesa Isabel.
Na ação, cinco pessoas foram presas, incluindo duas que já eram procuradas, informou a polícia. As outras três foram pegas em flagrante por tráfico de drogas. Houve apreensão de crack, tijolos de maconha, 19 balanças de precisão, facas e ao menos duas armas falsas.
Com a expulsão, os dependentes químicos se espalharam pelas ruas do centro, situação que se manteve. Atualmente, a maior concentração de usuários está na rua Helvétia, entre a avenida São João e a alameda Barão de Campinas.
A dispersão de usuários é motivo de reclamação dos moradores da região, que relatam feira de drogas ao longo do dia, barulho, brigas entre os dependentes químicos e sujeira.
Gradis móveis e equipes da GCM (Guarda Civil Metropolitana) impedem que dependentes químicos e moradores de rua voltem a ocupar a praça Princesa Isabel.
O padre Julio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua, criticou a cerca, a qual classificou como higienista.
"É uma forçada de barra. O próximo passo é privatizar e cobrar entrada? Não tem característica de parque. O que tem ali para ser cercado? É uma característica de aversão aos pobres. Ali não tem uma vegetação que precisa ser preservada, não tem fonte, não tem entretenimento importante para ser cercado", disse.
A praça tem uma área de 16,6 mil m² e é delimitada pelas avenidas Duque de Caxias e Rio Branco e pelas ruas Helvétia e Guaianases.