Francês é suspeito de aplicar golpe milionário em estrangeiros no Rio

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Um francês suspeito de aplicar golpes em estrangeiros com a promessa de uma "vila exclusiva" para eles no Brasil é investigado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro e pode ser extraditado do país.

Segundo as investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Pascal Treffainguy teria embolsado pelo menos R$ 1 milhão de conterrâneos com a promessa da abertura de um projeto ecológico em um terreno do bairro de Guaratiba, na zona oeste do Rio de Janeiro.

Após firmarem contratos e receberem documentos com projeções da construção, porém, os franceses não viram os resultados prometidos por Pascal nas investigações.

"Quando a gente chegou ao Brasil, a gente pensou que já iria encontrar uma estrutura comercial na região, como um restaurante. A gente pensou, também, que o terreno teria sido de fato comprado, que a nossa casa ficaria pronta em 2021, mas, na realidade, hoje não existe nem o terreno, muito menos o condomínio", afirmou o aposentado Raymond Witkowski, em entrevista ao Fantástico.

A assistente social Muriel Magnet, que contou que investiu ? 50 mil (equivalente a R$ 250 mil) no projeto para morar na vila, também prestou queixa contra Pascal e chegou a se mudar para o Brasil para esperar a obra ficar pronta.

"Cheguei em 17 de fevereiro de 2021. O objetivo era juntar dinheiro ao mesmo tempo em que iam rendendo os investimentos dos outros franceses", afirmou.

Desconfiando do golpe, o grupo de franceses pediu o dinheiro de volta e iniciou uma investigação própria sobre quem era Pascal.

Eles descobriram que o homem chegou a ser condenado à prisão perpétua por suspeita de mandar matar o companheiro, 25 anos mais velho do que ele, sendo absolvido por falta de provas quatro anos após a detenção.

Eles descobriram, ainda, que o homem tinha chegado ao Brasil em 2015, após conhecer um brasileiro na França e se casar com ele, criando um canal em francês para falar sobre a vida no país latino.

Por meio deste canal, ele criou uma plataforma para "recrutar" os conterrâneos e vender a ideia da "terra prometida" no Brasil.

Ameaças

Os dois franceses que conversaram com o "Fantástico" afirmaram que passaram a ser intimidados pelo homem após pedirem o dinheiro de volta e iniciarem as investigações independentes sobre o homem.

Muriel contou que ela foi até a casa dela para fazer as ameaças pessoalmente.

"Ele tinha um crachá do consulado francês e se apresentou ao porteiro querendo falar comigo. Foi agressivo e pelo interfone me disse: 'você queria meu perdão, mas não vou te perdoar. As consequências chegarão rapidamente. Desde então, não me sinto segura", afirmou.

Raymond, por sua vez, abriu um processo por calúnia contra Raymond, afirmando que ele o acusou de cometer crimes e fazer parte de uma rede internacional de pedófilos no Brasil.

Segundo o Fantástico, pelo menos 17 inquéritos estão abertos contra o francês no Brasil, entre eles, importunação sexual, injúria e preconceito. Há contra ele, também, um processo de extradição aberto após o término do casamento dele com o brasileiro que conheceu na França.

"Isso nos faz entender que existe uma tendência criminosa nos seus comportamentos", afirmou o delegado da PCERJ (Polícia Civil do Rio de Janeiro), Luís Maurício Armond, ao Fantástico.

Segundo ele, em um breve levantamento, a polícia estimou que mais de R$ 1 milhão foi investido pelo grupo de franceses nos negócios inexistentes no Brasil.

Ao Fantástico, o homem não se posicionou sobre a denúncia, mas disse que "está escondido após sofrer uma tentativa de homicídio".